CAPÍTULO 18: É hora de ir.

Enquanto segurava minha boina cor de musgo firmemente em minha cabeça, senti o peso da mala em meus braços, um lembrete constante de minha iminente partida. Ainda era noite quando Charlotte e Matthew vieram ao meu encontro fora do quarto, seus rostos iluminados pela luz fraca das tochas.

Ao ver as lágrimas nos olhos de Charlotte, meu coração se apertou de dor. Aproximei-me dela e segurei suas mãos com carinho, tentando confortá-la da melhor maneira possível.

— Oh, Charlotte querida, não chore. Prometo que vamos nos ver novamente em breve. — Minha voz estava embargada pela emoção, mas eu precisava ser forte, tanto para ela quanto para mim mesma.

Matthew, com sua postura cavalheiresca, pegou minha mala e a segurou como se fosse um escudo protetor, e abriu a porta da carruagem para mim. Seus olhos encontraram os meus, carregados de uma tristeza que ecoava em meu próprio peito. Paramos por um momento, olhando um para o outro em silêncio, deixando que nossos olhares falassem por nós.

— Willow... — começou Matthew, sua voz suave carregada de emoção contida. — Você promete que não vai se esquecer de mim? E nem de Charlotte?

Senti um aperto no peito ao ouvir a preocupação na voz de Matthew. Olhei profundamente em seus olhos, tentando transmitir toda a sinceridade de minhas palavras.

— Nunca esquecerei vocês dois. Vocês sempre estarão no meu coração, onde quer que eu vá. — Minha voz tremia ligeiramente, mas eu queria que ele soubesse o quanto significavam para mim.

Matthew assentiu, parecendo encontrar conforto em minhas palavras. Ele segurou minha mão por mais um instante, como se quisesse guardar aquele momento na memória para sempre.

— Vá em segurança, Willow. E saiba que estaremos esperando por você quando decidir voltar. — Sua expressão era uma mistura de tristeza e determinação, mas havia uma centelha de esperança em seus olhos.

Assenti com um sorriso trêmulo, incapaz de dizer mais nada. Com um último olhar para Matthew e Charlotte, fechei a porta da carruagem.

Ele ainda impediu que o veículo continuasse, e me olhou através da janela.

— Mande notícias, escreva cartas para mim. Ignore Isabella e tudo o que essa tola acha. Lembre-se de mim. Se ficar sem notícias suas, posso morrer. Você não me quer morto, não é?

— Matthew, eu...

— Por favor, Willow, se lembre de mim. O mundo é muito sombrio sem você do meu lado.

Senti meu coração apertar ao ouvir as palavras de Matthew, uma mistura de súplica e desespero em sua voz. Seus olhos fixos nos meus pareciam implorar por uma promessa que eu sabia que não podia garantir.

— Prometo que vou escrever, Matthew. Não se preocupe, vou mandar notícias sempre que puder. — Minha voz saiu em um sussurro, mal conseguindo conter as emoções que transbordavam dentro de mim.

Ele assentiu com um suspiro de alívio, mas havia uma tristeza profunda em seu olhar que me cortava o coração.

— Obrigado, Willow. Isso significa muito para mim. Não sei o que seria de mim sem você por perto. — Seus lábios se curvaram em um sorriso fraco, mas seus olhos ainda refletiam a preocupação que o consumia.

— E antes de ir, te desejo os melhores votos de casamento. Espero que você seja feliz, pois merece. Também cuide bem de Charlotte, não a deixe brincar sozinha.

Os olhos de Matthew pareciam perder seu brilho habitual ao mencionar a palavra "casamento", como se uma sombra tivesse se abatido sobre ele. Seu sorriso se desfez lentamente, substituído por uma expressão de tristeza e resignação. Mesmo assim, ele tentou se manter firme, desviando o olhar por um momento antes de voltar a me encarar.

— Obrigado, Willow. Espero que você também encontre a felicidade, onde quer que vá. E prometo cuidar bem de Charlotte, não se preocupe. Ela nunca ficará sozinha.

Suas palavras eram carregadas de uma tristeza profunda, uma despedida não apenas de mim, mas de algo que ele sabia que nunca poderia ser. Enquanto a carruagem seguia seu caminho, deixando para trás a mansão Montague e tudo o que ela representava, eu não pude deixar de sentir o peso da despedida e a incerteza do que o futuro reservava para nós dois.

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Comments

Eliana De Souza

Eliana De Souza

da espedidas são sempre triste ainda mais quando se amam

2024-03-10

1

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