CAPÍTULO 16: Singelo passeio.

Naquela manhã ensolarada, enquanto o aroma do café recém-coado permeava a biblioteca, eu me encontrava imersa nos últimos capítulos do romance de Edward Montague. As palavras fluíam do bico da minha pena para o papel, criando um mundo fictício que tomava vida diante dos meus olhos. A cada parágrafo escrito, eu sentia uma sensação de realização se espalhar dentro de mim, sabendo que estava prestes a concluir uma jornada que havia começado meses atrás.

À medida que me aproximava do desfecho da história de Edward, percebi que já não precisava mais me aprofundar tanto nas pesquisas sobre sua vida real. A ficção havia tomado seu próprio caminho, criando personagens e eventos que se distanciavam cada vez mais da realidade. No entanto, havia algo de libertador nessa descoberta, uma sensação de que eu estava finalmente no controle da narrativa, moldando-a de acordo com minha imaginação.

Decidi sair para uma caminhada na cidade, aproveitando o dia ensolarado para explorar os arredores da mansão Montague. Coloquei minha boina favorita sobre os cabelos e peguei meu caderno, pronto para registrar qualquer inspiração que surgisse durante o passeio.

Enquanto eu me dirigia para a porta principal da mansão, avistei Matthew ao longe, correndo em minha direção com uma expressão de urgência no rosto. Surpresa, parei no lugar, observando-o se aproximar rapidamente. Ao meu redor, percebi que ele estava brincando com Charlotte, sua irmãzinha, e não havia sombra de Isabella ao seu lado.

— Willow, você está indo embora? — ele perguntou, um tom de preocupação evidente em sua voz.

— Não, Matthew. Apenas decidi dar uma volta pela cidade, aproveitar o dia ensolarado — respondi, sorrindo para tranquilizá-lo — Mas porque a pergunta?

Matthew olhou ao redor brevemente antes de responder, como se buscasse as palavras certas.

— É que... bem, você estava se preparando para partir quando eu te vi. Achei que talvez estivesse indo embora sem se despedir, e... isso não seria adequado, considerando tudo o que compartilhamos. - Ele hesitou, sua expressão mostrando um misto de preocupação e incerteza.

— Eu entendo, Matthew. Mas não se preocupe, eu não partiria sem me despedir de você e de Charlotte adequadamente — reassumi, tentando aliviar suas preocupações.

Matthew coçou a nuca, visivelmente desconfortável.

— Também pensei que talvez você estivesse chateada com a falta de educação da Isabella. Ela... bem, ela tem um jeito peculiar, e eu não gostaria que isso afetasse sua estadia aqui na mansão.

Fiz uma careta compreensiva.

— Não se preocupe com isso, Matthew. Eu entendo que Isabella tem uma personalidade forte, e não levo isso para o lado pessoal. Além disso, minha estadia aqui tem sido muito agradável, principalmente por causa de vocês dois.

— Ah, que bom que pensa assim. Bem, será que você não precisa da companhia de um duque e uma garotinha em seu passeio? Prometo que vamos nos comportar. Charlotte também queria muito dar uma volta na cidade, mas estava sem tempo com essa história de acompanhar nas pesquisas do romance.

Sorri diante da sugestão de Matthew, achando adorável sua preocupação em me fazer companhia.

— Seria um prazer ter a companhia de um duque tão gentil e de sua encantadora irmãzinha em meu passeio. Tenho certeza de que nos divertiremos muito juntos pela cidade.

Então, com um aceno para Matthew, concordei em esperar enquanto ele ia chamar Charlotte. Enquanto aguardava, observei Charlotte brincando animadamente com sua casa de bonecas, perdida em seu próprio mundo de fantasia.

Quando Matthew retornou com Charlotte, ela estava radiante, ansiosa para se juntar a nós na aventura pela cidade. Com a ajuda de Matthew, subi na carruagem, sentindo um leve arrepio percorrer minha espinha quando nossas mãos se tocaram brevemente. Ignorei a sensação, focando na empolgação de Charlotte enquanto nos preparávamos para explorar as ruas da cidade juntos.

Enquanto explorávamos as ruas movimentadas da cidade, sentíamos a energia pulsante ao nosso redor, cada passo nos aproximando mais das histórias que ela tinha para nos contar. Os sons dos vendedores ambulantes, o aroma das comidas de rua e a agitação das pessoas contribuíam para a atmosfera vibrante que nos envolvia.

Matthew compartilhava detalhes fascinantes sobre cada ponto de interesse que passávamos, transformando cada esquina em uma nova descoberta. Suas histórias eram como fios de luz que iluminavam as ruas escuras, fazendo-me esquecer temporariamente das preocupações que pesavam em minha mente.

Quando chegamos a uma loja de brinquedos, ele sugeriu uma parada rápida para atender ao desejo da irmã. Enquanto ele e a pequena exploravam os encantos do lugar, eu aproveitei a oportunidade para respirar fundo e absorver a energia da cidade, saboreando a sensação de liberdade que vinha com a mudança de cenário.

Por um momento, enquanto observava Matthew e Charlotte se divertindo, uma sensação de serenidade me envolveu. Era como se o tempo tivesse desacelerado e o peso das preocupações tivesse sido temporariamente suspenso, deixando-me livre para desfrutar da companhia daqueles que tornavam aquele momento especial.

— Olha, Willow! Olha o que o Matthew me deu! — Charlotte exclamou, segurando um pequeno cavalinho de madeira com um sorriso radiante no rosto.

— Uau, que lindo! Matthew escolheu especialmente para você? — respondi, admirando o brinquedo com genuíno interesse.

— Sim, ele disse que é um presente para me lembrar das aventuras que tivemos hoje na cidade! — respondeu Charlotte, balançando o cavalinho animadamente.

— Parece que vocês se divertiram bastante! — comentei, sorrindo para a pequena. — Mas agora preciso ir até a Academia de Autores. Acredito que algumas correspondências estão chegando até lá, inclusive as da minha família. Vocês vão me acompanhar?

Charlotte acenou animadamente, enquanto deu irmão assentiu com um sorriso gentil.

— Claro, adoraríamos te acompanhar, Willow. Será bom ver o que chega para você também — disse Matthew, demonstrando interesse genuíno.

— Ótimo! Vamos lá então — respondi, satisfeita com a companhia deles enquanto nos dirigíamos para a Academia de Autores.

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