CAPÍTULO 3

Os dias se arrastavam, transformando-se em meses, mas não havia como apagar a tragédia que havia se abatido sobre o castelo. A morte de Isolde e seu bebê haviam deixado uma sombra sombria sobre todos, especialmente sobre Sir Tristan, cujo coração estava dilacerado pela perda. Eu mesma, Aveline, sentia-me como se estivesse presa em um pesadelo interminável, incapaz de encontrar consolo em meio à dor que assolava os corredores do castelo.

Sir Tristan, agora um homem viúvo aos trinta e quatro anos, vagava pelos corredores do castelo como uma alma atormentada, seus olhos vazios refletindo a angústia que o consumia por dentro. Eu não conseguia encontrar coragem para olhar para ele, não depois daquele encontro no rio que havia perturbado minha mente de maneira tão profunda.

Enquanto isso, eu lutava para controlar meus poderes, mas parecia uma batalha perdida. As chamas irrompiam sem aviso prévio, respondendo às emoções tumultuadas que agitavam meu ser. Sentia-me como se estivesse à beira de um abismo, cada vez mais incapaz de conter a torrente de energia que ameaçava consumir-me por completo. 

O desespero começava a se instalar em meu íntimo, pois cada vez que minhas emoções se tornavam mais intensas, as chamas surgiam, lembrando-me constantemente do encontro que havia desencadeado essa turbulência em minha mente.

Decidi sair para um passeio solitário uma noite, buscando alívio para a agitação que consumia minha mente dentro das paredes do castelo. A escuridão envolvia os corredores vazios, apenas o brilho fraco das tochas iluminando meu caminho incerto. Cada passo ecoava nos corredores desertos, como se o próprio castelo estivesse lamentando a perda que havia sofrido.

Enquanto caminhava, meus pensamentos estavam mergulhados em uma tempestade de emoções, refletida pelas chamas inquietas que ardia dentro de mim.

Foi então que, ao chegar ao pátio externo, dei de cara com Sir Tristan. Seus ombros curvados e seu olhar distante denunciavam a tristeza que o consumia, como se carregasse o peso do mundo sobre seus ombros.

Ele ergueu os olhos ao perceber minha presença, e um leve sorriso se formou em seus lábios ao encontrar os meus.

— Aveline. O que faz aqui fora, nesta noite sombria? — sua voz era suave, carregada de emoção contida.

Não consegui responder, minha garganta se fechou diante da intensidade de seus olhos.

— Procuro por um momento de paz, um respiro longe das sombras do castelo — admiti, sentindo-me vulnerável sob o olhar penetrante dele.

Ele assentiu compreendendo, seu semblante expressando uma mistura de compaixão e melancolia.

— Compreendo. Eu também procuro por um pouco de tranquilidade sob o manto estrelado desta noite — confessou, seus olhos buscando os meus em uma troca silenciosa de entendimento.

Não consegui responder. Uma sensação de opressão tomou conta de mim, minha respiração se tornou superficial e meu coração começou a bater descompassadamente. Um tremor percorreu meu corpo, e então as chamas queimaram em meu interior mais uma vez, manifestando-se de forma incontrolável ao meu redor.

Sir Tristan deu um passo para trás, surpreso, enquanto as chamas dançavam ao nosso redor.

— Aveline, o que está acontecendo? — perguntou ele, sua voz cheia de preocupação.

Lágrimas rolavam em meu rosto enquanto eu permanecia prostrada, lutando contra a avalanche de emoções que me consumiam. Olhei para ele e, naquela noite, vi-me novamente como a criança indefesa de cinco anos atrás, que fora quando nos conhecemos. 

— Tristan, por favor, não tenha medo. Eu não sei o que está acontecendo — murmurei, minha voz embargada pelo choro e pelo desespero. — Eu não sou uma feiticeira, não sei explicar...

Tristan assentiu, sua expressão pensativa refletindo a compreensão e a preocupação. Com um gesto gentil, ele estendeu a mão e tocou meu rosto, suas palavras suaves como uma promessa de conforto.

— Aveline, tudo vai ficar bem. Não se desespere. Eu sei que você não é perigosa, não se preocupe — disse ele, sua voz transmitindo segurança e apoio — Respire… Acalme-se.

Ao sentir o toque reconfortante de Tristan em meu rosto, uma sensação de calma começou a se espalhar por meu ser. E então, como se respondendo ao seu toque de compaixão, as chamas que ardia ao meu redor começaram a se dissipar lentamente, deixando para trás apenas a serenidade da noite. 

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Comments

Nina Silva

Nina Silva

olha que vai nascer um romance aí já torcendo pelo o casal/Rose/

2024-03-18

3

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