Capítulo 17

...CHRISTIAN...

“Isabella! ISABELLA, ESPERA!” Eu estava correndo atrás dela o mais rápido que pude. Estava frio e ela não estava usando nada além de um vestido de festa, pelo amor de Deus. Para onde ela estava indo?! “Isabella, por favor”

Eu finalmente consegui alcança-la no meio de uma faixa de pedestres. Eu agarrei seu braço antes que ela pudesse chegar ao outro lado da rua. De cada lado de nós, carros passavam ruidosamente, aumentando a intensidade do momento.

“O que está acontecendo?” Eu perguntei a ela. “Isabella, olhe pra mim”. Tentei colocar meu casaco nela, mas ela resistiu, me afastando. Por um segundo, pensei que ela estava prestes a entrar no transido e tive que agarrar seus ombros com força. “Isabella, PARA!”

Ela finalmente parou e olhou pra mim, e eu percebi que havia lagrimas naqueles olhos grandes e lindos. “O que aconteceu?”, eu perguntei.

“Tudo, Christian”, ela exclamou. “É tudo. Tudo o que somos. Tudo o que não somos. Eu não consigo mais manter isso direito. Eu sinto que estou enlouquecendo”.

“Eu sei que foram uns meses confusos, mas...”

“Confusos? Não consigo nem me reconhecer mais no espelho, Christian!”

Eu nunca a tinha ouvido levantar a voz assim. Suas bochechas estavam vermelhas, seu rímel escorrendo. O frio intenso a fazia tremer.

“Vamos entrar”, eu disse, vendo o homenzinho na faixa de pedestres brilhar em verde. “Podemos conversar sobre tudo”.

“Não”, ela disse, resistindo. “Não quero mais falar. Eu quero saber. O que nós somos? O que isso significa pra você, Christian? De verdade?”

Eu respirei fundo. Por um tempo, eu sabia que precisava me confessar a Isabella, mas tive muito medo de começar. Agora, no meio da cidade de Nova York, quando a neve começou a cair, eu sabia que não havia jeito. Já era hora.

“Isabella, eu sei por que você se casou comigo”, comecei. “Meu pai me contou tudo. Sobre as contas médicas do seu pai. Sobre o acordo. Eu...” E finalmente, eu disse a palavra que nunca havia dito antes, a única palavra certa pra este momento.

“Eu sinto muito. Sinto muito mesmo, Isabella. Por tudo. Pelas coisas que te chamei. Pela maneira como te tratei. Se eu soubesse o tempo todo que não se tratava de dinheiro, que era um ato altruísta...”

Meus olhos ardiam. Eu podia sentir lagrimas que queriam fluir. Mas, não porra, eu não permitiria. Eu ainda tinha muito a dizer. Isabella me observou com os olhos arregalados.

“Eu não posso me perdoar por quão horrível eu fui com você, Isabella. Depois de tudo que você fez por mim. Depois que você salvou minha vida. Eu entendo se você quiser terminar o casamento”.

“Christian, eu não posso...” Ela tentou falar. “David e eu temos um acordo”.

“Dane-se o acordo. Se você quer ser livre, deveria ser, Isabella. Você merece isso. Eu mesmo vou rasgar o acordo. Mas...” E agora eu olhei pra baixo. Se eu continuasse olhando pra aqueles olhos puros e perfeitos, eu sabia que eu quebraria. Quebraria em mil pedaços. Eu perderia o controle.

“Vou deixar você ir se for preciso, Isabella, mas você deve saber que é a ultima coisa que eu quero. Eu... eu quero que você fique, Isabella. Fique!”

Eu não sabia o que Isabella estava prestes a dizer, mas sabia que quaisquer que fossem as próximas palavras que saíssem de sua boca, elas mudariam tudo... “O que você quer, Isabella?” Eu perguntei. “Você fica?”

...ISABELLA...

O que eu quero? Emily tinha feito a mesma pergunta apenas algumas semanas atrás. Meus lábios se separaram em resposta, mas descobri, novamente, que não conseguia formar as palavras. A resposta não era tão simples.

Não era uma questão do tipo vestido vermelho ou azul. Sushi ou macarrão. Isso era felicidade e amor. Tristeza e morte. Era minha vida. O futuro da minha família. Quando minha mente começou a girar com pensamentos e memorias, fechei os olhos, incapaz de me concentrar com o peso do olhar perscrutador de Christian em mim.

“Não”, eu finalmente disse, me surpreendendo. Com os olhos abertos, me forcei a não vacilar enquanto observava a expressão de Christian cair. “Eu não estou pronta pra ficar, pra continuar casada com você”.

Christian engoliu em seco, “Eu entendo. Eu...”

“Mas” Eu levantei meu dedo. “Eu gostaria de começar de novo. Se estiver tudo bem”.

Eu ouvi o ar saindo dos pulmões de Christian como se ele tivesse levando um soco no estômago. Um sorriso radiante se espalhou por seus lábios. “Eu não gostaria de mais nada”. Ele me envolveu em seus braços, de repente me abraçando.

“Nesse caso”, seu hálito doce soprou em minhas bochechas. “eu gostaria de convidar você pra sair. Na próxima sexta, talvez? Eu conheço uma pizzaria bonitinha...”

Incapaz de me conter, eu ri. “Isso parece maravilhoso”.

“Isabella, eu...” Christian parou, lambeu os lábios e me apertou mais entes de recuar. “Vamos entrar. Está congelando. E eles estão prestes a anunciar os vencedores”.

Com os braços em volta dos meus ombros, deixei Christian me levar de volta pro outro lado da rua e pro salão de banquetes. Apesar da neve caindo nas ruas, eu me sentia aquecida. Brilhante. Era como se estivesse andando nas nuvens.

Se havia uma coisa que eu sabia, era que você sempre precisava pesar o que era bom e o que era ruim. Desde que conheci Christian, minha vida teve seus altos e baixos, mas não havia duvidas em minha mente de que o bom superava muito o mal. Especialmente depois que voltamos da ilha.

Era como se meu marido tivesse se tornado uma nova pessoa. Não seria justo usar tudo o que ele disse no passado contra ele.

“Chegou o momento que todos esperávamos”, falou o locutor enquanto Christian e eu nos dirigíamos ao centro da pista e ocupávamos nosso lugar entre os outros participantes. “É hora de anunciar os vencedores. Primeiro, em terceiro lugar...”

Aplausos educados atravessaram o ar.

“Em segundo lugar...”

Eu não conseguia me concentrar nas palavras que o locutor estava dizendo. De qualquer maneira, não importava se ganhamos ou não. Eu já tinha ganhado um prêmio melhor do que poderia esperar esta noite. Seria ganancioso esperar algo mais.

Em vez disso, deixei minha alegria irradiar através de mim, senti minha pele formigar quando minha mão tocou a de Christian, e minhas bochechas queimaram de tanto sorrir.

Houve um estrondo e o estouro do champanhe quando os vencedores do segundo e primeiro lugar foram anunciados. Glitter e confete tomaram o ambiente. Balões caíram do teto.

Christian praguejou ao meu lado, e então fui levantada, girando no ar. Eu ouvi suas palavras sem fôlego enquanto seus lábios roçavam meu ouvido. “Eu não posso acreditar”.

Então, eu estava num pódio e um enorme ramo de flores foi colocado em meus braços enquanto a multidão aplaudia.

“Parabéns, meus filhos”, David, aparecendo abaixo de nós. Ele me ajudou a descer do degrau e esmagou o buque de rosas brancas entre nós enquanto me abraçava. “Você dançou lindamente! Estou orgulhoso de você”, seus olhos brilharam pra encontrar os de seu filho. “De vocês dois. Agora, vamos pegar algumas bebidas. A noite ainda é uma criança”.

Christian me puxou através da multidão em direção ao bar. As luzes das câmeras e os sorrisos dos convidados não pareciam tão malévolos agora. Não, agora eu era invencível. Eu rapidamente me desculpei, deixando Christian fazer o pedido pra nós enquanto eu deslizava pro banheiro.

Depois de dançar e chorar, eu sabia que deveria estar uma bagunça. Na pia do banheiro, joguei um pouco de água no rosto e apliquei novas camadas de rímel e batom. Então, decidindo aproveitar o momento de calma, tirei meu celular da minha bolsa. Havia três mensagens de texto da Emily.

Emily: MDS! MDS! MDS! BELLA! LUCAS ME PROPÔS EM CASAMENTO!

Eu não tinha certeza se era possível, mas parecia que meu sorriso ficou ainda maior. Rapidamente, digitei uma resposta.

Isabella: Uhuuuul! Parabéns!!!

Emily: Você sabia? Como você me deixou reclamar semana passada?

Isabella: Eu sabia que tudo acabaria bem. Estou tão feliz por vocês dois.

Emily: Você será minha dama de honra?

Isabella: Claro! Você sabe que pode contar comigo sempre.

Fizemos planos de nos encontrar pra começar a fazer os preparativos para o casamento e depois nos despedimos. Era engraçado como a vida tinha um jeito de mudar as coisas. Apenas algumas semanas atrás, eu não conseguia ver o lado positivo de nada.

Agora era como se em todos os lugares em que eu sintonizasse o mundo estivesse dourado com o mais brilhante e puro ouro.

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