Acordei meio tonta, e andei pelo apartamento. A decoração é totalmente francesa, bonita e muito sofisticada.
Fotos da mãe e do irmão mais velho, no hotel em que ele ainda trabalha, e algumas minhas.
Juliana e eu sempre fomos inseparáveis, desde o jardim de infância, minha mãe e a mãe dela eram amigas de infância. Fez com que crescêssemos juntas, e ela foi meu alicerce quando minha mãe faleceu.
Eu tinha dez anos, e ela tinha onze, quando fiquei órfã, meu pai já havia falecido dois anos antes, se não fosse ela eu seria uma pessoa amarga.
Morar com minha tia, irmã de meu pai e prima, foi difícil, elas tornaram minha vida complicada. Sempre isolada e tratada com hostilidade.
Talvez eu devesse ter sido um pouco amarga, talvez não teria passado pelo que passei.
Eu não sei onde fica nada, a não ser a sala, onde estou perambulando.
— Bom dia, Mali!
toda eufórica, havia esquecido que ela é uma pessoa matinal. Sempre amei sua alegria e simplicidade.
— Tem café, pão de queijo fresco, e algumas frutas. Vem tomar café da manhã comigo!
ela entrou por uma porta dupla, que suponho que sejam da cozinha, e eu a segui
— O cheiro está ótimo!
disse me sentando ao seu lado. A cozinha toda em um tom pastel, com detalhes em marfim, tapetes e flores.
— Josie está em casa? Quero conhecer ela e o bebê, qual o nome da menina?
ela mastigava um pedaço de queijo, fez sinal para eu esperar.
— Emilly.
ela revirou os olhos desdenhando
— Não gostou do nome?
ela sorriu, e revirou os olhos
— É o nome que o "pai" queria, mas ele sumiu. Eu escolheria outro nome. Mas gostei, sim do nome, não teve jeito.
assenti, eu também. Já pensando em minha tia, ela não era um primor de pessoa, mas também não era ruim. Já não sei se fiz o certo.
— Será que já deram falta de mim?
indaguei, me sentindo culpada, não deixei nada, nem um bilhete para trás.
— Que se fodam, elas nunca ligaram para você mesmo. Sua tia só gostava do dinheiro que vinha por sua causa, todo mês. Acho que dará falta, quando precisar da grana.
tomei um gole de café e comi um pão de queijo, engolindo bem mais do que queria. Queria ter seu amor e respeito, tentei por anos isso. Quando recebi minha herança, passei eu, a contribuir com as despesas de casa, antes o advogado que administrava tudo.
A campainha tocou, e Juliana saiu quase, que correndo.
Alguns segundos depois, ela voltou com uma bebê de uns quatro meses nos braços e uma moça muito bonita atrás dela.
— Oi, eu sou Josie. Falo português também, aprendi com um namorado
Loura, de olhos verdes, tinha uma pele bronzeada, corpo vem torneado, nem parece que teve bebê, tão recentemente. Já a bebê Emilly, estava sorrindo e se ajeitando nos braços de Juliana.
— Posso pegar?
ela assentiu
E eu a peguei, uma bebê gorduchinha, sem nenhum dentinho na boca, sorridente, com olhinhos castanhos e cabelo loiro cacheado.
— É muito fofa, que princesa!
fiz cócegas em suas coxas graças dela e ela gargalhou
— Você leva jeito!
se ela soubesse que é a segunda criança que pego no colo, em toda minha vida, não diria isso.
— Preciso que fique com ela à noite, meu trabalho é das dez até às quatro da manhã.
eu não questionei, mas fiquei curiosa, já que elas trabalham juntas
— Vou deixar tudo pronto, mamadeiras e farei ela dormir. Só precisa ficar de olho enquanto ela dorme,e se ela acordar , é só dar a mamadeira.
assenti, mas sei que cuidar de um bebê não é só isso
— Quando eu começo?
perguntei, e ela sorriu
— Pode ser hoje?
ela perguntou. O sangue sumiu da minha cara, mas assenti, mesmo sem conseguir respirar, acho que estou infartando.
— Qualquer dúvida, pode mandar mensagem, que vou te responder, só não dá para ligar
eu não parei de assentir. Ficarei com um bebê, na segunda noite, num país diferente do meu. Pelo menos ela parece calma.
...
Estou, eu aqui, assistindo a um filme no mudo, bom, tentando assistir, morrendo de medo que Emilly acorde.
Estou no quarto dela, ela está dormindo tranquila, já é duas da manhã, e não consigo relaxar. Só consigo pensar.
E se ela acordar? O que eu faço? E se ela chorar? Se ela não parar de chorar?
A porta do quarto se abriu, e Josie entrou duas horas antes da hora combinada.
— Oi, resolvi sair mais cedo. É a primeira vez que a deixo em casa, fiquei ansiosa.
sussurrando, chegou pertinho, e sorriu encarando sua filhinha. Ela estava linda, bem maquiada e muito bem vestida, com um casaco caro, meia fina e saltos muito altos.
— Ela nem se mexeu. Está dormindo profundamente.
sussurrei. Fui uma dezena de vezes para ver se a menina estava respirando, morrendo de medo porque ela não se mexia.
— Ela dorme bem a noite. Muito obrigada!
ela tirou duas notas de 500 euros, e eu quase caí para trás
— Tudo isso? Eu nem fiquei a noite toda!
ela sorriu, segurou minha mão e depositou as notas
— O meu maior tesouro estava em suas mãos, não tem dinheiro que pague.
fechei a mãos, assenti. Me despedi e voltei para o apartamento da Ju e, me deitei.
A minha noite foi cheia de emoções, e eu tentei não pensar, mas no que Juliana está metida, que ela não fala?
Há mais de um ano que ela está neste trabalho, e nunca me contou nada.
Tentei dormir, mas foi difícil, minha cabeça não parou de pensar, os acontecimentos dos últimos dias foram loucos demais.
Estou irritada comigo, irritada como pude ser tão burra, fui enganada, aconteceu tudo debaixo do meu nariz.
Minha vida toda, acreditei em tudo e todos, quero ser diferente, quero fazer tudo diferente, não quero ser mais a garota certinha que faz só o que é esperado de mim. Eu não serei mais a doce menina passada para trás.
— Chega!
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Atualizado até capítulo 83
Comments
Eneida Gomes
ESPERO QUE ELA SE DÊ BEM. TRAIÇÃO É MUITO DOLORIDO.😢
2025-01-07
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Benedita Nascimento
queria saber como ta as coisas no Brasil com povo o que será que aconteceu
2025-02-06
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Elis Alves
Acompanhante de luxo ou dançarinas?
2025-01-08
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