...Eduarda...
■ Jantar 🍽
O jantar estava servido, mas eu mal havia tocado na comida.
Alba — O que está acontecendo, querida? — Sua voz carregava uma preocupação genuína. — Você mal tocou na comida.
Levantei o olhar da mesa e forcei um sorriso.
Eduarda — Não é nada, mãe, eu só tive um dia cheio no trabalho.
Ela assentiu, mas a expressão em seu rosto mostrava que ela ainda não estava convencida.
Alba — Verdade, eu e minha cabeça... Acabei nem te perguntando como foi o seu primeiro dia.
Respirei fundo, tentando parecer mais convincente.
Eduarda — Foi bom, muito bom. — Sorri, embora por dentro estivesse em um turbilhão de sentimentos, e o que se sobressai era a raiva.
Ela sorriu em resposta.
Alba — Fico feliz que esteja gostando. Você sabe que tenho muito orgulho de você.
Desviei o olhar, sentindo um aperto no peito.
Eduarda — Eu sei. — Minha voz saiu mais baixa do que eu queria, carregada de um peso que eu não conseguia esconder.
Ela se inclinou levemente para frente, o olhar ainda mais atento.
Alba — Tenho algo que gostaria de conversar com você.
Fico um pouco apreensiva. A última vez que ela disse isso foi quando me contou como perdeu o marido e a filha.
Alba estava grávida na época. Seu marido era policial e acabou falecendo em serviço. Como consequência, ao receber a notícia, ela perdeu sua filha. Era uma gravidez de risco, e Alba quase não sobreviveu. Falar sobre isso foi muito doloroso para ela. No entanto, fico feliz que a terapia a tenha ajudado a mudar completamente sua maneira de pensar. Ela me contou que foi assim que decidiu se tornar médica, já que, na época, trabalhava na administração do hotel com o irmão.Talvez tenha sido esse também o motivo do distanciamento entre eles.
Engoli em seco, apreensiva.
Eduarda — Aconteceu alguma coisa?
Ela sorriu, o que me tranquilizou um pouco.
Alba — Não é nada com que você deva se preocupar.
Ainda assim, permaneci atenta. Minha mãe nunca dizia algo assim sem um bom motivo.
Eduarda — Certo, estou ouvindo.
Ela respirou fundo antes de continuar.
Alba — Fui uma das médicas selecionadas para fazer um curso de trauma no exterior. É um estudo muito avançado, que será ótimo para minha carreira.
Meus olhos brilharam com a notícia.
Eduarda — Isso é maravilhoso, mãe! Fico muito feliz pela senhora!
Alba segurou minha mão sobre a mesa.
Alba — QuerIda, você ouviu a parte que é no exterior?
Assenti rapidamente.
Eduarda — Ouvi perfeitamente, e não vejo nenhum problema nisso. Eu vou ficar bem, a senhora não tem com o que se preocupar.
Ela apertou minha mão com carinho, os olhos levemente marejados.
Alba — Eu sei. O pior é que eu sei... — Sua voz estava embargada pela emoção.
Sorri, me levantando para abraçá-la.
Eduarda — Sério que a senhora vai chorar? — Brinquei.
Ela riu, limpando algumas lágrimas.
Alba — Não tem ninguém chorando aqui!
Abracei-a mais forte.
Eduarda — Eu vou sentir sua falta, vou sentir muito sua falta.
Ela sorriu.
Alba — Acho bom sentir mesmo.
Afastei-me levemente, curiosa.
Eduarda — Por quanto tempo a senhora vai...?
Ela suspirou antes de responder.
Alba — Seis meses.
Me afastei, surpresa.
Eduarda — Seis meses!?
Ela assentiu.
Alba — Mas não se preocupe, estarei de volta a tempo de ver sua formatura.
Fiz um bico fingindo desconfiança.
Eduarda — Assim espero!
...☆☆☆☆☆☆...
Estou no jardim, sentada em um dos bancos de madeira branquíssimos. A brisa fresca acaricia minha pele, mas não é suficiente para aliviar a tensão que toma conta do meu corpo. Estou inquieta, perdida nos próprios pensamentos, quando ouço passos apressados na grama.
Viro o rosto e vejo Nicole se aproximando. Ela está um pouco ofegante, o cabelo preso em um coque desajeitado, como se tivesse saído às pressas de algum compromisso.
Nicole — Recebi sua mensagem, sinto muito, mas só consegui vir agora — diz ela, suspirando. — Meu pai inventou de organizar um jantar de negócios e não me deixou sair até que todos os convidados fossem embora.
Solto um suspiro pesado.
Eduarda — Está tudo bem — murmuro, mas sei que minha expressão diz o contrário.
Nic franze o cenho e inclina a cabeça, me observando atentamente.
Nicole — Sua cara não está dizendo isso.
Desvio o olhar, chutando uma pedrinha que está no chão. O nó em minha garganta aperta ainda mais.
Eduarda — É uma longa história — digo, bufando.
Ela se senta ao meu lado, ajeitando o vestido e cruzando as pernas.
Nicole — Muito bem, me diga. O que aconteceu?
Respiro fundo e resumo minha conversa com Oliver. Só de lembrar, meu peito se aquece de raiva, e minha mandíbula se contrai.
Eduarda — Esse tal de Oliver é um idiota, um verdadeiro idiota! Dá para acreditar? Me casar com ele? — Levanto-me bruscamente, começando a andar de um lado para o outro, meus passos rápidos demonstrando minha irritação crescente. — Isso é absurdo!
Paro de repente e encaro Nicole, que está estranhamente calada. Ela parece paralisada, o olhar distante.
— Você ouviu tudo que eu falei?
Nenhuma resposta.
— Nic, você está me ouvindo? — grito, e ela pisca algumas vezes antes de finalmente reagir.
Nicole — Acho que meu cérebro bugou. Ainda não consigo acreditar que ele te pediu em casamento. Você tem certeza que foi isso que ele falou?
Cruzo os braços, sentindo meu rosto esquentar ainda mais.
Eduarda — É claro que tenho! E não foi bem um pedido. Foi mais uma ameaça! Aquele idiota! Grrr! Ele ousou ameaçar minha carreira!
Nic solta um suspiro longo, mas, para minha surpresa, seu semblante não parece tão alarmado quanto o meu.
Nicole — Veja pelo lado bom, esse casamento não será tão ruim quanto pensa.
Paro de andar e estreito os olhos para ela.
Eduarda — Você só está dizendo isso porque foi você quem me colocou nessa situação.
Ela se encolhe um pouco e força um sorriso culpado.
Nicole — Eu sei, e sinto muito de verdade. Quantas vezes vou precisar pedir desculpas?
Eduarda — Até o dia que você morrer.
Ela revira os olhos e ergue as mãos em rendição.
Nicole — Ok, você tem razão.
Meu peito aperta, e passo as mãos pelo rosto, sentindo o peso da decisão sobre mim.
Eduarda — Nic, o que eu vou fazer? Tenho menos de 24 horas para pensar. Não sei o que decidir. Por mais que tente, não consigo. E o que vou dizer à minha mãe?
Ela hesita por um momento antes de responder.
Nicole — Talvez você nem precise dizer.
Minha testa se franze.
Eduarda — Como assim?
Nic ajeita uma mecha solta do cabelo, parecendo um pouco nervosa.
Nicole — Eu acabei de falar com a tia Alba antes de vir até o jardim. Ela me contou sobre a viagem. Isso te dá um tempo para pensar no que dizer a ela até o retorno.
Meu coração dispara.
Eduarda — Sério mesmo que você está me dizendo para aceitar me casar com aquele cara e não contar à minha mãe sobre isso?
Ela respira fundo antes de me encarar.
Nicole — Se você contar agora, tudo ainda estará muito recente. Tenho certeza de que ela será contra. E sabe-se lá o que aquele homem pode fazer para nos prejudicar.
Engulo seco, um calafrio subindo pela minha espinha.
Eduarda — Você acha que ele não prejudicaria apenas a mim, mas também a minha mãe?
Nic assente, a expressão séria.
Nicole — Não tenho dúvidas sobre isso. Ele vem de uma família muito poderosa. Tão poderosa que podem até nos levar à falência com um simples telefonema.
Fecho os olhos por um instante, tentando absorver suas palavras. Sinto minha respiração acelerar, e um calor de frustração sobe pelo meu corpo.
Eduarda — Droga, Nic! — grito, chutando o ar com raiva.
Minha amiga se encolhe um pouco, mordendo o lábio inferior.
— Maldita hora que eu fui ouvir você.
Nicole — Como eu ia saber que ele ia descobrir? Não fazia ideia de que algo tão bobo o deixaria tão irritado a esse ponto!
Solto um grunhido exasperado e viro de costas, cruzando os braços.
Eduarda — Grrr! Eu te odeio, juro que estou te odiando muito agora.
Ela suspira dramaticamente.
Nicole — Sinto muito, sinto muito mesmo. Mas, sinceramente, não vejo outra alternativa a não ser você aceitar esse casamento. — Ela faz uma pausa e me encara com determinação. — Mas eu apoio tudo o que você decidir. Mesmo que isso signifique minha morte imediata pelo meu pai. Eu te devo isso. É o mínimo que posso fazer por você. Só me prometa que, mesmo me odiando muito agora, você vai ao meu velório.
Reviro os olhos diante de seu exagero.
Eduarda — Para de dizer bobagens. Você mesma disse que não tenho outra escolha. Eu vou me casar. Vou me casar com ele. Não vou permitir que ele destrua a carreira da minha mãe, nem a minha. E também vou garantir sua sobrevivência, pelo menos até você contar ao seu pai sobre seu envolvimento com Jake.
Nicole — Eu já disse que te amo?
Suspiro pesadamente.
— Eu te amo muito, prima. Acho que sobrevivo ao contar sobre Jake ao meu pai, mas não sobreviveria se fosse a causadora da sua falência. Serei eternamente grata por isso. Tanto que, quando eu tiver uma filha com Jake, ela terá o seu nome.
Solto um riso cansado, balançando a cabeça.
Eduarda — Para com isso, não é para tanto.
Nicole — Estou falando sério, prima. Isso é uma promessa.
Olho para ela por um momento, sentindo meu corpo pesado com o fardo da decisão.
Eduarda — Não tenho tempo para as suas palhaçadas. Preciso dormir agora. Pelo visto, amanhã o meu dia será cheio.
E, sem esperar resposta, me viro e caminho para dentro, deixando Nic para trás.
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Atualizado até capítulo 48
Comments
Cleidilene Silva
vc vai ficar de quatro por ele,no início acho que não vai ser fácil mais depois não vai ter jeito, love só love 🤩🤩🤩
2025-03-12
2
lua 🌙
amando cada capítulo autora! vc está trazendo uma abordagem diferente de outras histórias de casamento por contrato.
2024-12-03
0
Vânia Maranhão
qdo Oliver descobrir que foi a Eduarda que salvou de ser atropelado, cai se apaixonar por completo.
2025-01-03
0