Capítulo 15

Hoje deveria ser o dia mais feliz para Damon, ele finalmente havia conseguido se casar novamente com Ilán, seu ex-marido. Mas enquanto Damon aproveitava o momento com um sorriso nos lábios, Ilán sentia seu peito se comprimir sob o peso da situação. Ele havia concordado em se casar novamente, não por amor, mas pelo desespero de salvar seu filho, Gio. O nó em sua garganta era constante, como uma armadilha da qual ele não podia escapar.

O casamento, embora planejado às pressas, havia sido luxuoso e ostensivo. Os convidados lotavam o salão, parabenizando o casal com sorrisos e palavras doces, mas para Ilán, tudo era uma névoa distante. Seus feromônios, carregados de angústia, se misturavam com o ambiente, criando uma tensão que só ele parecia notar. Os poderosos feromônios de Damon, um Alfa dominante, enchiam o salão com um aroma profundo e acolhedor, tentando acalmar o ambiente. No entanto, para Ilán, aquele aroma só o lembrava da jaula na qual estava preso.

Quando finalmente chegaram ao quarto, Gio, com sua energia habitual, correu em direção a eles.

—Papai! —gritou animado—. Estou tão feliz que você e o papai estão juntos de novo!

Gio sabia que seus pais haviam se separado, mas explicaram a ele que agora estavam juntos para ajudá-lo a se curar. Para o pequeno, a doença que ele tinha não era mais que um motivo para uni-los novamente, e isso o fazia se sentir sortudo, embora não compreendesse totalmente a gravidade da situação.

—Você está feliz, Gio? —perguntou Ilán, forçando um sorriso enquanto acariciava suavemente a cabeça do filho.

Gio assentiu com entusiasmo, seus olhos brilhando de alegria.

—Sim! —respondeu, abraçando o pai—. Agora vou ter vocês dois comigo. O papai disse que vai brincar comigo e que vai dormir do meu lado. É verdade, papai?

Damon, sorrindo, assentiu enquanto uma leve onda de seus feromônios calmantes enchia o quarto, tentando estabilizar a ansiedade latente de Ilán.

—Está tarde, campeão. Vamos dormir —disse Damon, pegando o filho nos braços e levando-o para a cama.

Ilán observou em silêncio enquanto Damon colocava Gio entre os lençóis. Ele sabia que aquela noite era crucial, a primeira noite de seu novo "casamento", e que eles deveriam estar cumprindo a razão dessa união: dar um irmão a Gio. Mas só de pensar nisso fazia seu corpo se retesar.

—Damon... —murmurou Ilán, com uma mistura de desconforto e frustração—. Não deveríamos... fazer o que viemos fazer?

Damon olhou para ele com aparente confusão.

—Fazer o quê? —perguntou, como se não entendesse a insinuação.

Ilán apertou os lábios, a frustração borbulhando dentro dele. Ele realmente estava fingindo não entender? Sentia a pressão dos feromônios de Damon tentando acalmá-lo, mas não conseguia evitar a raiva. Sem dizer mais nada, foi para o banheiro, fechando a porta com força.

Gio, da cama, observava o pai com uma mistura de preocupação e curiosidade.

—Por que o papai está chateado? —perguntou com sua vozinha, olhando para Damon.

Damon suspirou e acariciou suavemente a cabeça do filho.

—Não se preocupe, campeão. O papai só está cansado. Vamos dormir, está bem? —respondeu, enquanto ele mesmo começava a sentir o peso do dia sobre seus ombros.

O casamento havia sido cansativo, e embora tivesse sido uma celebração luxuosa, Damon sabia que, no fundo, Ilán não havia gostado. Talvez ele tivesse tentado compensar demais pelo casamento anterior. Na primeira vez que se casaram, tudo havia sido simples, pequeno, quase sem importância. Desta vez, Damon queria que fosse especial, um símbolo de que as coisas seriam diferentes, embora soubesse que para Ilán era apenas uma obrigação.

"Espero que você tenha gostado do nosso casamento, Ilán", pensou enquanto fechava os olhos, deixando-se levar pelo cansaço.

Quando Ilán saiu do banheiro, se sentiu um pouco mais relaxado, embora a situação ainda pesasse em sua mente. Ele parou em seco ao ver a cena na cama. Damon e Gio já estavam dormindo, abraçados como se não existisse nenhum problema no mundo. Um suspiro escapou dos lábios de Ilán, e, sem poder evitar, um sorriso triste se formou em seu rosto.

Isso era o que ele sempre quis, mas agora...

—Antes eu desejava tanto isso... —sussurrou para si mesmo, sem conseguir terminar a frase. Mas nada era mais o mesmo.

Ele deslizou silenciosamente na cama, tomando seu lugar do outro lado de Gio. Enquanto abraçava o filho, os feromônios protetores e acolhedores de Ilán envolveram o pequeno, dando-lhe segurança. Damon, do outro lado, ainda exalava seu aroma amadeirado e denso, criando uma atmosfera de falsa calma entre os três. Embora fisicamente estivessem juntos, Ilán não conseguia evitar se sentir separado, como se uma barreira invisível o afastasse de Damon.

Ilán fechou os olhos, sentindo o calor de Gio contra seu peito e se perguntando quanto tempo conseguiria suportar aquela situação antes que tudo desmoronasse.

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