#13 - Um Acordo Selado

...Eduarda...

Fico aliviada por Denise não ter conseguido sentar ao meu lado hoje. Não aguentaria escutá-la falando de Oliver durante a aula inteira. No entanto, como sempre, ela dá um jeito. Tanto que, alguns minutos depois, recebo um bilhete escrito por ela.

Jasper se inclina levemente na minha direção, um sorriso divertido nos lábios, antes de me entregar o pequeno pedaço de papel dobrado.

Jasper — É para você. — Ele avisa, enquanto Denise, sentada quatro fileiras acima, acena discretamente para mim.

Desdobro o papel e leio:

"O professor está tão bonito hoje. Esse terno azul lhe caiu muito bem. Dá para perceber que ele passa bastante tempo na academia. Consegue notar os músculos?"

Reviro os olhos, soltando um suspiro discreto. Tento me concentrar na aula, mas inevitavelmente meus olhos se dirigem para ele. Denise tem razão. Ele realmente está muito bonito hoje. Na verdade, essa foi uma das primeiras coisas que notei quando o conheci. Isso e a estranha sensação de já tê-lo visto antes. Mas seria impossível esquecer uma pessoa tão arrogante como ele. Apenas lembrar de suas ameaças me deixa completamente irritada.

Eduarda — Idiota. — Murmuro sem perceber que falei alto.

Jasper me observa com um sorriso divertido e me cutuca levemente.

Jasper — Espero que o próximo admirador tenha mais sucesso. — Ele brinca, me entregando outro bilhete.

Dessa vez hesito antes de abrir, mas cedo à curiosidade.

"O professor está totalmente na minha. Consegue perceber alguns olhares seus em minha direção?"

Respiro fundo, frustrada, e junto o novo bilhete ao primeiro. Tento ignorar, mas quando Jasper me chama novamente, prestes a me entregar um terceiro bilhete, minha paciência se esgota.

Eduarda — Devolva para Denise. — Digo sem rodeios, virando-me para frente.

Jasper tenta protestar.

Jasper — Esse não é...

Antes que ele possa terminar, uma voz firme e autoritária ecoa pela sala.

Oliver — Imagino que esteja com tempo de sobra para atrapalhar a minha aula. — Oliver diz friamente, tirando o bilhete das mãos de Jasper.

O silêncio domina a sala enquanto ele lê rapidamente o conteúdo. Seu olhar se ergue, encontrando o meu por um breve instante antes de voltar-se para Jasper.

Jasper — Professor, eu... — Jasper tenta se explicar.

Oliver — Quero você fora da minha aula. — Oliver ordena com um tom duro e definitivo.

Jasper hesita por um momento, mas logo começa a recolher suas coisas. Prestes a sair, sinto um impulso incontrolável de intervir.

Eduarda — Ele só...

Oliver me encara com frieza.

Oliver — Também deseja acompanhá-lo, senhorita Clarke?

Seguro seu olhar por um momento, sentindo minha frustração crescer.

Eduarda — Sim, eu desejo. — Declaro firmemente, levantando e recolhendo minhas coisas.

Jasper me observa surpreso.

Jasper — Duda, você não...

Eduarda — Eu já disse que vou. — Respondo impaciente, atravessando a porta ao lado dele.

...☆☆☆☆☆☆...

Assim que estamos do lado de fora, minha irritação transborda.

Eduarda — Ah, eu vou matar a Denise. Pode escrever o que estou dizendo. — Resmungo, passando as mãos pelos cabelos, tentando me acalmar.

Jasper solta uma risada nervosa.

Jasper — Não querendo tirar a culpa de sua amiga, mas... o último bilhete fui eu quem escrevi. — Ele confessa, coçando a nuca.

Paro imediatamente, virando-me para ele com uma expressão incrédula.

Eduarda — Você o quê?

Jasper — Eu que escrevi. — Ele admite, parecendo envergonhado. — Não fazia ideia de que os recados estavam vindo dela. Achei que fosse algum garoto tentando te convidar para sair e... decidi tentar a sorte. É uma pena que o professor tenha pego. Eu realmente não queria te prejudicar.

Nunca fui de conversar com Jasper; a única colega de turma que tenho é Denise. E só a tenho como próxima por insistência dela, pois meu relacionamento com meus colegas de classe sempre foi restrito. Apenas o necessário. Não sou boa em fazer amigos.

Eduarda – Está tudo bem – é tudo que consigo dizer, pois, antes mesmo do pedido absurdo de casamento de Oliver, eu não tinha a intenção de me envolver com ninguém da universidade.

Jasper me observa por um momento antes de perguntar, hesitante:

Jasper — Tem alguma chance de você acEitar o meu convite?

Dou um meio sorriso, me sentindo levemente desconfortável.

Eduarda — Sinto muito, mas eu tenho namorado.

Ele pisca algumas vezes, processando minha resposta, e logo sorri de maneira forçada.

Jasper — Ah, claro. Era de se esperar. — Ele suspira, ajeitando a mochila no ombro.

— Ele é daqui da universidade? Não que seja da minha conta, mas nunca te vi...

Eduarda — Não, ele não é daqui. — Respondo rapidamente, não querendo prolongar a conversa. — Mas, de qualquer forma, obrigada pelo convite. Eu... bom, tenho que ir.

Sem esperar resposta, viro-me e sigo em direção ao meu próximo destino, sentindo o olhar de Jasper me acompanhar até desaparecer pelo corredor.

...☆☆☆☆☆☆☆...

...Oliver...

Eu não consigo entender o motivo da minha irritação. Não faz sentido eu estar tão p*** da vida por Eduarda ter deixado a sala junto com aquele idiota. Realmente achei que estava lhe fazendo um favor ao expulsá-lo. Achei que ela estivesse incomodada com a insistência dele, porque sua expressão ao ler aqueles bilhetes não era das melhores.

Mas agora não consigo mais me concentrar na aula. Por mais que tente, minha mente insiste em voltar ao conteúdo daquele maldito papel. Passo algumas atividades e olho para o relógio a cada minuto, ansioso para que o tempo passe logo. Finalmente, a aula chega ao fim. Libero a turma e, quando algumas alunas se aproximam com intenções que conheço bem, ignoro-as e sigo diretamente para a sala dos professores.

...☆☆☆☆☆☆☆...

Passo algumas horas na cafeteria, esperando o fim da última aula de Eduarda. Não demora muito para vê-la passar pela porta ao lado da prima, exibindo um enorme sorriso. Um sorriso que desaparece no momento em que me vê.

Levanto e passo por ela, dizendo baixo o suficiente para que apenas ela escute:

— Vou te esperar a duas quadras daqui. Vamos no meu carro.

E assim faço. Fico aguardando por cerca de dez minutos, até que ela finalmente aparece. Buzino, e ela entra no carro de imediato.

Eduarda — Vamos logo, não quero que ninguém me veja — ela resmunga.

Oliver — É tão ruim assim ser vista comigo? — proVoco, lançando-lhe um olhar de canto.

Eduarda — Só dirige logo — ela responde, impaciente.

Oliver — Ok, você quem manda — sorrio de lado, acelerando o carro.

...☆☆☆☆☆☆...

■ Restaurante 🍽

A recepcionista nos recebe com um sorriso educado.

Recepcionista — É bom tê-lo de volta, senhor González. A mesa que reservou já está pronta. Se me permite, eu os acompanho. — Ela nos guia pelo salão, parando exatamente na mesma mesa onde tivemos nosso primeiro encontro.

Puxo a cadeira para Eduarda, que me observa surpresa antes de se sentar.

Eduarda — Obrigada — ela murmura, franzindo a testa, desconfiada.

Oliver — O que foi? — pergunto, arqueando uma sobrancelha. — Eu posso ser cavalheiro quando quero.

Eduarda — Não lembro do seu cavalheirismo no nosso primeiro encontro. Mas isso não vem ao caso — ela diz, com indiferença.

— Não tomarei muito do seu tempo, pois sabemos exatamente o motivo desse almoço — sua voz ganha um tom sério, direto.

Oliver — Sei que posso ter sido um pouco...

Eduarda — Escroto? — ela ironiza.

Solto um suspiro e balanço a cabeça.

Oliver — Ok, eu mereci essa. Mas...

Eduarda — Mas o quê? — ela pergunta, irritada, enquanto aguarda minha resposta.

Mas eu não consigo responder. Tudo que consigo fazer é observá-la e pensar em como ela fica linda quando está irritada. Ninguém nunca me desafiou tanto como Eduarda. Ninguém nunca conseguiu me tirar do sério e, ao mesmo tempo, me impressionar como ela faz. Será possível que eu esteja gostando dela? Essa seria a única explicação para o fato de não conseguir tirá-la da minha cabeça nem por um segundo.

— Foi o que pensei. Você não tem nada para dizer. Então, vou acabar logo com isso — ela solta um suspiro, se inclinando para frente. — Eu me casarei com você. Mas esse casamento será apenas um contrato. Ninguém deve saber que sou sua esposa, e está proibido qualquer tipo de contato sem o meu consentimento. Nada de beijos e nada de sexo.

Ela faz uma pausa antes de continuar:

— Outra coisa. Não pretendo me casar para ser traída. Você deve se manter fiel a mim. Qualquer quebra nesse contrato, qualquer tipo de traição, por menor que seja, você me dá o divórcio sem hesitação. Estamos entendidos?

Eu absorvo suas palavras lentamente, analisando cada exigência. Não entendo o motivo de Eduarda querer manter esse casamento em segredo. De todas as suas exigências, essa foi a que mais me incomodou. Sobre não tocá-la... bom, não será difícil fazê-la mudar de ideia. E sobre não me envolver com outras, isso já estava fora de cogitação.

Cruzo os braços e olho fixamente para ela.

Oliver — Não concordo sobre não divulgar o casamento. Essa exigência está totalmente fora de cogitação. Como minha esposa, você precisa me acompanhar a eventos. Precisamos mostrar uma boa imagem do nosso relacionamento para a mídia.

Ela solta um suspiro frustrado.

Eduarda — Isso é impossível para mim. Pelo menos por enquanto. Eu só preciso de um tempo. Ainda não pensei sobre o que vou dizer à minha mãe. Se eu disser que me casarei agora, tenho certeza de que ela não concordará. Ainda mais por ser tudo tão recente. Ela desistiria da viagem por minha causa, e não quero atrapalhar a carreira dela.

Minha expressão suaviza ao ouvir isso. Entendo seu ponto de vista.

Oliver — Tudo bem. Estou de acordo em manter nosso casamento em sigilo durante esse período. Mas Nada além de seis meses — declaro firmemente.

Seis meses. Tempo suficiente para fazê-la mudar de ideia sobre mim. Tempo suficiente para fazê-la se apaixonar.

— Eu também tenho algumas exigências — continuo. — E, como concordei com as suas, espero que faça o mesmo com as minhas.

Eduarda — Estou ouvindo...

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