Essa Porra É Minha
Emilly Barbieri Vizzini
Chefe da máfia italiana ‘Cosa Nostra’
Eu sou o tipo de mulher que você observa em silêncio — não por falta de palavras, mas por receio de pronunciá-las na minha presença. O meu nome vem depois da minha reputação. E quando eu chego, o mundo desacelera.
O meu olhar é o primeiro aviso. Olhos claros, azuis e intensos, penetrantes, como lâminas de gelo que atravessam a alma de quem tenta mentir para mim. Eles não pedem permissão — eles examinam, julgam, e se necessário, condenam. Minha pele é pálida como porcelana, marcada pela frieza de quem já viu demais e sentiu de menos.
Os cabelos? Escuros como a noite mais densa, caindo em ondas perfeitamente rebeldes, como eu. Há um caos controlado neles, uma elegância que não precisa de esforço. Nada em mim é casual — cada fio, cada curva, cada palavra, foi moldado para intimidar e fascinar ao mesmo tempo.
Meus lábios vermelhos são meu selo de guerra. Quando sorrio, é o tipo de sorriso que faz homens esquecerem o próprio nome... e lembrá-lo gravado numa cicatriz mais tarde.
Visto preto. Sempre. A cor do poder, da ausência de fraqueza. Meu casaco de corte impecável não é moda — é armadura. Não peço respeito. Eu inspiro medo, e isso basta.
O meu rosto pode parecer o de uma musa clássica. Mas não se engane: há mais veneno na minha beleza do que em qualquer arma que eu possa carregar.
Eu não ando. Eu marco.
E eu não vim ao mundo para ser domada.
Desde pequena, aprendi que, para vencer alguém, é preciso lutar.
Tenho muitos nomes: Diavolo (diaba), Angelo della morte (anjo da morte), e o mais temido de todos... Dannazione (Maldita).
Mesmo cercada de amor, nada é suficiente para curar certas feridas — a dor da desilusão, a solidão, e, principalmente, a traição.
Já senti cada uma dessas na pele.
tenho 23 anos e sou a chefe da máfia italiana. Comando o maior esquema de tráfico de armas da América Latina. Nunca viram o meu rosto, nunca me prenderam. Sou ardilosa, habilidosa. Confio em poucos, e jamais ando sozinha.
O Consigliere e o Conselho vivem insistindo para que eu me case e tenha um herdeiro para a máfia. Mas casar? Ter um filho? isso nunca. Não porque eu não queira... mas porque jamais colocaria alguém que amo nesse inferno que é o submundo criminoso.
Sou inteligente, estratégica, mas também emocional — quando necessário.
Você pode estar se perguntando: Emilly, você tem família? Amigos?
Tenho, mas, se dependesse da minha família de sangue, eu já estaria morta.
Amigos? Apenas dois: Guilherme Ricci — meu braço direito — e meu Consigliere.
Guilherme salvou a minha vida aos 12 anos, no dia em que a minha mãe me abandonou nas costas da minha falecida tia Marina. Foi nesse mesmo dia que a minha tia morreu num incêndio... e Guilherme me tirou de lá. Anos depois, fui adotada por Don Calogero Vizzini, que havia perdido seu único filho, Pedro, em um acidente.
Ele me criou como filha. Foi ele quem me ensinou a lutar, a atirar, a torturar e a sobreviver. O resto, aprendi sozinha.
Criei meu próprio império dentro da máfia. E me tornei o que sou hoje: a mulher mais temida da Itália.
Tive outro nome. Um passado. Mas deixei tudo para trás.
Hoje, o meu único foco é o poder. E a máfia.
Se me perguntassem o que é a máfia, eu diria:
"É uma pirâmide de silêncio. Cada degrau, um segredo. No topo, o capo — o patriarca implacável, cujas ordens ecoam como trovões. Abaixo, soldados — força bruta. E os Consiglieri — sussurradores de intrigas e manobras. A Omertà é o véu que cobre seus crimes. E a violência... a única linguagem que todos entendem."
Hoje tenho um encontro com aquele merda do Felipe — um chefete de droga metido a esperto que resolveu misturar as porcarias dele com as minhas armas. Sou zelosa com o meu trabalho, e se não fosse por esses idiotas, meu império já teria desandado. Aqui, ou você vira tubarão, ou é devorado vivo por um e eu sou o maior predador que já existiu.
Enquanto caminho pelos corredores da minha empresa de fachada, o meu secretário me acompanha, repassando a minha agenda:
— Senhora, hoje a senhora tem reunião com o sócio majoritário da Fila às 15h40. Em seguida, reunião com a administração e o RH. À noite, o jantar com o cliente VIP, Alexandre Henrique.
— Que horas é o jantar? — pergunto, já entrando no elevador.
— Às 19h30, senhora.
— Ótimo. Remarque a reunião com o RH para amanhã às 8h30.
— Sim, senhora.
Hoje aquele desgraçado do Felipe vai me pagar...
Ao sair do elevador, os funcionários me cumprimentam com um aceno discreto, e meus saltos ecoam pelo assoalho. Entro na sala de reuniões. Todos se levantam. Sento. E, só então, eles se sentam.
— O que temos para hoje?
— Senhora, o setor financeiro caiu bastante após o investimento na Adidas. A situação está crítica.
— Quanto foi o investimento?
— Cem milhões...
— Quanto ainda temos?
— Tirando o fechamento do mês, restarão apenas sessenta milhões.
— E os outros investimentos?
— Se conseguirmos fechar com a Fila, estimamos um retorno de trinta milhões...
— Eu perguntei isso? — interrompo, irritada. — Quero saber quanto tempo falta para aqueles abutres me pagarem.
Ele engole seco segurando os documentos com as mãos trêmulas.
Era só o que me faltava...
— Não sabemos ao certo... O gestor deles alega que ainda não conseguiu gerar o comprovante de renda mensal...
Bati a mão na mesa. Todos se calaram, assustados.
— Eu não quero saber, porra!! Se estiverem tramando algo... vão se arrepender amargamente.
Cruzei as pernas, cliquei a caneta com firmeza.
— Me informem assim que resolverem isso.
Levantei e fui para a minha sala. Assim que me sentei, o telefone tocou.
— Oi, gata... — era o maldito do Felipe. — Queria saber quando será a exportação das armas.
— Está misturando as suas merdas com o meu carregamento de novo, caralho?
— N-não, senhora!
— Quero você comigo às 17h. Nem pense em atrasar ou eu arranco a sua cabeça.
— Tá bom, vou estar onde você quiser. — o tom era puro sarcasmo.
Insolente...
— Vai ser no cais. Vou te mandar a localização.
Desliguei antes que ele terminasse a frase.
\_**Flashback**\_
Eu tinha 12 anos. Dois garotos me espancavam no meio da rua, enquanto eu implorava por socorro.
— Você é filha da prostituta, é? Responde, sua anêmica!
— Me... me deixem... por favor...
Eles chutavam o meu estômago, meus braços, rosto. até que cuspi sangue. Fui deixada lá, jogada no frio. Caminhei cambaleando até a casa da minha tia. Quando entrei, encontrei Marina caída no chão, coberta de sangue.
— Filha... corre... — foi tudo que conseguiu dizer antes da explosão na cozinha.
O fogo começou a se alastrar. A fumaça me cegava, o meu corpo ardia. Eu gritava. E chorava até que um homem alto e musculoso apareceu no meio dos escombros...
\_**Fim do flashback**\_
Apertei o meu colar com força, tentando conter a raiva.
Mais tarde, fui até minha mansão, escolhi a melhor roupa de combate — não que ele merecesse — e dirigi meu Impala Sedan 1967 até o cais.
Felipe já me aguardava com um sorriso zombeteiro no rosto.
— Boa tarde, bela dama...
— Poupe sua ladainha. Me diga por que diabos está misturando as minhas armas com a porcaria do seu pó?
— Precisávamos economizar no combustível, senhorita...
— Quem é que te paga?
— Você...— Respondeu ele indiferente.
— E o dinheiro que eu mando não é suficiente, caralho?
— É sim, senhorita...
— Então tire as suas drogas de perto do meu carregamento. Ou da próxima vez, não será só uma conversa.
— Isso não vai acontecer, gata... — disse com escárnio.
Nem precisei olhar pra saber: a sua gangue estava atrás de mim.
Esse merdinha quer morrer.
— Hahaha...
— Você se acha demais só porque comanda um tráfico de merda! Não vou deixar uma mulher me humilhar, sua vadia.
— Quanta ingenuidade...
— Ingênua é você por achar que eu ficaria parado te ouvindo...
Todos vieram de uma vez pra cima de mim — um bando de amadores desesperados. Eu só acendi o meu cigarro, tragando com calma, como quem observa um espetáculo ridículo. Quando estavam prestes a me encostar, dei um salto mortal, saquei a arma da cintura e explodi as cabeças de todos, uma por uma, sem apagar o sorriso do rosto.
Felipe, vendo o massacre, veio pra cima gritando, cego de ódio. Tentava me acertar com socos desajeitados, mas eu desviava como quem dança — fluida, entediada. Em um dos movimentos, agarrei o pulso dele e torci com força, arrancando um grito agudo. Imobilizei o infeliz e apaguei o idiota com um único soco, seco e certeiro.
Meu telefone tocou. Atendi com a mesma frieza com que mato.
— Fala. — respondi, soprando a fumaça.
Era o meu secretário.
— Senhora, estou ligando para lembrar do jantar desta noite...
Olhei o relógio. 18:30. Uma hora pra voltar e me transformar de assassina para a mulher mais desejada do salão.
— Estarei lá. — respondi sem emoção. E desliguei.
Suspirei fundo.
— Ser a chefe da máfia italiana não é pra qualquer um... — murmurei, com um meio sorriso nos lábios.
Disquei outro número, direto e preciso.
— Boa noite, madame...
— Vou precisar de um lugar discreto pra guardar um passarinho metido a gavião.
— Me envie a localização, eu mesmo vou buscar o brinquedo. — respondeu ele com diversão na voz.
bando de sádico.
Desliguei. Quando virei pra sair, senti algo prender meu pé.
Felipe. Com a cara arrebentada, ainda tentava me xingar.
— Va... vadia...
— Ainda acordado? — levantei a perna e meti o salto na cara dele — Está na hora das crianças irem dormir.
Ele apagou na hora. Dei meia-volta e fui pra casa. Silvia, minha governanta, veio ao meu encontro e tirou minha jaqueta com o respeito habitual.
— Vai jantar em casa, senhora?
— Não. Pode descansar, Silvia.
— Sim, senhora...
Ela se retirou, como mandava o figurino. Subi ao meu quarto e fui direto ao closet. Escolhi um vestido vermelho vinho, justo na medida, com um decote em V e uma fenda elegante. O tecido? Veludo francês. Importado pelo meu estilista pessoal.
Hoje o cliente é um garanhão famoso da indústria da moda. Está interessado em mim há tempos — vou dar a ele um gostinho, talvez. Ou só usar o encontro pra desestressar.
Depois de um banho quente, finalizei a produção. Onde eu passo, eu sou notada — não só pelo rosto, ou pelo corpo. Mas pela maneira como carrego minha própria existência. A postura de quem manda, e sabe disso.
Passei meu perfume floral. Desci as escadas devagar, como se o mundo tivesse que esperar por mim. Escolhi o meu Bugatti La Voiture Noire vermelho (cor vinho) e dirigi até o restaurante.
Ao chegar, o chofer pegou a chave. Entrei. O lugar era bonito... mas nada me impressiona mais. Quando você atinge o topo, o luxo vira rotina. Tudo passa a ser um teatro montado pra agradar os outros. Eu só assisto.
Avisto o lindo na mesa. Quando os nossos olhares se cruzam, ele derruba o vinho e mancha o próprio terno. Um desastre. E, pela leitura labial, consigo ver exatamente o que ele está dizendo.
— Merda... — li seus lábios.
Sentei à mesa.
— É... eu... me chamo... qual é o meu nome mesmo?
Sorri de canto.
— Alexandre Henrique?
— Isso! — respondeu, rindo de nervoso.
— Recomendo o macarrão ao molho bolonhesa, senhorita — disse o garçom, chegando ao meu lado.
— Pode ser...
— de vinho?
Olhei para Alexandre e sem desviar os olhos, falei:
— Italiano. Safra 2003. Tinto, encorpado... forte. Uma escolha previsível — comentei, sem olhar para o garçom. — Mas aceitável.
Ele mordeu os lábios com fogo nos olhos...
No jogo da sedução, eu sempre brinco com a presa. Até descobrir até onde ela aguenta...
Até quando você vai aguentar Alexandre?
Será a minha putinh@ essa noite?
Ele mordeu os lábios, tentando conter o desejo, mas eu conheço aquele olhar. Está à beira de explodir de tesão — e é exatamente assim que eu gosto. No jogo da sedução, eu não conquisto… eu caço. Brinco com a presa até levá-la ao limite, até o instante em que o controle deixa de ser uma escolha.
Sexo e crime têm muito mais em comum do que as pessoas gostam de admitir. Ambos envolvem tensão, poder, prazer... e sangue. No fim, é sempre sobre quem está por cima — literalmente ou não.
— Eu ouvi dizer que a senhorita era linda, mas vê-la pessoalmente... é quase uma tortura.
Disse ele, sem desviar os olhos da minha boca, como se cada palavra que eu dissesse fosse uma ordem que ele mal podia esperar para obedecer.
— Não vai pedir nada? — questionei, inclinando levemente a cabeça e cruzando as pernas com elegância calculada.
— Ah, claro... Vou querer um macarrão italiano ao molho. De bebida, quero o mesmo que a senhorita à minha frente.
— Boa escolha — respondi com um sorriso enviesado, como se já tivesse previsto cada passo dele.
O garçom recolheu os cardápios e se afastou rapidamente. Ele também não conseguia me encarar por muito tempo.
— Então, senhor Alexandre... o que você realmente deseja?
— Há tantas coisas que eu quero... tantas posições... — respondeu, mordendo o lábio inferior, tentando me provocar, mas falhando miseravelmente em esconder o rubor que tomava conta do seu rosto.
— Eu quis dizer sobre a nossa colaboração — cortei, mantendo o sorriso. O tipo de sorriso que deixaria um homem confuso entre querer fugir ou ajoelhar.
Enquanto falava, meus olhos se desviaram ligeiramente para a lateral do salão. Uma mulher ruiva me encarava como se pudesse me matar com os olhos. Pobrezinha... insegura demais para sequer tentar.
— Ah, sim... — retomou ele. — Estou buscando uma oportunidade para abrir uma agência de modelos. Só preciso de investidores certos...
Voltei a olhar para ele e ri internamente. Tão previsível. Quanto mais eu provoco, mais eles se desmancham. Todos esses homens têm a mesma fraqueza quando encaram uma mulher como eu — beleza com veneno, poder com um sorriso.
E eu? Eu só estou me divertindo antes do próximo jogo.
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Revisado...
Continua...
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curtem e comentem 🦋
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Atualizado até capítulo 82
Comments
Joyce Castro
autora sua obra é maravilhosa, se poder me ajudar também como a minha eu ficarei grata/Heart//Kiss/
2024-09-10
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antonia geralda
começando a ler com muita expectativa.
2024-07-03
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