CAPÍTULO 11

Os gritos ecoavam em minha mente, mesclando-se com as imagens aterrorizantes que me assombravam. Eu via minhas irmãs, seus rostos contorcidos pela dor e pelo medo, enquanto eram arrancadas de mim pela violência daquela noite maldita. A coroa de minha mãe, agora maculada pelo sangue derramado, jazia no chão como um símbolo sombrio da tragédia que se abatera sobre nós.

O rosto do conselheiro, distorcido por um sorriso cruel, pairava diante de mim como um espectro sinistro. Seus olhos gélidos refletiam a frieza de sua alma corrupta, enquanto ele se regozijava com o caos que havia desencadeado. Então, as chamas irrompiam, devorando tudo em seu caminho, consumindo minha família, meu lar, minha esperança.

Um grito sufocado escapou dos meus lábios enquanto me debatia na cama, lutando contra os grilhões do pesadelo que me aprisionava. Cada lampejo de memória era uma faca cravada em meu coração dilacerado, revivendo a agonia da perda e da impotência que haviam marcado aquela terrível noite.

Então, de repente, um toque suave interrompeu o turbilhão de emoções que me consumia, trazendo-me de volta à realidade. Abri os olhos lentamente, minha visão turva pelo pranto que ainda embaciava meu olhar. Ao meu redor, as chamas começavam a dançar, ameaçando consumir tudo.

Tristan estava ao meu lado, seu rosto preocupado refletindo a intensidade do momento. Seu toque era reconfortante, um raio de esperança em meio à escuridão que me cercava.

— Aveline, acorde. Está tudo bem. Você está segura agora.

Sua voz era refrigério para minha alma atribulada, dissipando o nevoeiro do pesadelo que ainda me envolvia. Consequentemente, as chamas se dissiparam.

Lentamente, comecei a recuperar o controle sobre minha respiração, forçando-me a enfrentar a realidade cruel que me assombrava.

— Tristan... — minha voz saiu rouca e trêmula, carregada com o peso das memórias dolorosas que ainda me assombravam — Eu não posso suportar isso... não consigo... as chamas... elas me consomem...

Ele me segurou com ternura, seus olhos ardendo com compaixão.

— Eu sinto muito, minha princesa. A última noite foi angustiante, eu confesso… Eu fiz tudo que podia, mas não pude salvar a muitos. — Sua voz era suave, carregada com um peso que eu conhecia muito bem.

— As minhas irmãs, Tristan... — Minha voz falhou ao lembrar da terrível imagem que me assombrava — Elas estavam sendo abusadas diante de mim. Você sabe o que é isso? Eu nunca vou conseguir tirar isso da minha mente.

Ele tocou em meu rosto, uma tristeza pairava em seus olhos.

Tudo o que conseguiu fazer foi me abraçar, e me envolver em seu calor, um gesto de conforto em meio à tempestade de dor que nos assolava. Seus braços fortes me envolveram com ternura, como se quisessem me proteger do mundo cruel que nos cercava. Enquanto eu soluçava em seu peito, minhas lágrimas molhavam sua camisa branca, marcando-a com o peso da minha angústia.

Ele afagava meu cabelo suavemente, suas palavras sussurradas como uma suave melodia em meio ao caos.

— Estou aqui, Aveline. Você não está sozinha. Vamos superar isso juntos. De agora em diante, eu serei sua família. Não se preocupe… Estou aqui, minha princesa. Por amor ao seu pai, você tem minha espada e lealdade.

Levantei meu rosto, e encarei seus olhos. Naquele momento, percebi algo diferente nele. Um brilho de compressão misturado com compaixão, uma expressão que eu nunca havia visto antes. Seus olhos eram profundos, revelando a sabedoria adquirida ao longo dos anos, mas também carregavam uma centelha de esperança, como se estivessem iluminados por um fogo interior que jamais se apagaria.

Percebi as linhas de expressão que marcavam seu rosto, sutis sinais do tempo que havia passado. Com seus trinta e quatro anos de idade, ele exibia uma maturidade que o tornava ainda mais atraente aos meus olhos.

Aquelas marcas não diminuíam em nada sua beleza. Pelo contrário, conferiam-lhe uma sensação de maturidade e charme, tornando-o ainda mais fascinante.

— Obrigada, Tristan. É bom saber que está comigo.

Ele limpou gentilmente uma lágrima que escorria pelo meu rosto e me presenteou com um sorriso triste, tão carregado de emoção que fez meu coração se apertar.

Sua expressão suavizou, como se tentasse dissipar um pouco da dor que nos cercava.

— Estou e sempre estarei.

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