#6 - O Encontro Improvável

...Eduarda...

■ Alguns dias depois... 🗓

Alba — Querida, acorda! — O chamado dela ecoou pelo cômodo, fazendo-me piscar algumas vezes antes de abrir os olhos por completo.

Sentei-me na cama, ainda sonolenta, esfregando o rosto com as mãos. Meus livros estavam espalhados pelo colchão, e a caneta que segurava antes de dormir ainda repousava sObre as páginas rabiscadas.

— Pelo visto, pegou no sono estudando de novo — Alba comentou, cruzando os braços e me observando com um misto de carinho e divertimento.

Bocejei, tentando espantar o cansaço.

Eduarda — A senhora já chegou? Achei que ficaria de plantão hoje.

Alba — E fiquei, querida. Mas você não devia estar...

Eduarda — Droga! — exclamei, levantando às pressas.

Meu coração disparou ao olhar para o relógio. Eu estava atrasada!

Joguei os cadernos dentro da bolsa de qualquer jeito, enquanto minha mãe apenas suspirava.

Alba — Vá tomar um banho, eu arrumo sua bolsa — disse, pegando meus pertences com a paciência que só as mães têm.

...☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆...

Cheguei ao campus com quinze minutos de atraso, o que, para mim, era inédito. Felizmente, minha primeira aula era com a professora Drake, e ela dificilmente se importava com pequenos atrasos, principalmente os meus. Afinal, nunca aconteciam.

Respirei fundo antes de abrir a porta da sala e entrei de maneira sorrateira, tentando não chamar atenção. Caminhei rapidamente até um dos assentos vagos ao lado de Denise.

Denise — O que aconteceu com você? — ela sussurrou, estreitando os olhos. — Você nunca se atrasa.

Eduarda — Meu despertador não tocou e... — As palavras morreram na minha boca assim que meus olhos se fixaram no professor à frente da turma.

Meu corpo enrijeceu.

Não. Não pode ser.

— O que ele está...? — minha voz falhou.

Denise seguiu meu olhar e, ao perceber para onde eu estava olhando, abriu um enorme sorriso.

Denise — Ele? — Seu tom malicioso me fez engolir em seco.

— É nosso novo professor de Termodinâmica. — Ela apoiou o queixo nas mãos, suspirando dramaticamente. — Não achou ele um gato?

Meus dedos se apertaram ao redor da caneta. Meu estômago afundou como se tivesse despencado de um penhasco.

Eduarda — Isso não é bom. Isso não é nada bom. — Murmurei, ainda sem desviar os olhos dele.

Denise — Isso é ótimo! — Denise rebateu animada. — Ninguém, além de você, gostava da senhora Drake. Agora sim, as aulas de Termodinâmica se tornarão mais interessantes.

Eduarda — Eu estou acabada. Completamente acabada.

Minha mente girava. Como isso era possível? Como Oliver González podia estar ali?

A necessidade de sair daquela sala cresceu dentro de mim como um alarme de incêndio.

— Preciso sair daqui. Antes que ele me veja. —Pensei.

A pressa foi minha pior inimiga. No instante em que me levantei, minha bolsa escorregou do ombro e tudo que estava dentro dela despencou no chão.

Os olhos de toda a turma, incluindo os de Oliver, voltaram-se para mim.

Meu coração martelou no peito enquanto me abaixava para recolher meus pertences o mais rápido possível. Mas já era tarde.

Um par de sapatos elegantes parou diante de mim. Levantei o olhar devagar, como se estivesse em um pesadelo, e me deparei com Oliver segurando minha carteira de estudante.

Oliver — Imagino que isso também seja seu, senhorita... — Ele fez uma pausa enquanto lia meu nome. — Clarke, certo?

Engoli em seco e apenas assenti, pegando a carteira de suas mãos rapidamente.

— Volte ao seu lugar, senhorita. Caso contrário, serei obrigado a adverti-la.

Fiz exatamente o que ele pediu, sentando-me de volta ao lado de Denise, que me olhava com pura diversão.

A aula começou, mas eu não consegui absorver uma única palavra. Meus olhos permaneceram fixos no quadro, mas minha mente estava em completo caos.

E como se as coisas não pudessem piorar, ele decidiu escolher um assistente para auxilIá-lo.

A sala inteira ficou em alerta, especialmente as garotas, que pareciam empolgadas com a possibilidade de trabalhar ao lado do professor.

— Acho que tal cargo deve ser destinado à melhor da classe. — Oliver disse, aproximando-se lentamente da minha mesa. — Senhorita Clarke!

Minha respiração ficou presa na garganta.

— Ouvi falarem muito bem da senhorita. Não tenho dúvidas de que estou fazendo uma excelente escolha. Não acha?

O pânico subiu por minha espinha.

Eduarda — Não concordo com o senhor. — Respondi rapidamente. — Existem alunos tão bons quanto eu. Jasper, por exemplo. Ele é o segundo da classe. E também tem a Denise, ela...

Denise — Sim, professor! — Denise interrompeu antes que eu pudesse continuar. Seu tom era doce e sedutor. — Sou a terceira melhor. Adoraria auxiliá-lo.

Ela sorriu e girou a caneta entre os dedos, aproximando-se um pouco mais de Oliver.

Antes que a conversa pudesse se prolongar, o relógio no pulso dele apitou. Pela primeira vez no dia, senti uma pontada de alívio.

Oliver — Muito bem, pessoal. Isso é tudo por hoje. — Ele anunciou.

Apressadamente, comecei a guardar minhas coisas, grata por Denise e outras alunas distraírem Oliver, permitindo-me escapar da sala.

Peguei meu telefone e, com dedos trêmulos, enviei uma mensagem para Nic, pedindo que me encontrasse na cafeteria.

...☆☆☆☆☆☆☆...

O aroma de café fresco pairava no ar quando Nic se sentou à minha frente, franzindo a testa.

Nicole — O que de tão urgente você precisava falar comigo?

Eu soltei uma risada irônica.

Eduarda — Não lembro de você ter me contado que o tal Oliver era professor.

Nic piscou, confusa.

Nicole — Do que você está falando? Oliver não é professor. Ele é o único herdeiro do grupo G&L Automotive.

O sangue sumiu do meu rosto.

Eduarda — Espera aí... Ele é o neto do senhor Alexander González?

Nicole — Exatamente. Mas por que você achou que ele...?

A voz dela morreu quando seus olhos focaram em algo atrás de mim.

Meu estômago revirou.

Lentamente, virei-me.

E lá estava ele.

Oliver González, parado na entrada da cafeteria, com Denise ao seu lado, que tagarelava animadamente.

Nic arregalou os olhos.

— Quem é aquele deus grego ao lado de Denise?

Respirei fundo.

Eduarda — Aquele deus grego? Adivinha.

Nicole — Novo namorado?

Eduarda — Antes fosse. — Cruzei os braços. — Aquele lá é Oliver González.

Nic congelou.

Nicole — Não.

Eduarda — Sim.

Nicole — Não pode ser.

Eduarda — Adoraria que fosse uma piada. Mas não é.

Ela abriu a boca para dizer algo, mas seus olhos se arregalaram ainda mais.

Nicole — Ai, meu Deus! Eles estão vindo. O que faremos?

Suspirei pesadamente, apoiando a testa na mão.

Eduarda — Excelente pergunta, Nicole.

Nesse momento, Denise chegou até nós, com Oliver ainda ao seu lado. Ela sorriu amplamente, como se não soubesse da tensão que estava prestes a se instalar.

Denise — Olá, meninas. Estou mostrando a universidade ao professor. Ele perguntou onde os alunos costumam ficar entre os intervalos das aulas, e eu o trouxe aqui. — Denise disse, animada.

Eu forcei um sorriso, tentando manter as aparências.

Eduarda — Ótimo. — Respondi, a palavra saindo com esforço.

Denise — Eu e minha falta de educação. Nic, esse aqui é nosso novo professor. Duda já deve ter falado sobre ele a você. Professor, essa aqui é Nicole, mas a chamamos de Nic. Ela e Eduarda são primas.

Oliver, com um sorriso um tanto irônico, nos encarou de maneira observadora.

Oliver — Então, as duas são primas? — Ele perguntou, o sarcasmo em sua voz claro.

Nic, visivelmente desconfortável, murmurou baixinho, mas eu ouvi nitidamente suas palavras, uma mistura de frustração e resignação.

Nicole — Aí, aí... Eu estou muito ferrada. — Ela resmungou, deixando escapar um sorriso nervoso.

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