Enquanto os dias passavam na mansão Montague, uma aura de antecipação pairava no ar, anunciando a chegada iminente de uma nova presença. Os preparativos para a sua chegada começaram cedo, com os criados correndo de um lado para o outro, arrumando os salões e os quartos da mansão com todo o esplendor digno de uma visita tão importante.
Finalmente, o grande dia chegou, e a nova figura fez sua entrada triunfante na mansão. Seus passos eram firmes e confiantes, e seu vestido luxuoso brilhava sob a luz suave das velas, enquanto ela se movia graciosamente pelos corredores da casa.
Ela se revelou como Lady Isabella Kingsley, uma mulher de beleza impressionante, mas de uma arrogância e presunção que não passavam despercebidas. Seus olhos faiscavam com um brilho frio e calculista, e seu sorriso era mais uma careta de superioridade do que uma expressão genuína de felicidade.
Quando Matthew a apresentou a mim, me descrevendo uma "amiga muito querida", seus lábios se curvaram em um sorriso forçado, e seus olhos me percorreram com um olhar de desdém claro e indisfarçável. Era evidente que ela não estava satisfeita com a minha presença ali, e seu tom de voz era cortante e condescendente quando ela se dirigia a mim.
— Ah, então você é a famosa amiga de Matthew — disse ela, sua voz tingida de sarcasmo. — Que prazer conhecê-la.
Seu aperto de mão foi firme e calculado, e seus olhos faiscaram com uma chama de desafio quando nossos olhares se encontraram. Era óbvio que ela via em mim uma ameaça à sua posição como a mulher mais importante na vida de Matthew, e estava determinada a deixar isso bem claro para todos ao seu redor.
Enquanto Lady Isabella Harrington lançava seu olhar gélido em minha direção, senti o peso de sua hostilidade pairando sobre mim como uma nuvem escura. No entanto, ao ouvir Matthew apresentá-la como sua noiva, uma pontada de surpresa e desconforto se infiltrou em meu âmago. Ainda assim, mantive minha compostura, tentando esconder minha consternação por trás de um sorriso polido.
No entanto, quando Matthew começou a elogiar minha amizade, senti a necessidade de intervir.
— Oh, por favor, Matthew — disse eu, tentando dissipar qualquer mal-entendido. — Não seja modesto demais. Sou apenas uma escritora fazendo meu trabalho. Quando a hora chegar, partirei sem fazer alarde.
Matthew pareceu desconfortável com minha observação, mas optou por permanecer em silêncio. Seus olhos encontraram os meus por um breve momento, revelando uma mistura de emoções que eu não conseguia decifrar.
— E você é muito modesta, Willow — interveio Isabella, com um sorriso afiado. — Fazer parte da vida dos Montague é um privilégio para poucos. É uma pena que você não reconheça isso.
— Não é bem assim, Lady Isabella — retorqui, mantendo minha compostura apesar da provocação. — Estou aqui apenas a trabalho, e por sorte, tenho tido uma boa colaboração com Matthew.
Isabella arqueou uma sobrancelha, claramente desdenhosa de minha resposta. — Ah, então é isso? Uma mera colaboração profissional? — ela disse, com um tom de desdém evidente em sua voz. — Bem, espero que saiba o seu lugar.
Matthew pigarreou desconfortável, mas permaneceu em silêncio, aparentemente relutante em intervir na conversa.
Apesar da tensão palpável no ar, eu mantive minha postura firme, determinada a mostrar a Isabella que não representava nenhuma ameaça a seu relacionamento com Matthew. Queria transmitir que estava ali apenas para cumprir minhas obrigações profissionais e que não tinha intenção alguma de interferir em sua vida pessoal. No entanto, por mais que tentasse transmitir essa mensagem por meio de meu comportamento, sabia que seria uma tarefa difícil diante da hostilidade evidente de Isabella.
Isabella chama suavemente por Matthew, sua voz soando impaciente.
— Matthew, querido, precisamos ir para o chá de tarde. — Ela lança um olhar de soslaio para mim, como se me culpasse por estar atrasando seu compromisso.
Matthew assente, mas antes de sair, pede para Isabella ir na frente.
— Você poderia ir na frente, Isabella? Preciso falar rapidamente com Willow sobre alguns detalhes do livro.
Um franzir de sobrancelhas instantâneo surge no rosto de Isabella, uma expressão de descontentamento evidente.
— Matthew, eu realmente não acho que seja uma boa ideia. Você sabe como é difícil me deixar sozinha com gente que não tenho intimidade.
Apesar de sua relutância, Isabella concorda em sair, mas não sem lançar um último olhar de desconfiança em minha direção.
Assim que ela se afasta, Matthew se vira para mim, segurando minhas mãos com urgência.
— Por favor, Willow, não me deixe sozinho com aquela mulher horrível e sem coração.
Sorrio, divertida com sua súplica.
— Você é um idiota, Matthew. Afinal, ela é sua noiva.
Ele ri, mas seus olhos revelam uma sinceridade palpável enquanto me olha intensamente.
— Estou falando sério. Por favor, Will. Não me deixe sozinho.
Balancei a cabeça com um sorriso brincalhão.
— Deveria ter pensado nisso antes de pedi-la em casamento. Quem sabe na próxima, hein? Mas agora, devo voltar ao trabalho. Tenho algumas ideias para lapidar na obra, já que estamos quase no meio.
Ele me olhou com tristeza, e sua expressão me fez sentir um aperto no coração.
— Você não deveria ter se referido daquela forma, como um mero colega de trabalho. Você sabe que somos muito mais que isso.
Engoli em seco, sentindo o peso de suas palavras. Era difícil negar a conexão especial que tínhamos desenvolvido, mas eu sabia que não podia me permitir sonhar além do que era prudente.
— Eu sei, Matthew. Mas precisamos manter as coisas claras entre nós. Minha estadia aqui na mansão Montague é passageira, e logo estarei voltando para casa. E depois... — hesitei por um momento, relutante em verbalizar a verdade óbvia — depois, as circunstâncias mudarão. Você estará casado, e não é apropriado para um homem casado trocar correspondências com outras mulheres.
Um silêncio pesado se instalou entre nós, carregado de uma sensação de inevitabilidade e perda iminente. Era doloroso encarar a realidade de que nossa amizade estava fadada a ser minada pelo tempo e pelas circunstâncias da vida.
— Poderíamos lançar outro volume, o que acha? Edward ressuscita dos mortos e vive uma vida para ajudar os órfãos. Ele se torna uma lenda viva — sugeriu Matthew, com um brilho de empolgação nos olhos.
Balancei a cabeça em negação, sorrindo com simpatia.
— Não, Matt. Há coisas que não precisam ser alongadas, e a história de Edward é uma delas. Agora vá, Isabella está te esperando.
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Atualizado até capítulo 26
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