CAPÍTULO 6

Enquanto eu respirava fundo, tentando acalmar o turbilhão de pensamentos dentro de mim, meus olhos vagavam pelo salão. O povo de Novaria dançava e ria ao som da música, mergulhado em sua alegria festiva.

Meus olhos novamente encontraram Tristan, e um suave sorriso brotou em meus lábios ao vê-lo ali, tão majestoso e sereno. Ele estava radiante naquela noite, e minha mente não pôde deixar de pensar na sorte que Isolde tinha em tê-lo como marido. Eles pareciam verdadeiramente apaixonados, e eu nunca tinha visto nada que pudesse abalar essa ligação. Exceto, é claro, aquele breve encontro à beira do riacho, mas eu sabia que aquilo tinha sido apenas uma infeliz coincidência.

Enquanto esses pensamentos flutuavam em minha mente, uma sensação de calma começou a se infiltrar em meu ser. Pensar em Tristan de maneira tão tranquila era algo novo para mim, algo que outrora teria sido perturbador, mas agora parecia apenas natural, e até mesmo cômico pela situação passada.

Voltei minha atenção para a mesa, onde meus pais estavam engajados em uma conversa com o conselheiro. Ele era um homem alto, de pele pálida e nariz proeminente. Uma cicatriz marcava seu rosto, acrescentando uma aura de mistério e talvez até mesmo de ameaça. No entanto, eu sabia que deveria afastar esses pensamentos sombrios e concentrar-me em algo mais positivo, se não quisesse arriscar incendiar o salão com meus tumultuados sentimentos.

Lancei um olhar para Alexander, o príncipe de Stormhaven, que atualmente me observava com curiosidade, e sorri em resposta. Decidi que era hora de tentar dissipar qualquer tensão que pudesse pairar entre nós, então me voltei dele com um gesto amigável.

— Boa noite, príncipe Alexander. Está gostando da recepção em Novaria? — perguntei, esperando iniciar uma conversa amistosa e descontraída.

O príncipe Alexander retribuiu meu sorriso com gentileza e assentiu.

— Boa noite, Lady Aveline. Novaria é realmente encantadora, estou impressionado com a hospitalidade de seu reino — respondeu ele, sua voz suave e polida. No entanto, algo na maneira como ele falou essas palavras me fez sentir um leve arrepio na espinha.

Por que eu estava tendo aquela sensação? Por que não poderia ser uma interação normal, como todas as outras?

— Agradeço por suas palavras gentis, príncipe Alexander. Estamos honrados com sua presença em nossa festa — respondi, mantendo um tom cordial.

— O prazer é todo meu, Lady Aveline. Seu reino certamente sabe como receber seus convidados com esplendor — disse ele, com um leve sorriso nos lábios. Seus olhos azuis brilhavam com uma expressão de admiração, mas logo desviaram-se para o conselheiro ao seu lado, cujo olhar gélido parecia congelar qualquer palavra em sua boca. 

Alexander rapidamente corrigiu seu curso e continuou: — Não vejo a hora de poder... — ele hesitou por um momento, parecendo buscar as palavras certas, mas seu olhar encontrou novamente o do conselheiro, e ele pareceu pensar melhor do que estava prestes a dizer. Em vez disso, optou por uma frase mais neutra: — De poder passear no campo junto a vocês! A vista é verdadeiramente magnífica, assim como a minha Lady Aveline.

Os elogios do príncipe eram suaves como a brisa da primavera, mas havia algo nas entrelinhas de suas palavras que me deixava inquieta. Seria apenas minha imaginação, ou havia um subtexto sombrio oculto por trás de sua cortesia? A presença do conselheiro ao seu lado apenas alimentava minhas suspeitas, mas eu mantive um sorriso educado, esforçando-me para não deixar transparecer minha crescente preocupação.

Enquanto eu estava imersa em meus próprios dilemas, uma tensão palpável se instalou à mesa. Uma esfera pesada e sombria pairava sobre nós, e os rostos de meus pais começaram a refletir o descontentamento crescente.

Nesse momento tenso, o conselheiro, cujo olhar ainda me inquietava, ergueu sua taça em um gesto de agradecimento. 

— Agradeço a todos por sua hospitalidade generosa — disse ele, sua voz suave contrastando com a gravidade da situação. 

O rei, confuso, aceitou as palavras do conselheiro, mas uma expressão de perplexidade se instalou em seu rosto.

— Agradeço também por terem se mostrado tão cínicos diante do norte. As ofensas do passado, como o fechamento das divisas com Stormhaven, não foram esquecidas, mesmo que tenham se passado mais de uma década. Saibam que o norte não se esquece.

Seu olhar cortante percorreu a mesa, como se estivesse avaliando cada um de nós com uma frieza calculada.

Antes que pudéssemos processar suas palavras, o salão foi invadido por homens armados com espadas, cuja presença repentina e imponente deixou todos atônitos. Eles emergiram de um lugar inexplicável, já que as portas permaneciam misteriosamente fechadas.

O que antes era uma festa de celebração havia se transformado em um cenário de caos e desespero iminente. O som metálico das espadas sendo empunhadas ecoava pelas paredes do salão, misturado aos gritos de surpresa e terror dos presentes.

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