Enquanto me concentrava na tarefa de escrever, os pensamentos tumultuados giravam incessantemente em minha mente, como uma dança frenética de ideias e emoções conflitantes. Matthew estava ao meu lado, folheando um livro enquanto eu riscava palavras no papel. O silêncio da biblioteca era quase palpável, apenas quebrado pelo som suave das páginas sendo viradas.
— Como foi que você acabou noivo de Isabella? — perguntei de repente, interrompendo o silêncio tenso que pairava entre nós.
Matthew ergueu os olhos do livro, seu semblante sério refletindo uma mistura de surpresa e pesar.
— Foi em um momento de euforia, um daqueles raros momentos em que tudo parece possível. Eu estava vivendo no auge da minha juventude, cercado por amigos e pela promessa de um futuro brilhante. Isabella fazia parte disso, e em meio a toda a agitação, tomamos uma decisão impulsiva — explicou ele, sua voz carregada de nostalgia e arrependimento.
Balancei a cabeça em compreensão, embora um nó de tristeza se formasse em meu peito ao ouvir suas palavras.
— Você se arrepende? — perguntei, minha voz soando mais fraca do que eu gostaria.
Matthew hesitou por um momento, seu olhar buscando o meu com uma intensidade penetrante.
— Sim, Willow. Mais do que posso expressar em palavras — admitiu ele, sua voz carregada de sinceridade e pesar. — Mas o passado não pode ser desfeito, e agora só podemos seguir em frente, cada um cumprindo o seu dever.
Um silêncio desconfortável se estabeleceu entre nós, enquanto eu tentava processar a profundidade das emoções que essa conversa havia despertado. No fundo, eu sabia que as barreiras que nos separavam eram quase intransponíveis, mas meu coração teimava em desejar por algo mais.
— É como se estivéssemos presos em um destino que não escolhemos, não é? — comentei, sentindo-me compelida a compartilhar meus próprios pensamentos sobre o assunto. — A vida nos leva por caminhos que nem sempre compreendemos, e muitas vezes nos encontramos presos em escolhas que parecem não ser nossas.
Matthew assentiu, parecendo entender a profundidade da minha afirmação.
— Isabella é uma mulher notável, de certa forma. Inteligente, perspicaz, com um charme incomparável... — ele começou, sua voz soando quase relutante ao falar sobre sua noiva. — Mas há algo em seu caráter que me deixa desconfortável, uma sensação de que ela não é quem aparenta ser.
— Você quer dizer que há algo de falso em sua personalidade? — indaguei, sentindo-me intrigada com a descrição de Matthew sobre Isabella.
Ele assentiu, seus olhos azuis refletindo uma sombra de dúvida.
— Sim, algo assim. É como se houvesse uma máscara que ela usa para esconder suas verdadeiras intenções. Não sei explicar ao certo, mas algo em seu comportamento me deixa inquieto — confessou ele, sua expressão séria revelando a gravidade de suas suspeitas.
Uma onda de compaixão me invadiu ao ouvir as palavras de Matthew. Era evidente que ele estava preso em um relacionamento no qual não se sentia completamente confortável, e eu não podia deixar de sentir uma pontada de simpatia por sua situação.
— Sinto muito, Matthew. Deve ser difícil estar em uma posição tão delicada — murmurei, desejando poder oferecer-lhe algum conforto diante de sua angústia.
Ele me lançou um sorriso triste, seus olhos refletindo uma mistura de gratidão e resignação.
Matthew abaixou o olhar por um instante antes de continuar, sua voz carregada de pesar e arrependimento.
— Obrigado, Willow. E ao olhar para você agora, percebo o que poderia ter sido se eu tivesse esperado um pouco mais, se tivesse sido mais cauteloso em minhas escolhas — confessou ele, sua expressão refletindo uma mistura de tristeza e resignação.
Matthew suspirou, desviando o olhar por um momento antes de voltar a me encarar com sinceridade.
— Quero dizer que, ao ver como nos damos bem e como você entende minha essência de uma forma que Isabella nunca conseguirá, percebo que poderia ter feito uma escolha diferente. Poderia ter sido mais honesto comigo mesmo e com ela, em vez de ceder às pressões e expectativas da sociedade — explicou ele, sua voz carregada de pesar. — Mas agora, é tarde demais para voltar atrás. Estou comprometido com Isabella, e devo honrar esse compromisso, mesmo que isso signifique deixar para trás algo que poderia ter sido maravilhoso.
— O que você quer dizer com isso? — perguntei, confusa com a reviravolta na conversa.
Matthew suspirou, parecendo escolher cuidadosamente suas palavras.
— Quero dizer que há muito em jogo aqui, Willow. Não é apenas sobre o noivado com Isabella, mas também sobre o que sinto por você. Eu preciso entender meus próprios sentimentos antes de fazer qualquer coisa que possa nos afetar a ambos.
Minha mente girava tentando compreender o significado por trás de suas palavras, mas nada parecia fazer sentido.
— O que você quer dizer com isso? — perguntei, confusa com a reviravolta na conversa.
Matthew soltou um suspiro de frustração, parecendo ponderar suas palavras antes de responder.
— Quer saber? Deixa quieto. — Ele balançou a cabeça e se levantou da cadeira, parecendo desanimado.
Antes que eu pudesse insistir em uma explicação, a porta se abriu, e Isabella entrou na biblioteca. Cumprimentei-a com um sorriso polido, enquanto Matthew se aproximava para cumprimentá-la.
— Isabella, que surpresa agradável vê-la aqui — disse Matthew, tentando mascarar sua inquietação.
— Matthew, querido, o que você está fazendo aqui na manhã de hoje? — perguntou Isabella, com um sorriso que não alcançava seus olhos.
Matthew se apressou em explicar, visivelmente desconfortável.
— Eu... estava apenas tendo uma conversa com Willow. Desculpe por tê-la deixado sozinha, eu não tinha a intenção de... — Ele se interrompeu, sem encontrar uma desculpa convincente.
Isabella lançou um olhar afiado na minha direção, seus olhos azuis brilhando com uma mistura de desconfiança e desdém.
— Por que sinto que você está envolvido até demais nessa porcaria de livro? — ela perguntou, voltando a atenção para Matthew, sem me dirigir a palavra.
Matthew olhou para Isabella, visivelmente desconfortável com a pergunta direta.
— Isabella, não seja tão dura. Willow está apenas fazendo o seu trabalho de pesquisa — respondeu ele, tentando amenizar a situação.
Isabella revirou os olhos, claramente insatisfeita com a resposta de Matthew.
— É isso que você acha? — ela retrucou, virando-se novamente para mim com um sorriso forçado. — Bem, minha querida, espero que esteja aproveitando sua estadia em nossa humilde residência.
Sua voz carregava uma ponta de sarcasmo, deixando claro que sua hospitalidade era nada além de uma formalidade superficial.
Antes que eu pudesse responder, Matthew interveio, colocando uma mão no ombro de Isabella.
— Isabella, por favor. Não estrague o dia com suas insinuações sem sentido. Vamos para uma volta, certo?
Isabella lançou um último olhar cortante na minha direção antes de concordar com um aceno de cabeça.
— Claro, Matthew. Vamos indo.
Eles saíram da biblioteca, deixando-me sozinha com meus pensamentos tumultuados e um sentimento incômodo de estar no meio de algo maior do que eu poderia compreender.
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Atualizado até capítulo 26
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