CAPÍTULO 11: Fio invisível.

Naquela manhã serena, eu me encontrava sentada debaixo de uma majestosa árvore, mergulhada em meus próprios pensamentos enquanto deixava que as palavras fluíssem livremente do bico da minha pena para o papel. A brisa suave sussurrava entre as folhas, acompanhando minha melodia silenciosa enquanto eu me entregava à arte da escrita.

Finalmente, após horas de contemplação e reflexão, decidi começar a história de Edward Montague, o homem cuja vida se tornaria o cerne de meu mais recente trabalho. Inspirada pelas páginas dos romances que tanto me encantavam, eu ansiava dar a Edward uma infância digna, repleta de aventuras e descobertas, mesmo que minhas próprias experiências fossem limitadas nesse aspecto.

Enquanto traçava as linhas de sua jornada desde os primeiros anos, deixei-me levar pela imaginação, buscando preencher os espaços em branco com detalhes e nuances que pudessem dar vida ao personagem que começava a tomar forma diante de mim. Embora não possuísse uma compreensão profunda da vida farta e privilegiada que Edward havia desfrutado, eu confiava na minha capacidade de empatia e na minha habilidade de capturar as complexidades do amor e afeto, aspectos que eu conhecia muito bem.

Foi então que o silêncio foi quebrado pela chegada de Matthew, cuja presença trouxe consigo uma mistura de curiosidade e inquisição. Ele se aproximou com um livro em mãos, e eu ergui os olhos para encontrá-lo com uma expressão interrogativa.

— Bom dia, Willow. Posso me sentar? — ele perguntou, indicando o espaço vazio ao meu lado.

Assenti, surpresa com sua presença, e ele se acomodou com graça, colocando o livro em seu colo. Não pude deixar de notar o olhar inquisitivo em seus olhos enquanto ele examinava o título da obra em suas mãos.

— É você que escreveu isso? — Matthew finalmente perguntou, sua voz tingida de surpresa e admiração.

Eu assenti, um sorriso discreto brincando em meus lábios. — Sim, "Exílio" é meu trabalho. Por quê? Surpreso?

Matthew assentiu, seus olhos ainda fixos na capa do livro. — Eu nunca teria imaginado que uma camponesa como você fosse capaz de escrever algo assim. É impressionante.

Apesar do elogio, detectei um leve tom de incredulidade em sua voz, como se ele ainda não conseguisse acreditar que alguém como eu fosse capaz de criar uma obra tão notável. Parte de mim se sentiu desconfortável com sua surpresa, mas outra parte se encheu de orgulho por ter sido subestimada e ainda assim ter superado todas as expectativas.

— Acredite ou não, Matthew, há mais em mim do que você imagina — respondi, tentando não deixar transparecer a irritação em minha voz.

Ele pareceu perceber minha reação e rapidamente recuou, seu rosto se suavizando em uma expressão de arrependimento.

— Desculpe, não quis ofendê-la. É apenas... surpreendente.

Matthew continuou, mudando de assunto de forma abrupta.

— De qualquer forma, passei a noite inteira lendo "Exílio". Como você conseguiu escrever algo tão envolvente e emocionante?

Com um sorriso modesto, expliquei brevemente a história por trás de "Exílio".

— É a história de Anna e Joe, um casal cujo amor estava envolto em sinais confusos e desencontros. À medida que me aprofundava na narrativa, descrevi os momentos de tensão, os momentos de ternura e os inúmeros desafios que os protagonistas enfrentavam em sua jornada para o reencontro.

— Ao mesmo que me irritava, eu fiquei encantado. Anna e Joe demoraram muito tempo para perceberem que se amam. Eu ficaria louco nessa situação — Matthew comentou, seus olhos azuis brilhando com uma intensidade que me pegou de surpresa.

Eu sorri, apreciando sua sinceridade e franqueza. Seus comentários revelavam uma profundidade que eu não esperava encontrar, e eu me vi cada vez mais intrigada pela complexidade de sua personalidade.

— Às vezes, o amor pode ser assim mesmo. Complicado, confuso e imprevisível — respondi, deixando a porta aberta para uma conversa mais íntima sobre o assunto.

— E você já gostou de alguém de verdade, Willow? — Matthew perguntou, seus olhos azuis fixos em mim com curiosidade.

Meu rosto corou, enquanto eu ponderava sobre a melhor forma de responder. Finalmente, decidi ser sincera.

— Na verdade, Matthew, nunca soube ao certo o que é amar alguém de verdade. Minhas experiências são todas baseadas na literatura, nas histórias que li e nos personagens que criei. É como se eu estivesse sempre observando o amor de longe, sem nunca ter experimentado por mim mesma — admiti, sentindo um peso sendo levantado de meus ombros ao compartilhar essa verdade com ele.

Matthew pareceu absorver minhas palavras com seriedade, seu olhar ainda fixo no meu.

— Entendo — ele murmurou, sua expressão revelando uma mistura de compreensão e simpatia. — Mas quem sabe, talvez a vida nos reserve surpresas inesperadas. Às vezes, o amor aparece quando menos esperamos, mesmo nas situações mais complicadas.

Balançando a cabeça em concordância com as palavras de Matthew, eu sorri, reconhecendo a incerteza do destino.

— Quem sabe? O destino é um escritor muito imprevisível — comentei, deixando-me levar pela leveza da conversa.

Matthew assentiu, seus olhos refletindo um brilho de admiração enquanto ele continuava.

— E pelo visto, você também é. O que me intriga, Willow, é que você conseguiu colocar nas páginas algo tão complexo sendo tão nova. Não me imagino fazendo isso aos dezesseis anos.

Senti um calor se espalhar em meu peito diante de seu elogio, e eu me vi inclinando a cabeça em agradecimento.

— Ah, a vida no campo me permite ter inspirações que não poderia ter na cidade. De fato, a natureza me ajudou nesse fator. Talvez eu devesse considerar voltar para casa quando o livro de Edward acabar.

Matthew considerou minhas palavras por um momento, parecendo ponderar sobre o que eu havia dito. Então, um leve sorriso curvou seus lábios, e ele assentiu lentamente.

— Entendo. A vida no campo tem suas próprias maravilhas que a cidade não pode oferecer — ele concordou, seu olhar perdido em pensamentos.

Enquanto observava a reação de Matthew à minha sugestão de voltar para casa após terminar o livro, pude detectar um relance de tristeza lá no fundo de seus olhos. Era um lampejo fugaz, quase imperceptível, mas que não passou despercebido por mim.

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