Capítulo 11

_Emilly_

Não sei o que deu em mim de vir num movimento desse! Eu detesto isso, mas acabei cedendo a minha curiosidade.

Haviam várias pessoas circulando enquanto acontecia um show de talentos, havia também barracas de algodão doce e pipocas. Odeio movimento e só ia para ocasiões onde eu tinha algum interesse, esse surto meu está me custando caro! As pessoas não param de me encarar e isso já está me dando nos nervos, faço uma carranca no rosto para espantar esses insetos e pelo visto funcionou um pouco...

Carol- Por quê está assim?

Emilly- Esse povo parece que nunca viu gente...

Carol- Haha é porque a senho- quero dizer... você é bonita demais e numa cidade do interior como essa claramente vai chamar a atenção.

Emilly- De qualquer forma isso está me dando nos nervos.

Vou até uma barraca de pipoca e peço duas pra nós. O homem parecia que havia visto um ser celestial e não parava de babar...

* Que saco! *

Encarei ele com uma sede de morte e ele se assustou me entregando a pipoca rapidamente.

Carol- Vamos na roda gigante?

Emilly- Não Carol! Vai você, eu irei andar um pouco aqui e depois vou te esperar na entrada. Me arrependi de ter vindo...

Carol- Haha eu percebi.

Ela então sai saltitando para a tal roda gigante enquanto eu acendo um cigarro enquanto olhava tudo ao redor com asco. Me virei abruptamente não aguentando mais aquele lugar e acabei batendo em algo duro parecendo uma muralha... Olhei para cima e vi os olhos mais lindos que já vi nessa terra, se fosse só os olhos até que daria para passar mais, o homem parece ter sido esculpido pelos melhores artistas do mundo.

* Que merda eu estou pensando?...*

Balancei a cabeça e me virei no intuito de ir para outro lugar mais fui parada abruptamente com uma mão grande segurando o meu braço, olhei com a sobrancelha arqueada para a mão e depois fui seguindo lentamente até olhar para o dono dela. Era o mesmo homem com quem eu esbarrei...

- Não sabe pedir desculpas, não garota?

Dei um sorriso de lado sarcástico enquanto olhava ao redor tentando caçar um pingo de paciência ( algo que eu não tenho muito ).

Emilly- Desculpas? Talvez as minhas desculpas sejam um pouco drásticas para você.

Falei com um sorriso sórdido dançando nos lábios. Ele sorriu com a mesma intensidade me olhando como se estivesse achado um oponente digno...

* Que otário! *

O que tem de lindo tem de soberbo.

- Está me ameaçando coisinha?

Dei outro sorriso diabólico e me soltei do seu aperto olhando ao redor para ver se ninguém iria escutar o que eu havia de falar e ao fazer isso eu presenciei inúmeros par de olhos nos encarando com admiração e... Medo?

Eles me conhecem por acaso?

Pelo visto não vou poder soltar os cachorros nesse verme, então apenas dei outro sorriso de lado e me virei pronta para ir embora, mas antes de partir eu ainda escutei ele sorrindo sarcasticamente. Eu daria tudo para meter um tiro na cara dele aqui e agora mais não posso me dar ao luxo de ser descoberta, então apenas segui para a entrada enquanto encarava os holofotes com uma cara nada boa!

De vez em quando um engraçadinho dava em cima de mim, mas eu logo tratava de colocar eles nos seus lugares. O que porra eu posso querer com essa gente?

Continuei esperando a Carol até que finalmente ela chegou feliz da vida, pulando que nem um canguru!

Emilly- Vamos logo...

Carol- Você precisa se divertir mais. Tá muito ranzinza...

Falou ela com um risinho no rosto.

Emilly- Não, eu não preciso.

Falei me virando com as mãos no bolso enquanto ela me seguia cantarolando.

* Bobinha...*

(...)

_Rafael_

Aqueles olhos, aquela boca e aquele rosto belo como o de uma atriz de Hollywood, eu nunca vi aquela mulher aqui, mas tive uma estranha sensação de já conhecer. Uma coisa estranha percorreu o meu coração quando eu a encontrei e desde então eu não paro de pensar na estranha mal humorada...

Me peguei sorrindo enquanto me lembrava da sua ameaça.

Ela tinha um jeito mandão e uma voz gostosa de se ouvir, a voz era um pouco mais grossa que a maioria das mulheres e sexy. Aquela mulher me fez sentir algo que eu não posso mais sentir, então tratei logo de afastar aqueles pensamentos... No meu coração só existirá a Angel e ninguém mais!

Henrique- Cara, você está distraído desde que cheguei. Aconteceu algo?

Rafael- Nada não eu só... Esquece!

Henrique- Eu em...

Não posso ficar pensando em mulher agora, a verdadeira razão para eu ter vindo aqui foi para matar um filho da puta que explodiu um dos meus armazéns. Ele era filho de um dos meus inimigos chamado Luciano, se ele pensa que vai se safar está muito enganado!

As mulheres me olham parecendo sedentas por sexo a séculos e os homens me olham com respeito e medo. Não ligo para isso pois o meu alvo está perto de uma roda gigante!

Luciano Machado, você não perde por esperar.

Ele está acompanhado de uma prostituta beijando e fazendo coisas obscenas na frente de todos que olham com nojo.

Rafael- Olha se não é o meu "amigo" Luciano.

Falei com um sorriso macabro.

Ele parou os atos e me olhou de cima a baixo com desdém.

Luciano- Não estou vendo nenhum amigo aqui Rafael!

Ele ama esse jogo. Desde a adolescência ele era assim, me lembro também que ele era namorado da desgraçada que acabou com a minha vida... Vivian! Ela é a vadia que eu vivo querendo matar mas o meu pai disse que eu não deveria mais me meter com os Navarro. Se ela está viva é por causa do seu pai e do meu pai! Também tem o fato de eu não querer deixar uma criança sem sua mãe.

Luciano- Você se acha né Rafael?

Falou ele soltando a puta e caminhando na minha direção com um sorriso debochado.

Luciano- Lembro muito bem do rato que você era, se arrastando pelas paredes da escola com a ratinha morta da Angel.

Meu sangue ferveu e eu saquei a minha arma. Todos ao redor começaram a correr com medo enquanto Luciano ficava pálido como uma maldita folha de papel.

Rafael- Lava a sua boca para falar dela desgraçado! Sabe porque eu ainda não te matei até agora?

Ele deu uma risada olhando para os lados e falou:

Luciano- Porque tem medinho?

Dei um sorriso de lado e falei:

Rafael- Não. Eu queria te matar na frente do seu amor perdido chamado Vivian, só que nunca havia encontrado a oportunidade de encontrar vocês no mesmo lugar... Bom, isso foi até agora.

Ele olhou para o lado e encontrou a Vivian com um semblante horrorizado no rosto.

Luciano- Seu filho da put-

Não deixei ele terminar e atirei na sua cabeça na frente da sua ex- namoradinha de escola.

Vivian- AAAAAHHHHH!!! Seu maldito maluco! Você deveria ter queimado no inferno junto com a minha irmãzinha seu desgraçado!!

Olhei para ela e dei um sorriso macabro. De repente eu apontei para os seus pés e atirei várias balas no chão fazendo ela dançar enquanto Henrique tinha uma crise de riso...

Rafael- Bom. Como você é amiga íntima de lúcifer deve saber que a sua irmã não está lá e deve saber também que o seu lugar já está reservado no colo do capeta!!

Vivian- Miserável!!

Soltei uma gargalhada jogando a cabeça para trás e segui para o meu carro deixando o Henrique para cuidar desse cadáver para mim. Aqui todos obedecem ao meu comando! A polícia não tem poder para fazer nada e eu comando essa cidade como mais ninguém...

Ou me obedece ou morre!

Chegando em casa eu fui tomar o meu bom e velho whisky enquanto ia para a sacada do meu quarto observar as estrelas. Uma lágrima começa a rolar pelo meu rosto me lembrando do sorriso e da ingenuidade da Angel... Era tão pequena e inocente e já sofria absurdos, de repente me lembrei da mulher com quem eu esbarrei no festival! Ela era absurdamente linda, parecia aquelas moças do exterior só que um milhão de vezes mais linda. Um sentimento que eu pensei estar apagado começou a queimar dentro do meu peito enquanto eu me lembrava daqueles olhos...

Arremessei o meu copo de whisky na parede e me forcei a esquecer aquela maldita feiticeira! Ela só pode ser isso... Uma maldita de uma feiticeira.

Vou até o banheiro e tomo um banho gelado esmurrando a parede!

No dia seguinte eu acordei e fui tomar um banho para refrescar. Estamos no verão e aqui geralmente é frio a noite e um calor de lascar durante o dia!

Como as coisas na máfia estão sob controle por enquanto, eu decidi que era hora de cuidar das minhas plantações um pouco pessoalmente.

Coloquei o meu chapéu e a minha botina e depois fui até o estábulo pegar o meu garanhão... Cavalguei sentindo o vento fresco bater no meu rosto e me senti melhor! Desde ontem estou sentindo um sentimento estranho como se fosse um pressentimento. Afastei esses pensamentos e percebi que estava perto da entrada da minha fazenda, algo estava acontecendo lá e quando eu cheguei perto eu escutei:

- Deixa eu falar com aquele desgraçado!!

Olhei para ver quem era e me arrependi. Era o seu Marcos pai da Angel e da diaba da Vivian...

Marcos- Aí está você seu capeta!!

Falou ele enquanto eu descia do cavalo e caminhava na sua direção.

Rafael- Posso saber o que está acontecendo aqui?

Marcos- O que está acontecendo é que você matou o meu sobrinho, seu mafioso de merda! Os outros podem ter medo de você, mas eu não tenho!! O que o meu sobrinho fez para merecer tamanha covardia?

Quase havia me esquecido que o Luciano era sobrinho do Marcos. Sei muito bem o que vocês estão pensando, estão pensando se a Vivian ficou com o próprio primo e a resposta é simples: sim, ela ficou e teve apoio da mãe.

Rafael- Não que isso seja da sua conta, mas o seu sobrinho explodiu um dos meus armazéns e pagou com a vida assim como qualquer outro que tentasse o mesmo!

Marcos- O que aconteceu com você garoto? Você e a minha filha Angel eram tão grudados... Como você se tornou esse... Esse diabo?

Rafael- Eu não sou o diabo seu Marcos! O verdadeiro diabo está dentro da sua casa. Elas sim, são os verdadeiros demônios!

Marcos- Lave a sua boca para falar da minha família, seu cretino!

Rafael- Só não matei elas por respeito a você e ao meu pai, mas se dependesse de mim elas já estariam a sete palmos nesse exato momento!

Falei me virando enquanto montava no meu cavalo, não escutei ele dizer nada e quando eu olhei para a sua face percebi o terror nela!

* Tenha medo mesmo seu velho! *

Que se foda o que esses merdas irão pensar! A culpa é dele por nunca ter visto a cobra que era a mulher e a filha.

Não sei quanto tempo eu vou aguentar mais! Todas as vezes em que eu olho para Vivian eu relembro de tudo o que eu vivi com a Angel e revivo também os momentos em que sofremos nas mãos da bruxa de sua mãe. Minha vontade de matar aquela maldita está ultrapassando todos os limites!

Não esperei ele falar nada e cavalguei de volta pra casa, chegando lá eu peguei uma garrafa de whisky e tomei no gargalo sentindo o líquido queimar a minha garganta e me fazendo lembrar de tudo o que eu perdi!

* MALDITAS!! *

_Emilly_

Assim que voltei para o hotel fiquei relembrando daquele homem musculoso e extremamente atraente em quem eu trombei! Ele era sem dúvidas o homem mais gostoso que eu já vi.

Estou muito tarada, eu acho que tudo isso é falta de sexo mais eu duvido que alguém aqui nessa cidade possa ter a capacidade de me dar pelo menos um pouco do prazer que eu sou acostumada...

Sou como um vulcão indo em direção a córregos pequenos! Não é todo homem que me aguenta. Fiz um exame e descobri que tenho libido para dar e vender, só que eu não fico transando toda hora como uma cachorra no cio. Tomo alguns medicamentos para controlar e transo umas duas ou três vezes no ano quando não estou mais aguentando... Porém os homens são escolhidos a dedo já que como eu disse 'não é todo homem que me aguenta'.

Faço exercícios físicos diariamente e sempre procuro distrair a minha mente. Quando o excesso de desejo sexual me toma eu fico louca e já cheguei a me trancar enquanto tentava me satisfazer do meu jeito, as vezes eu até chegava a beira da depressão, mas nunca deixei isso me tomar!

Saio dos meus pensamentos quando escuto alguém batendo na porta do meu quarto. Peguei a minha arma e perguntei quem era...

Carol- Sou eu...

Guardei a arma e fui abrir a porta. Já era meia noite, o que essa garota está fazendo acordada a essa hora?

Emilly- Não era para você já estar dormindo? Amanhã vamos ter que acordar cedo.

Carol- Eu vim perguntar algo para você.

Emilly- Pode perguntar.

Carol- Como você vai se apresentar quando chegar lá?

Está aí uma coisa que eu ainda não me decidi.

Eu falo a verdade ou invento alguma história?

Emilly- Eu tenho a noite inteira para pensar no que fazer.

Carol- Tudo bem, seja o que for que você escolher lembre-se que eu estou com você!

Meu coração esquentou com aquilo e eu senti um sentimento estranho dentro do peito, algo parecido com o que eu sentia quando o meu pai cuidava de mim...

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Continua...

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