Capítulo 9

— O que está acontecendo, senhor? — perguntou Zack, cauteloso. Desde que tinham deixado a imponente residência de Theo e atravessado quilômetros em direção à caótica Jacarta, Damon não tinha pronunciado uma única palavra. O silêncio entre ambos era denso, quase insuportável, e os feromônios de Damon, normalmente controlados, começavam a impregnar o ambiente com uma mistura de frustração e tensão.

O rosto de Damon estava rígido, seus olhos fixos no horizonte através da janela do carro, mas sua mente estava claramente em outro lugar. De vez em quando, um suspiro profundo escapava de seus lábios, como se tentasse libertar o peso invisível que o esmagava. Zack sentiu um arrepio percorrer sua espinha; a pressão do alfa era palpável.

— Zack! — a voz de Damon rompeu o silêncio de forma abrupta, tão afiada que Zack quase deu um pulo. — Quero que encontre Ilan. Agora mesmo!

Zack piscou, surpreso. Os feromônios dominantes de Damon encheram o ar, fazendo com que o interior do carro parecesse ainda mais sufocante.

— O paradeiro de Ilan? — perguntou Zack, com um nó de nervosismo no estômago. — Está se referindo ao seu ex-marido, senhor?

O silêncio se prolongou por um segundo que pareceu eterno, até que Damon assentiu lentamente, com a testa franzida.

— Quero essa informação imediatamente — acrescentou Damon, sua voz grave e controlada, mas com um fundo de impaciência que não passou despercebido. — Se for preciso, pague o que for. Não economize em recursos.

Zack assentiu, já pensando nas opções, mas havia um problema.

— Senhor, precisarei de uma foto de Ilan — admitiu, sentindo-se incomodado. Não tinha nenhuma imagem recente do ômega, e não sabia se Damon guardava algo que pudesse ajudar na busca.

Damon fechou os olhos por um segundo, como se lutasse internamente. Tirou sua carteira de couro preta e, após um breve instante de hesitação, extraiu uma velha foto de Ilan. Olhou para a foto por um momento antes de entregá-la a Zack.

— Ele a colocou na minha carteira há muito tempo — disse Damon, com a voz baixa, como se a lembrança ainda o afetasse profundamente.

Zack levantou uma sobrancelha, surpreso. Nunca teria imaginado que seu chefe ainda guardasse algo tão pessoal depois de todo esse tempo.

— Não acredito que ainda guarde uma foto de Ilan — disse Zack, tentando aliviar a tensão com um sorriso, embora soubesse que estava pisando em terreno delicado.

O clima no carro estava carregado, os feromônios de Damon flutuavam entre o controle e a melancolia. Seu olhar permanecia fixo na foto, como se as lembranças do passado se infiltrassem novamente em sua mente.

— Ele a deixou lá, e eu simplesmente me esqueci de me desfazer dela — mentiu Damon, embora o tom de sua voz e o leve tremor em sua mandíbula traíssem suas palavras. Zack pôde perceber a mudança nos feromônios do alfa, agora misturados com algo mais suave, uma nostalgia que ele não estava disposto a admitir.

— Sei... — respondeu Zack, com um sorriso cúmplice. — Imagino o que Juan diria se soubesse que ainda guarda uma foto de Ilan.

Damon soltou um suspiro pesado, como se não se importasse nem um pouco.

— Ele sabe e não é da sua conta. Além disso, nossa relação é apenas física. Nada mais.

Damon se lembrou de como, em seu momento, Juan tinha sido o único capaz de distraí-lo de seus pensamentos por Ven. Ninguém mais tinha conseguido arrancá-lo daquela escuridão emocional. Ele chegou a pensar em se casar com Juan depois da separação de Ilan, mas as coisas tinham dado errado. Juan tinha traído sua confiança, e agora o que os mantinha unidos eram noites vazias, carentes de qualquer emoção.

— Lembre-se, quero que encontre Ilan o mais rápido possível. Não aceitarei erros — disse Damon, desta vez com uma intensidade que deixou Zack sem palavras. Os feromônios alfa de Damon se sentiam como um manto opressor que preenchia todo o espaço ao seu redor.

— Entendido, senhor — respondeu Zack, com um nó na garganta, já discando números em seu telefone para colocar a busca em prática. Mas, para sua surpresa, apesar de todos os seus esforços, no dia seguinte ainda não tinha obtido nenhuma informação.

— Não me importa como, mas você tem que encontrar Ilan! — rugiu Damon, batendo com força em sua mesa. Os feromônios transbordavam dele, intensos e quase sufocantes, enchendo a sala com uma atmosfera de pura dominação.

Zack, que raramente falhava em seu trabalho, estava desesperado. Não entendia como um ômega como Ilan tinha desaparecido tão completamente, deixando tão poucas pistas.

— Senhor, embora não esteja sendo fácil, estou contratando mais especialistas para acelerar a busca — disse Zack, sentindo a pressão esmagadora dos feromônios de Damon que o mantinham em suspense.

— É bom mesmo — grunhiu Damon, enquanto descia do carro e caminhava em direção ao seu imponente prédio. A tensão em seus ombros era palpável, e seus feromônios ainda carregavam o ambiente com sua frustração. — Há alguma reunião fora do escritório hoje? — perguntou, sem desviar o olhar para os funcionários que o cumprimentavam respeitosamente.

— Não, senhor, mas depois do almoço temos uma reunião com a equipe de produção — respondeu Zack, esforçando-se para acompanhá-lo.

Damon assentiu, dirigindo-se ao elevador privativo, mas justo antes de entrar, uma voz ressoou pelo corredor.

— Damon…!

O alfa parou em seco. Um arrepio percorreu sua espinha, e os feromônios no ar mudaram bruscamente. Aquela voz… era inconfundível. Damon se virou lentamente, e seu coração deu um pulo ao ver a figura que o chamava à distância.

Era Ilan.

…

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