Capítulo 18

...CHRISTIAN...

Ela disse ‘sim’. Não conseguia me lembrar da ultima vez que estive tão feliz, da última vez que sorri tanto. Isabella concordou em namorar comigo, quis me dar uma segunda chance. Eu não que merecia um anjo tão perfeito tivesse misericórdia de mim depois do ódio que destilei em Nova York no ano passado.

Claro, não foi perfeito, mas foi muito mais do que eu merecia. Ela ainda era minha, e eu me certificaria de não decepcioná-la novamente. Subindo no pódio com Isabella, aceitando nosso troféu de ouro, posso muito bem estar no topo do mundo.

Nada parecia tão bom, escalar o Everest, se tornar CEO, terminar uma maratona. Nem mesmo a porra do glitter que caiu no meu terno de seda poderia me irritar.

Mais tarde, enquanto dirigíamos pela noite, com as luzes da cidade formando um caleidoscópio de cores no banco de trás, deixei meus olhos vagarem sobre o anjo adormecido ao meu lado. Ela desmaiou no segundo em que o motor foi ligado.

Sua melhor amiga e irmão estavam se casando, ela disse. E ela seria a dama de honra. Sim, ela disse. Excitação demais, eu suponho.

“Devo ajudar a Sra. Knight a ir pro quarto dela, Senhor?” Marco perguntou baixinho quando paramos na frente do nosso prédio. Ele desafivelou o cinto de segurança.

“Não, eu farei isso. Você pode ir pra casa passar a noite”.

Cuidadosamente, me levantei do carro e levantei a Isabella em meus braços. Com a cabeça pressionada contra minha lapela, agradeci ao porteiro enquanto ele nos ajudava a atravessar o saguão e entrar no elevador. Mais e mais alto, subíamos até a cobertura.

Para nossa casa. Deus, ela me derretei como alguém apaixonado. Pior ainda, fiquei feliz com isso. Papai estava certo. Isabella me tinha nas mãos.

As portas do elevador se abriram e as luzes apagadas do corredor piscaram quando eu pisei no corredor, com minha esposa nos braços. Lá embaixo, o barulho e a vida da cidade zumbiam, distantes demais pra nos perturbar.

Eu carreguei Isabella pro quarto dela, embora eu tivesse pensado em leva-la pro meu. Ela não estava pronta pra isso ainda. Meus lençóis também não estavam limpos o suficiente. Em vez disso, coloquei-a com cuidado na sua cama, ainda em seu vestido, tirei os Jimmy Choos de seus pés e a cobri com uma colcha pendurada nas costas de uma poltrona próxima.

Quando o luar iluminou sua pelo com um brilho iridescente, de repente eu senti que precisava correr, ou gritar, ou me mover. No enquanto essa não era a raiva costumeira que corria em minhas veias.

Era algo que eu não sentia há muito tempo. Algo melhor do que raiva, esperança. Achei que não fosse possível. Depois de toda a dor e traição que experimentei no ano passado, eu tinha certeza de que não era feito pra amar.

Eu tinha certeza de que o destino havia forjado um proposito diferente pra mim, um de conquista, retidão e poder. Ninguém jamais teve sucesso por meio do amor, dizia a mim mesmo. Era só um peso na vida. Apenas atrapalharia. Era inútil.

Elon Musk e Opha não precisavam de amor pra dominar o mundo, nem eu. Nas ultimas semanas, tudo isso mudou. Nada parecia mais importante do que isso. Do que ela.

Sentado na beira do colchão, afastei o cabelo dourado solto de sua testa. “Que tipo de feitiço você me colocou?” Inclinei-me e pressionei o mais leve dos beijos em sua testa. “Boa noite, meu anjo”.

...ISABELLA...

Mergulhando no calor do café, sacudi meu guarda-chuva e o deixei pendurado no suporte ao lado da porta junto com meu casaco úmido. Emily já estava na maior mesa, com xicaras de café e diversos materiais de casamento em sua parte superior.

Ela ergueu os olhos da revista de noivas que estava folheando enquanto eu deslizava pro banco ao lado dela. “Você parece feliz”. Peguei uma revista. “Estou muito animada por você”.

“Eu não acredito”, Dustin zombou do outro lado da mesa. Ele tinha um raminho de flor na orelha e se abanava com um punhado de amostras de tecido. “Acho que nossa pequena Rainha Dançante tem um segredo”.

Eu examinei a cafeteria, tomando cuidado para me certificar de que estava vazia antes de revelar quaisquer detalhes. Eu sabia muito bem como os boatos se espalharam rapidamente e se transformaram em noticias quando chegavam aos ouvidos errados.

Pode não ser meu corpo nu desta vez, mas eu tinha certeza que se alguém soubesse que meu relacionamento com Christian estava em ruinas, eu veria no noticiário das seis. “Christian e eu estamos namorando”.

“Oh. Olha só. Finalmente” Dustin disse, batendo palmas. “Eu sabia que você cederia uma hora”

Minhas bochechas esquentaram e eu me senti encolhendo os ombros. “Ele tem estado tão... diferente ultimamente”.

“Sim, desde que você viu seu...”

“Emily?” Interrompi antes que Dustin pudesse terminar a frase. Minha amiga ficou de queixo caído com o meu anuncio, e um pouco da minha confiança também foi pra baixo.

Emily fechou sua revista. “Estou feliz por você. Realmente estou. Eu só... ele tem sido tão terrível com você, Bella. Você estava pronta pra se divorciar do homem há uma semana. Só não quero ver você se machucar”.

Peguei sua mão, apertando seus dedos. “Eu sei. Ele está diferente agora. Eu posso sentir isso”.

Ela ofereceu um pequeno sorriso e acenou com a cabeça. “Eu estou aqui, não importa o que aconteça. Sempre”.

“Bem, eu, por exemplo, estou muito feliz”. Dustin deixou seus antebraços caírem sobre a mesa, suas palmas batendo contra a madeira como se para acentuar seu ponto. “Eu não estaria aqui se não fosse por vocês dois. Você e seu, às vezes, marido são os motivos pelos quais minha carreira decolou. Quem sabe onde eu estaria se você não tivesse me ajudado com minha primeira exposição?”

Ele acenou com a mão no ar. Poderia ter sido tão dramático quanto pretendia se não estivéssemos sentados no café onde ele ainda trabalhava meio período. Emily riu, ganhando um olhar furioso.

“Hater”, Dustin atirou de volta.

“Bem, você tornou isso mais fácil”, eu o assegurei. “Você é tão talentoso”.

“Você tem que me deixar retribuir de alguma forma”.

Eu balancei minha cabeça. Christian tinha coisas mais do que suficientes pra nós dois. Além disso, seria errado aceitar algo do meu amigo por um favor tão simples. “Eu não poderia”.

Seus olhos arregalaram. “Eu sei exatamente o que você precisa... um original de Dustin Sterling. Oh, por favor, deixe-me pintar pra você”.

Um pequeno sorriso surgiu em meus lábios. Se isso o deixava tão feliz, eu não sabia como recusar. “Sim, gostaria muito disso”.

“Fabuloso! Espere só. Vou pintar algo tão bom que você vai se divorciar de seu terrível marido de verdade desta vez e se casar comigo”, Dustin se emocionou.

“Ei!” Foi a vez de Emily me defender. “Pare de nos assediar e vá fazer um café com leite”.

“Tudo bem, mas você está pagando por eles desta vez, Srta. Sassafras”. Dustin se levantou da mesa.

Eu não pude conter minha risada quando Emily gritou de volta: “É SENHORA Sassafras pra você!”

Eu não pude evitar, mas me joguei no planejamento do casamento. Não era apenas a emoção de ver minha melhor amiga e meu irmão tão felizes juntos. É que nunca tive a oportunidade de planejar meu próprio casamento.

David tinha organizado tudo. E embora tivesse sido grandioso e lindo, não tinha sido meu. Não havia nada de mim ou de Christian. Emily queria uma apresentação de slides com imagens dela e de Lucas pra mostrar durante a recepção.

Sua musica favorita tocaria pra sua primeira dança como marido e mulher. Eles escreveriam seus próprios votos. Parecia mágico. Ter tanto dos dois em detalhes tornaria esse dia memorável para sempre.

Eu nunca tive a oportunidade de ter meu dia perfeito e me lembraria do meu casamento por um motivo completamente diferente. Meu marido e eu não tínhamos dançado nossa música favorita. Nós não tínhamos uma música favorita.

Não tínhamos dormido na mesma cama em nossa noite de núpcias. Na verdade, meu marido dormiu com outra mulher. Com um suspiro, passei pra outra imagem de vestido de noiva.

Não havia sentido em deixar o passado me derrubar. A noite passada foi espetacular. Se a minha vida e a de Christian continuasse assim, o que coisas tolas como dançar pra Ed Sheeran importavam?

A campainha sobre a porta soou, tirando-me dos meus pensamentos. Uma rajada de ar frio entrou, levantando fotos de vestidos e arranjos de flores da mesa. Lutei para agarrá-los antes que posassem no chão úmido.

“Olá!”, Dustin falou. “Posso ajudar?”

“O que você gostaria, mon coeur?”

Um choque de medo percorrei minha espinha. Eu conhecia aquela voz. Ela havia assombrado meus sonhos por meses.

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