CAPÍTULO 19: Meu lar de pedra, onde a hera cresce.

Enquanto a carruagem seguia seu caminho pelas ruas escuras da cidade, lágrimas escorriam pelo meu rosto como torrentes desenfreadas. Cada volta que o veículo dava parecia um pedaço de mim sendo arrancado, uma despedida dolorosa de tudo o que havíamos compartilhado. Eu não conseguia imaginar mais os dias sem as risadas de Charlotte ecoando pelos corredores, ou as conversas profundas e reconfortantes com Matthew sob as estrelas.

O aperto em meu peito só aumentava à medida que nos afastávamos da mansão Montague, e a ideia de não poder mais ver Charlotte ou Matthew era quase insuportável. Aquela parte essencial de mim estava indo embora, e a simples perspectiva de enfrentar os dias sem eles era avassaladora.

Mas, no fundo, eu sabia que essa partida era inevitável. Matthew estava comprometido, e nosso tempo juntos tinha uma data de validade. Uma hora ou outra, teríamos que parar de nos encontrar e, inevitavelmente, nossa amizade se perderia para sempre. Era uma tristeza profunda, pois sentia que tinha encontrado minha alma gêmea em Matthew. No entanto, como muitos escritores observaram, algumas almas simplesmente não foram feitas para ficar juntas.

Enquanto eu me afastava da mansão Montague, uma parte de mim lamentava a perda daquilo que poderia ter sido. Mas, ao mesmo tempo, eu sabia que tinha que seguir em frente, mesmo que isso significasse deixar para trás uma amizade que significava tanto para mim.

À medida que a carruagem se aproximava de casa, pude sentir o ar puro do campo penetrando em meus pulmões, substituindo o ar abafado da cidade. A cada curva da estrada de pedra, meu coração se enchia de uma mistura de nostalgia e expectativa. Finalmente, avistei a casinha modesta que era o meu lar, um refúgio familiar há tanto tempo.

Assim que desci da carruagem, fui recebida calorosamente por Ivy, cujo sorriso iluminava o rosto. Seus olhos brilhavam de alegria ao me ver, e seus braços se envolveram em torno de mim em um abraço reconfortante.

— Willow, você finalmente está de volta! Senti tanto a sua falta — disse Ivy, com a voz embargada pela emoção.

— Eu também senti sua falta, Ivy. Estou feliz por estar em casa — respondi, retribuindo o abraço com carinho.

Enquanto caminhávamos em direção à casa, Ivy começou a falar animadamente sobre tudo o que havia acontecido enquanto eu estivera fora. Ela me contou sobre seu marido, James, e seu filho recém-nascido, Oliver, que já estava crescendo rápido demais. Mas, por entre as palavras alegres, havia uma sombra de preocupação nos olhos de Ivy.

— E como está papai? — perguntei, sentindo o peso da preocupação se instalar em meu peito.

Ivy suspirou, e seus ombros se curvaram ligeiramente.

— Ele não está bem, Willow. A febre dele não cede, e ele parece cada vez mais fraco a cada dia que passa. Mamãe está cuidando dele da melhor forma que pode, mas está claro que ele precisa de ajuda médica especializada.

A notícia me atingiu como um soco no estômago, e senti um nó se formar em minha garganta. Meu pai, que sempre fora tão forte e vigoroso, agora estava doente e debilitado. Eu precisava fazer algo para ajudá-lo, mas não sabia por onde começar.

— Quando recebi a notícia, eu vim correndo para cá. Larguei tudo que estava fazendo, Ivy. Tenho um pouco na poupança, talvez dê para ajudar. Precisamos encontrar um médico, e um médico bom.

Ivy assentiu, com os olhos marejados de gratidão.

— Obrigada, Willow. Sua ajuda será essencial para o papai. Vamos encontrar o melhor médico que pudermos, custe o que custar.

Ivy e eu nos recolhemos dentro da casa, e ela me ajudou a acomodar minhas coisas no meu antigo quarto. O ambiente familiar e acolhedor me trouxe uma sensação de paz, mesmo diante da preocupação com a saúde de nosso pai.

Mais tarde naquele dia, Marjorie chegou, trazendo consigo sua energia contagiante e um sorriso reconfortante. Juntas, as três melhores amigas se reuniram novamente, como nos velhos tempos, compartilhando histórias e memórias enquanto enfrentávamos juntas os desafios que a vida nos apresentava.

Nos dias que se seguiram, dedicamos nossos esforços em encontrar formas de tornar nosso pai mais confortável durante sua enfermidade e em buscar a ajuda especializada que ele precisava. A união e o apoio mútuo entre nós fortaleceram nossa determinação em enfrentar essa adversidade com coragem e esperança.

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