_Emilly_
Eu não fui completamente sincera com vocês. Há algo que nunca contei…
Tenho TOC. Não é o tipo leve, é algo mais profundo — uma aversão crua ao toque. Quando alguém me encosta sem permissão, a sensação que me percorre não é apenas incômoda… é insuportável. Chego a ficar furiosa.
E agora estou presa numa armadilha: o homem à minha frente, meu cliente, insiste em me tocar. Nas mãos, na cintura, no rosto. Está ultrapassando todos os meus limites — e estou a um fio de perder o controle.
— Tire as mãos de mim.— Falei fria.
— O quê?
— Eu não gosto de ser tocada.
— Mas você flerta comigo... e agora solta isso do nada?
— Isso não é flerte. É controle.
E você não me toca sem permissão — a não ser quando eu quiser, no momento certo.
— E, só pra deixar claro... vai ser só sexo. Nada além disso.
Ele parece confuso por um segundo, mas logo tenta esconder o desconcerto com um sorriso malicioso. Eu o encaro sem piscar, inclinando a cabeça devagar, como uma predadora prestes a atacar e murmuro com um meio sorriso frio:
— Vamos cortar o teatro... Que tal pular as preliminares? — Falei impaciente.
— Caralho... Eu adoro mulher mandona. Mandona e sexy, então... desarma qualquer um. Mas relaxa, eu não me apego.
— Ótimo. Então decide logo... vai me levar pra cama ou vai continuar falando como um garoto impressionado?
Ele engole seco, desarmado, e chama o garçom às pressas para pagar a conta.
Em silêncio, seguimos para o hotel.
Eu nunca precisei pedir duas vezes.
Dentro do quarto, o jogo virou um espetáculo de desejo e controle.
Ele tentou me dominar com seus beijos frenéticos enquanto me tomava sobre a penteadeira, mas bastou um movimento meu para tomarmos um novo rumo. Joguei-o na cama e montei sobre ele como quem toma posse de algo que já lhe pertence. Meus quadris se moviam em ritmo acelerado, cada subida e descida arrancando dele gemidos de puro êxtase. Suas mãos apertavam minha cintura, tentando acompanhar o compasso insaciável que eu impunha.
— Meu Deus... que mulher...
Eu estava no controle — como sempre.
Segurei seu pescoço, as minhas unhas cravadas como uma ameaça silenciosa. Já era o sétimo orgasmo dele. O meu? Apenas dois. Nada satisfatório.
"Que tédio."
Outro gemido dele. Outro fim sem graça.
O levei ao banheiro e o empurrei sob o chuveiro. A sua boca desceu até mim, obediente. Sua língua encontrando meu ponto exato com precisão, lambeu com força e ritmo, até que eu estremecesse em sua boca, arfando.
Sentei-o no vaso sanitário, subi sobre ele com firmeza. Ele mal teve tempo de reagir — já estava dentro de mim novamente, urrando como se não suportasse mais um segundo daquela entrega.
— Porra… você é demais…
Eu o montava com selvageria, impondo um ritmo intenso, quase cruel. Quando percebi que ele estava à beira de desabar de novo, mudei. Diminui o ritmo, puxei sua nuca e o beijei — não costumo fazer isso, mas minha semana exigia um pouco de luxúria extra.
Enquanto nos movíamos juntos, aumentando a velocidade até perdermos o controle, gozei mais uma vez sentindo seu corpo estremecer sob o meu.
Aproximei meus lábios do seu ouvido e sussurrei, rouca:
— Hoje... você é o meu brinquedo.
Ele se arrepiava cada vez que eu tomava o controle — e passamos a noite inteira nesse jogo carnal. Só paramos às cinco da manhã. O coitado estava destruído, mas se dependesse de mim, ainda duraria mais algumas horas…
Cinco orgasmos me bastam para considerar a noite aceitável. Homem que deseja me satisfazer precisa ter mais do que desejo — precisa ter culhão. Eu não sou fácil. Por isso, passo meses sem tocar em ninguém. Até encontrar uma presa que, ao menos, consiga me entreter.
Saí assim que ele apagou. Voltei para casa, tomei um banho quente, lavei o cabelo e hidratei a minha pele com cuidado. Depois de secar os fios, cobri os chupões com base e caminhei até o meu closet de lingerie.
Como vou torturar um verme hoje, escolhi algo escuro.
Vesti-me com precisão. Um rabo de cavalo alto, perfume marcante, scarpin preto impecável, os acessórios certos e minha bolsa favorita.
Pronta. Cheirosa. Intocável.
Na cozinha a minha cozinheira já havia preparado meu desjejum. Dei um sorriso e uma piscadela antes de comer rapidamente. Logo após, fui até a garagem e entrei no meu bebê: um Impala que ronrona como um amante fiel. Cruzei a rodovia com agilidade e cheguei à empresa às 6:30.
No escritório, esperei o dia começar, observando a cidade pela janela. Flashes da minha infância invadiram meus pensamentos — o beijo molhado do único garoto que amei, as surras injustas da minha mãe, a promessa sob a chuva gelada… e a morte da minha tia.
Tudo isso dançava na minha mente até que um toc toc me arrancou do transe. O relógio marcava 7:30.
— Entra.
Era o meu secretário. Entrou com um cappuccino e alguns papéis.
— O que tem para hoje?
— Almoço com os sócios da Nike às 11:40 e uma reunião com os acionistas às 15:45.
— Para a tarde é só isso?
— Sim, senhora.
Ótimo. Vou ter tempo para resolver aquele probleminha...
— Pode sair.
— Sim, senhora.
Comecei a trabalhar. Duas horas depois, um novo toc toc. Sem levantar os olhos das folhas, falei:
— Entre.
— Senhora, tem um cliente na entrada querendo falar com a senhora.
— Quem é?
— Alexandre Henrique. Do jantar de ontem.
— Puta merda… — Falei enquanto massageava as têmporas.
—Libera a passagem.
— Sim, senhora...
Quando mais rápido eu resolver isso, melhor.
Quinze minutos depois, nova batida na porta.
— Entra.
Falei sem paciência.
Ele entrou. Estava com raiva nos olhos e um desejo fervente no olhar.
— Sente-se.
Apontei para a cadeira à minha frente enquanto clicava na caneta, ainda focada nos papéis.
— O que deseja?
— O que eu desejo? Você só pode estar de sacanagem comigo...
Levantei o olhar e encarei seus olhos com firmeza. Procurava por um fiapo de razão ali — não encontrei.
— Nenhuma mulher me levou à beira do colapso igual a você. Estou loucamente apaixonado, porra.
— Acredite… isso pra mim é rotina.
— O quê??
— Não me leve a mal, Alexandre Henrique. Eu fui clara: foi casual. E não vai se repetir.
— É assim que você vai brincar comigo? É assim que brinca com os homens?!?
— Eu não brinquei. Te avisei desde o início.
— E se eu quiser mais uma vez? Por favor… Eu não sei o que fazer sem você na minha cama.
— Se na primeira já se apegou, imagine na segunda. E saiba: eu sou uma mulher direta. Não repito a mesma comida.
— Isso não vai ficar assim... Você vai ser minha!
Sorri de canto, provocante. Inclinei-me sobre a mesa, olhos nos dele, e falei com ironia:
— Essa eu vou pagar pra ver...
Ele tentou roubar um beijo. Fui mais rápida, me afastei com classe e apontei para a porta.
Seu olhar queimava, com aquele desejo nítido de homem contrariado.
— Eu vou, mas volto pra buscar o que é meu...
Saiu pisando firme. Sentei-me com um sorriso debochado.
Homens…
O dia passou entre negócios e aborrecimentos. Às cinco horas, fiz a ligação.
— Como está o meu passarinho?
— Quietinho, chefe.
— Vocês não encostaram no meu bebê, né?
— Só amolecemos ele pra senhora.
— Ótimo. Em quinze minutos estou aí.
Peguei a minha máquina e cruzei a fronteira de Florença ouvindo ópera. Quando cheguei, estacionei com elegância, desci com calma e fui entrando no galpão assobiando a melodia. Fui recebida por homens armados em ternos impecáveis.
Eles eram meus. Me pertenciam.
— A senhora chegou?
— Como está o meu passarinho?
— A donzela está dormindo.
Ele sorria como um psicopata. Não me importo. Desde que sejam leais, o resto é apenas detalhes.
Avancei até o centro do galpão. Lá estava ele, acorrentado, sem camisa, todo surrado. Dormia como um bebê.
Ri alto. Peguei um balde de água gelada e despejei nele com gosto. Ele acordou atordoado.
Sentei diante dele com as pernas cruzadas. Elegância sempre.
— Put@ do caralho!!
Foi quando um dos meus homens deu-lhe um soco no estômago e ele vomitou com força.
— Mas que merda! Vocês, limpem essa merda.
— Sim, senhora...
Peguei a minha bolsa, liguei a gravação no celular e entreguei a um dos rapazes.
— O que você pretende fazer, sua vadia?
Tirei o meu canivete da bolsa. A lâmina deslizou pelo rosto dele com lentidão. Meu sorriso não deixava dúvidas — era um aviso.
Parei a lâmina no pescoço, sobre a carótida. Continuei assobiando a ópera descendo a lâmina até chegar e parar no seu pau.
Ele tremia.
Que divertido!
— Sabe o que acontece com quem me desrespeita?
— Eu não quis... por favor...
— Existe uma regra na máfia que sigo à risca: “Algumas coisas não se fazem por vingança nem por dinheiro, mas por honra e respeito.” Eu mato qualquer um que ouse me desrespeitar.
Ouvi os pingos caindo no chão.
Ele se mijou.
Afastei-me com nojo e fui lavar a perna.
Homens e seus paus desgovernados...
Quando voltei já estava tudo limpo.
— Quem é você? Que porra pensa que está fazendo? Essas armas nem são tão importantes assim! Eu só cumpria ordens! Você me mandava as mensagens, eu embarcava as cargas e recebia... Qual o motivo desse inferno todo?
Meus homens riram. Alguns fizeram sinais de “você está fodido”.
— Ah, é mesmo. Esqueci de me apresentar.
Estendi a mão.
— Muito prazer… Emilly Barbieri Vizzini.
Ele congelou. Arregalou os olhos. O terror em seu rosto era delicioso.
— Me... Me perdoa… por favor, eu não sabia! Me poupe!
A gravação seguia. Quanto mais rápido terminasse, melhor. Eu ainda teria que enfrentar aquele maldito conselho — estão me pressionando para dar um herdeiro à máfia.
Malditos.
— Vamos encerrar logo isso. Meu tempo vale mais do que a sua vida.
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Continua...
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Atualizado até capítulo 82
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