#9 - A Proposta Imprevista

...Oliver...

Fico observando enquanto as duas se afastam, deixando a cafeteria. Meu sangue ferve. A audácia delas é inacreditável.

A maneira como saíram dali, como se nada tivesse acontecido, como se eu não tivesse acabado de flagrar a farsa delas… Meus punhos se cerram autoMaticamente. Estou tão enfurecido com a falta de vergonha na cara das duas que nem percebo o toque insistente do meu celular.

Uma voz feminina me tira do transe.

Denise — Professor, acho que é o seu telefone...

Pisca confusa ao me ver imóvel, mas logo pego o aparelho e saio da cafeteria sem dizer nada, levando-o ao ouvido.

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📱 Cell

Oliver — O que foi, Betty?

Minha voz sai mais ríspida do que o necessário, mas não me importo. Ainda estou processando tudo que aconteceu.

Betty — Bom dia, senhor. Estou ligando apenas para lembrar do almoço de hoje. A senhorita...

Fecho os olhos por um instante, sentindo um suspiro pesado se formar no peito. O almoço.

Oliver — Ok, Betty. Não preciso de detalhes. Reagende o encontro para mais tarde. Tenho alguns assuntos para resolver na empresa.

O último problema que preciso agora é um encontro.

Betty — Como quiser, senhor.

Passo uma mão pelo rosto, tentando reorganizar meus pensamentos. Mas antes...

Oliver — Mais uma coisa. Fiquei sabendo que nosso próximo lançamento foi desenvolvido por uma universitária. Quero todas as informações sobre ela em minha mesa assim que eu chegar à empresa.

Betty — Pode deixar comigo. Vou me encarregar disso.

Encerro a ligação sem mais palavras, apertando o celular na mão.

Se tem algo que aprendi nos negócios, é que informação é poder. E agora, mais do que nunca, preciso saber exatamente com quem estou lidando.

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■ Empresa 💼

Quanto mais leio sobre o projeto, mais impressionado fico. Eduarda é realmente brilhante, exatamente como a senhora Raymond descreveu. Agora, compreendo por que a senhora Drake decidiu mentorá-la. Talentos como o dela devem ser reconhecidos.

Mas, ironicamente, estou diante de um dilema. Eu já havia decidido demiti-la.

A dúvida paira sobre mim enquanto continuo sentado em minha sala, os arquivos ainda em minhas mãos. Meus pensamentos estão tão absorvidos nessa indecisão que sequer percebo quando Vitor entra.

Vitor — Oliver!

Seu tom alto e enérgico me faz erguer os olhos, despertando-me do transe.

Oliver — Quando diabos você entrou aqui?

Vitor — Há alguns minutos, mas alguém estava tão distraído que nem notou.

Ele lança um olhar curioso para os papéis que seguro.

— E o que são esses documentos?

Oliver — Nada que seja da sua conta.

Desvio o olhar e coloco os papéis sobre a mesa, encerrando o assunto.

Vitor — Nossa! Pelo jeito, alguém está de mau humor. Deixa eu adivinhar… mais um encontro fracassado?

Reviro os olhos, sem paciência.

Oliver — Eu cancelei o encontro. E, se o que você tem para me dizer não for relacionado ao trabalho, sugiro que saia. Preciso tomar uma decisão importante, e sua presença não vai ajudar.

Vitor — Decisão?

Ele me encara, intrigado.

— Que tipo de decisão? Talvez, se você me contar, eu possa ajudar de alguma forma.

Cruzo os braços, exalando um suspiro pesado.

Oliver — Pois é… talvez você esteja certo. O problema é que eu nem sei por onde começar.

Então, bufando, dou início a um breve resumo dos acontecimentos.

Ao final, Vitor arregala os olhos, incrédulo.

Vitor — Não acredito no que estou ouvindo. Sua primeira pretendente não era Nicole Monet, e sim a prima dela?!

Antes que eu possa responder, ele cai na gargalhada.

Oliver — Tudo isso é bastante divertido para você, né, Vitor?

Meu tom é seco, mas ele não parece se importar.

Vitor — Poxa, Oliver, tenho certeza de que as duas se desculparam e deram uma ótima explicação para o mal-entendido.

Cruzo os braços, sentindo a raiva retornar.

Oliver — Nem sequer tiveram a decência disso. Simplesmente fugiram. Na maior cara de pau.

Vitor franze o cenho.

Vitor — E agora? O que pretende fazer?

Oliver — Eu também adoraria saber. Odeio ser feito de idiota, e aquelas duas…

Minha frase se perde no ar quando, pelo vidro da minha sala, avisto Eduarda conversando com Betty. Instantes depois, Betty pega o telefone e Me liga, aguardando minha autorização para deixá-la entrar.

Vitor — Nossa!

Ele segue meu olhar e solta um assobio baixo.

— Que gata… nova modelo?

Minha mandíbula se contrai.

Oliver — Não. Essa é a Eduarda.

Vitor me encara com um sorriso divertido.

Vitor — Ah, então você não exagerou ao falar da beleza dela.

Oliver — Saia.

Vitor — Ah, qual é! Me deixa ficar um pouco e me apresentar a ela…

Oliver — Vitor!

Ele levanta as mãos em rendição, rindo.

Vitor — Ok, ok. Já estou saindo.

Mesmo enquanto caminha para fora, continua encarando Eduarda. Esse olhar insistente dele me irrita mais do que deveria.

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Preciso admitir que sua presença me surpreende. Nunca imaginei que Eduarda teria a audácia de aparecer aqui no primeiro dia.

Ela, com certeza, já percebeu que não pretendo mantê-la na empresa.

Ainda estou indeciso sobre o que fazer com ela, mas talvez essa visita me ajude a tomar uma decisão.

Por isso, não digo nada. Apenas a observo, esperando que ela fale primeiro.

Ela parece um pouco desconfortável, mas, após limpar a garganta, finalmente inicia.

Eduarda — Então…

Seus dedos se entrelaçam, como se tentassem conter sua própria inquietação.

— O senhor já deve saber que sou a nova estagiária da G&L. E também sei que não pretende me manter no cargo.

Ela respira fundo.

— Eu entendo perfeitamente seus motivos e lhe peço desculpas. Nunca foi minha intenção enganá-lo.

Meu olhar permanece fixo nela, avaliando cada palavra.

— Tudo o que fiz, vou atender ao pedido de minha prima. Seu pai vive arrumando encontros para ela, mesmo que ela odeie isso. É bem difícil para ela dizer isso a ele. E como ela tinha um compromisso inadiável naquela noite, pediu que eu fosse em seu lugar.

Faço um pequeno movimento com a cabeça, indicando que continuo ouvindo.

— Eu só precisava garantir que você não se interessasse por ela. O resto… bem, acho que o senhor já sabe.

Ela faz uma pausa antes de continuar, sua voz agora mais hesitante.

— Sei que talvez seja demais pedir isso, mas imploro que não comente nada com o senhor Peter sobre o ocorrido.

Ergo uma sobrancelha.

— Isso não só colocaria Nic em uma situação complicada, mas também me prejudicaria, já que seu pai não é muito fã de mim, desde que sua irmã me adotou.

Havia um peso em sua voz agora, algo que não passou despercebido.

— O que quero dizer é que… sinto muito. De verdade.

Ela então coloca um documento sobre minha mesa.

— Como forma de compensação, estou cedendo à empresa todos os direitos sobre o projeto que estava desenvolvendo. Ele é seu.

Diz isso de maneira firme, sem hesitação.

— Eu realmente sinto muito, senhor.

Com essas palavras, ela se vira e caminha em direção à saída.

Mas, por alguma razão, eu não quero que ela vá.

E, antes que perceba, digo algo que surpreende a ambos.

Oliver — Sei exatamente como você pode me compensar por tudo.

Ela para no meio do caminho, me encarando com cautela.

— E, acredite, não precisará abrir mão do seu projeto ou do seu trabalho na empresa.

Eduarda — Como assim?

Seus olhos me analisam, incertos.

Oliver — Case-se comigo.

O silêncio que se segue é quase palpável. Então, de repente, ela solta uma risada.

Eduarda — Essa foi boa.

Mas quando percebe que meu olhar permanece sério, sua expressão muda.

— Espera… você está faLando sério?

Cruzo os braços.

Oliver — Caso não queira que eu conte ao senhor Peter sobre sua pequena brincadeira com Nicole… e se deseja continuar tendo uma carreira, é melhor pensar bem na minha proposta.

Ela arregala os olhos, sua postura se tornando rígida.

Eduarda — Isso é um pedido ou uma ameaça?

Minha voz sai firme e impassível.

Oliver — Entenda como quiser.

O ar entre nós parece carregado de tensão quando dou meu ultimato:

— Você tem 24 horas para me dar uma resposta. Nem mais, nem menos.

...Continuar.......

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Personagens:

...Denise ( Colega de turma de Eduarda )...

...Betty (Secretaria de Oliver)...

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