Dormi até tarde. Meu corpo precisava descansar; foi muita adrenalina, e depois de tudo o que Jason e eu fizemos, estou exausta.
— Malí, vamos ao shopping comigo?
Juliana entrou no meu quarto. Eu estava de bruços, me espreguiçando.
— Só se tiver algo para eu comer agora, estou faminta — disse, me virando de barriga para cima. Foi quando a vi com uma bandeja de café, pão de queijo e uma salada de frutas.
— Quer casar comigo? — pedi, e ela riu.
— Só se você tiver um brinde, bem guardado aí — respondeu, colocando a bandeja na cama.
— Vi que você não jantou. Sabia que estaria com fome. Come logo para a gente sair — disse, abrindo meu closet, enquanto eu me sentava e começava a comer.
— O que vai usar? Está muito frio! — Ela estava vasculhando tudo. Terminei de engolir um pedaço do pão de queijo com o delicioso café que Juliana fez e respondi:
— Sei lá, acho que o terninho branco. Amei ele, é quentinho.
...
Estávamos sentadas no restaurante do shopping. Veja só, eu fiz compras num sábado à tarde.
— Tenho duas coisas para te contar — ela disse, tomando um gole de suco.
— O que foi? Aconteceu alguma coisa? Não me diga que você falou com a sua prima?
Eu a encarei, confusa, limpando o canto da boca.
— Ela andou ligando para saber se você tinha entrado em contato comigo — disse, se adiantando. Eu neguei com a cabeça e coloquei o guardanapo na mesa.
— Eu fui à boate ontem conversar com a Amélia.
Ela me encarou assustada, e tenho certeza que parou de respirar.
— Calma, eu fui fazer uma proposta para ela.
Ela começou a fazer que não com a cabeça, sem parar, olhando para a mesa.
— Não, eu briguei com o Marcos só por ele ter me trazido um recado dela. Ela pediu por você, quer você no acervo dela.
Segurei sua mão, e ela me encarou.
— Eu não vou te deixar sozinha nisso, estou tentando te ajudar.
Ela pareceu se lembrar de algo.
— Seu passaporte, onde está?
Achei a pergunta estranha, soltei sua mão e peguei-o na minha bolsa.
— Está comigo, por quê?
Ela respirou aliviada.
— O meu sumiu de dentro do apartamento. Eles nos mantêm lá, mas não é pela nossa segurança.
Estou lidando com gente muito perigosa. Preciso tomar cuidado.
— Vou deixar o meu, num cofre no banco. Vamos conseguir o seu de volta. Eu propus dançar para ela, para te ajudar a pagar o tempo de contrato que falta.
Seu olhar terno e cheio de lágrimas quebrou meu coração.
— Eu sei que faria o mesmo por mim — disse, e ela limpou as lágrimas que escorreram.
— Eu queria ter você por perto, só para sentir um pouco de casa. Nunca deixaria você cair na armadilha em que eu caí.
— Eu sei. Eu dancei ontem à noite.
Ela me olhou assustada, como se eu tivesse jogado um balde de água gelada nela.
— Co-como assim?
Sua voz se elevou, e seus olhos arregalaram.
— Calma, eu fiz um teste ontem. Ela me colocou no palco, disse que era o principal.
Ela pareceu pensar, abaixou a cabeça e depois voltou a me encarar.
— Foi você? As meninas estavam comentando que uma novata acordou o "cemitério".
Fiquei confusa. Como assim "cemitério"?
— Não entendi.
— Aquele grupo… eles são frequentadores diários, estão lá todos os dias. Não é qualquer coisa que desperta o interesse deles.
Minha boca secou. Eu realmente fiz aquilo? Fui outra pessoa na noite anterior? E fiz aquelas coisas, com um cara que vi só duas vezes?
Peguei a taça de água à minha frente e tomei longos goles.
— Está tudo bem, Malí? Você não precisa fazer isso!
Ela disse, me encarando por alguns segundos. Meu celular tocou na bolsa. Ninguém, além de Juliana e Josie, tem esse número.
Peguei o aparelho e vi que era um número desconhecido. Olhei por alguns segundos enquanto tocava.
— Quem é? Você parece assustada!
Olhei para ela e atendi.
— Alô!
Disse, ainda, a encarando.
— Ma chère, venha ao meu escritório. Precisamos conversar.
Mexi a boca e disse "Amélia" para Juliana.
— Tudo bem, estarei aí dentro de uma hora. Até mais.
Desliguei, sem dar chance dela falar mais.
— Ela quer me ver. É possível que meu plano dê certo.
Tenho fé que dê, ou eu também vou me ferrar.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 83
Comments