CAPÍTULO 10

O som dos cascos do cavalo ecoava pelo campo, misturando-se ao crepitar das chamas que devoravam o castelo atrás de nós. Eu me sentia como se estivesse flutuando, desconectada da dor e do cansaço que me dominavam. Tristan segurava meu corpo com firmeza, sua respiração ofegante evidenciando o esforço descomunal que ambos enfrentávamos.

A fumaça tóxica pairava no ar, irritando meus pulmões e obscurecendo minha visão já turva. A cada respiração, o cheiro de carne queimada invadia minhas narinas, lembrando-me da tragédia que havíamos deixado para trás.

O cavalo galopava com determinação, suas patas batendo ritmicamente no chão enquanto nos afastávamos cada vez mais da destruição que havíamos testemunhado. A paisagem ao redor era um borrão, meu corpo debilitado incapaz de processar qualquer detalhe além do calor que nos envolvia.

Tristan murmurava palavras de encorajamento, sua voz rouca e entrecortada pelo esforço. Seus braços ao redor de mim eram o único ponto de contato com a realidade, um lembrete de que estávamos juntos nessa luta desesperada pela sobrevivência.

Ele segurava as rédeas com determinação, guiando o cavalo por entre os campos enquanto a escuridão da noite envolvia o cenário em um manto sombrio. Seu tom de voz era suave, mas carregava um peso de preocupação e compaixão enquanto ele tentava me confortar.

— Durma, Aveline. Descanse. Estaremos em segurança em breve.

As palavras dele eram como um bálsamo para minha alma dilacerada pela tragédia. Fechei os olhos lentamente, permitindo-me sucumbir ao cansaço que pesava em cada fibra do meu ser. No entanto, mesmo quando me entregava ao sono, os horrores daquela noite continuavam a assombrar meus pensamentos, tecendo-se em pesadelos que ameaçavam me consumir.

Cada lágrima que caía era uma expressão silenciosa da minha impotência diante daquele massacre brutal. O colar que Sophie me deu repousava pesadamente em meu peito, o sinal do vínculo que compartilhava com minhas irmãs, agora perdido para sempre.

Com esforço, consegui reunir um pouco de forças para mover meus lábios e formar as palavras que queimavam dentro de mim, alimentadas pela chama da vingança que ardia em meu coração, mesmo diante da exaustão que me consumia. A voz saiu em um sussurro frágil, quase perdido no vento noturno que soprava ao nosso redor.

— Eles vão pagar, Tristan. Eu prometo... Vou me vingar.

Cada palavra era um juramento solene, uma promessa feita à memória da minha família e à justiça que clamava por ser restabelecida. Apesar da fraqueza que se apoderava de mim, meu ódio permanecia inabalável, alimentado pela ferida profunda da perda que jamais cicatrizaria.

— Eu entendo que é doloroso. Eu também perdi a minha família, um dia. Mas vamos focar em você agora, certo? Descanse. — Tristan murmurou com compaixão, seus olhos expressando uma mistura de pesar e determinação.

— Eu só vou descansar quando ver a cabeça daqueles malditos em uma estaca. — Minha voz soava áspera e carregada de fúria, uma promessa de vingança queimando em cada sílaba.

— Aveline... — Tristan tentou me interromper, mas eu não permiti.

Um turbilhão de sentimentos se moveu em mim, e uma força desconhecida me impulsionou a continuar falando.

— Eu vou destruí-los, um a um, Tristan. Desgraçados! Malditos! Imundos! Eles pagarão por cada gota de sangue derramado, por cada vida perdida. Não descansarei até que a justiça seja feita e a minha vingança seja completa.

— Você está muito fraca, minha princesa. Acalme-se. Prometo que vamos achar um jeito de resolver a situação. — Tristan tentava acalmar meu tumulto interior, suas palavras suaves contrastando com a ferocidade que habitava meu ser.

— Posso estar fraca agora, porque eles são uns covardes imundos. Mas logo, eu vou fazer eles se arrependerem do que fizeram. — Minha voz tremia de raiva contida, cada palavra carregada de determinação e desejo por justiça. As chamas da vingança ardia em meu coração — Vou destruir aquele conselheiro, arrancar a sua cabeça em um golpe só. Escreva isso, Tristan. Eu terei minha vingança.

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