CAPÍTULO 14

Enquanto atravessávamos o reino, enfrentamos densas florestas e trilhas escondidas, desbravando terreno desconhecido em direção a Portbay. O sol se punha lentamente no horizonte, pintando o céu com tons de laranja e rosa enquanto avançávamos.

Finalmente, chegamos a uma clareira onde decidimos fazer uma pausa para descansar. Tristan pegou pedras e gravetos, habilmente organizando-os para acender uma fogueira. Enquanto ele trabalhava, eu observava com curiosidade, maravilhando-me com sua destreza. No entanto, mesmo com seus esforços diligentes, as faíscas teimosamente se recusavam a se transformar em chamas.

— Posso tentar, Tristan? Talvez eu consiga. — sugeri, sentindo uma pontada de frustração diante da falta de progresso.

Ele concordou, oferecendo-me espaço para tentar. Com os olhos fechados, concentrei-me profundamente, buscando desesperadamente encontrar uma conexão com o fogo. No entanto, meus esforços pareciam em vão, e a fogueira permanecia inerte.

— Não está funcionando, Aveline. Deixe-me tentar. — Tristan ofereceu, estendendo a mão em um gesto de ajuda.

— Não, eu posso fazer isso. — recusei, determinada a não desistir tão facilmente.

Com renovada resolução, mergulhei mais uma vez em meus pensamentos, invocando as memórias dolorosas que alimentavam meu poder. Eu pensei nos meus pais, nas minhas irmãs e nos soldados de Stormhaven. Uma onda de energia percorreu meu corpo, e então, com um ímpeto de emoção e determinação, uma alta chama brilhante irrompeu da pilha de gravetos, dançando e crepitando com vida.

— Funcionou! — Tristan disse surpreso, olhando para a grande labareda de fogo diante de nós.

— Eu não consigo controlar isso. Parece que só funciona quando estou com raiva. — admiti, sentindo-me frustrada com a falta de controle sobre meu próprio poder.

Tristan assentiu, compreensivo, enquanto retirava o animal abatido da bolsa e o colocava para assar na fogueira.

— Depois de achar um local seguro, talvez essa seja nossa próxima missão. Vamos tentar encontrar algo que possa ajudar você a dominar isso. Pode ser uma ferramenta poderosa em suas mãos, mas também um perigo se não for dominada — sugeriu ele, com uma expressão pensativa.

— Mas quem? Nunca mais se ouviu falar em feiticeiros no reino… Os últimos foram mortos em guerras passadas — respondi, expressando minhas dúvidas.

Tristan pausou, ponderando sobre a questão por um momento antes de responder.

— Acho que na nossa situação, só nos resta ter esperança, Aveline. Não estamos em uma posição favorável, mas não custa tentar. Há sempre uma chance, por menor que seja.

Enquanto observávamos a carne assando sobre o fogo crepitante, um aroma reconfortante se espalhava pelo ar, misturando-se com a fumaça suave que se erguia das chamas dançantes.

— Sabe, Tristan, tenho pensado em algo ultimamente. Talvez você não consiga me ajudar com meus poderes, mas você pode me ensinar a me defender? Naquele dia, me senti completamente impotente, pois não sabia nem mesmo segurar uma espada. Eu não sei me proteger. — compartilhei meus pensamentos, sentindo-me vulnerável ao admitir minhas fraquezas.

Tristan desviou o olhar da carne assando e fixou seus olhos em mim, refletindo sobre minha sugestão.

— Uma princesa guerreira? Bem, essa não é a ideia mais convencional para a maioria dos príncipes, mas você está certa... É importante que você saiba se defender. Já que não consegue controlar suas chamas, talvez aprender a manejar uma espada possa ser útil.

— Então você concorda em me treinar? — perguntei, esperançosa.

Tristan assentiu, um brilho feliz nos olhos.

— Sim, é claro. Mas não agora. Vamos esperar até chegarmos a Portbay e entendermos o que está acontecendo por lá. Quando finalmente estivermos seguros, poderei compartilhar um pouco do meu conhecimento contigo.

Assenti, um sorriso brincando em meus lábios enquanto imaginava o momento de aprender com Tristan. Ele era tão habilidoso com a espada, e possuía uma sabedoria admirável. Ao observar as linhas de expressão que começavam a se desenhar em seu rosto, acompanhadas pelo início de uma barba malfeita, não pude deixar de notar como aquilo o tornava ainda mais atraente.

Meus pensamentos escaparam, e eu acabei verbalizando o que sentia:

— Você sabe, Tristan, essa barba lhe cai muito bem. Dá um ar de maturidade e charme.

Ele olhou para mim, e percebi um leve rubor colorindo suas bochechas. Meu coração deu um salto enquanto aguardava sua resposta.

— Obrigada, princesa. Fico feliz que ache isso. Minha esposa não era fã dela, sempre insistia para eu me barbear... - sua voz carregava um tom de tristeza, como se o simples ato de mencionar a palavra "esposa" trouxesse à tona lembranças dolorosas.

Compreendi a tristeza em suas palavras, e abaixei a cabeça, sentindo-me pesarosa com a lembrança. Parecia que todos nós carregávamos nossas próprias cargas de perdas consideráveis.

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