OCEAN BAILEY
Procuro Chace entre todos os jogadores uniformizados durante o intervalo do terceiro
quarto, e o vejo conversando com o quarterback. Ele parece sentir que meus olhos estão nele,
pois levanta a cabeça e encara a área VIP, mais especificamente onde estou.
Aceno para ele, ouvindo muitos dos nossos fãs gritarem quando ele retribui meu
cumprimento com um sorriso no rosto.
Essa partida está muito mais difícil do que as outras.
É, está sendo bem o que o pai do meu amigo disse, cheio de ironia: uma ótima forma de
começar o ano.
O time de Las Vegas, os Raiders, estão indo muito bem. Conseguiram sair na frente no
último quarto jogado, com 23 pontos, enquanto os Octopus estão com 11. — O que está acontecendo entre você e o meu irmão? — Quinn pergunta ao meu lado,
absolutamente do nada.
Cora, Ed e Kendrick estão tão entretidos conversando com um amigo do Sr. Lawson, e
nem ouviram essa pergunta maluca. — Do que você está falando?
Ela solta um de seus suspiros dramáticos e segura minha mão, me afastando do vidro para
que ninguém leia nossos lábios. Caminhamos para o fundo da área VIP, onde ficam as mesas de
bebidas. — Achei que Lila tinha ido brincar com vocês na praia na segunda, então saí de casa para
encontrá-los, e vi uma cena e tanto de vocês dois se beijando.
Troco meu copo quase vazio por um mais cheio de bebida e tomo um gole, evitando olhar
para minha melhor amiga, porém sentindo perfeitamente seus olhos me queimarem. — Estão juntos? Desde quando?
Nego e a encaro a tempo de ver seu rosto cheio de confusão.
— Somos amigos... coloridos. — A última palavra sai bem baixinho, e ainda olho ao redor
para ter certeza de que ninguém está prestando atenção em nossa conversa.
Vejo Quinn fazer um esforço para não surtar, e ao mesmo tempo processar o que saiu da
minha boca. — Vocês voltaram a ser adolescentes? Que ideia maluca é essa de amizade colorida depois
de velhos? — Falando assim, até parece que não tenho apenas 27 anos. — Aconteceu... — O que estão fazendo, meninas? — Cora pergunta, ainda em seu lugar. — O jogo
começou. — Já vamos voltar, mãe. Só estou falando com Ocean — a filha responde e me vira para a
mesa de bebidas novamente. — Pode me explicar o que está acontecendo? — Aqui não parece o melhor lugar para isso — digo com sinceridade. — Vamos voltar a
ver o jogo do seu irmão.
Não consigo nem dar um passo em direção ao lugar que estava, porque a atriz me mantém
parada ao seu lado, com uma força que eu nem fazia ideia de que ela tem.
Acho que ela está pegando pesado na academia. — Vai me explicar aqui e agora. — Sempre me esqueço o quanto ela é determinada. — O
jogo do meu irmão está longe de acabar.
É a minha vez de soltar um suspiro dramático.
Olho para trás e vejo as três pessoas que eu não gostaria que soubessem disso entre mim e
o running back, entretidas com o que está acontecendo em campo. — Quando digo que aconteceu, é porque aconteceu, Quinn. — Como assim? Em um dia ele era seu irmão de coração e no outro você começa a sentar
nele? — Fala baixo! — Felizmente, ninguém está prestando em nós.
Até pode ser isso que minha amiga disse, mas ainda não sentei em Chace, para o total
desespero da minha boceta, que pinga toda vez que ele diz alguma coisa de duplo sentido, ou até
mesmo quando me olha com desejo.
Infelizmente, estamos em uma fase muito mais intensa dos jogos, e meu amigo passou a
semana inteira treinando com o time e chegando em casa tão cansado, que na vez que fiz o jantar
em sua casa essa semana, ele mal comeu porque capotou no sofá mesmo. — Não foi bem assim. — Foi sim! — Acontece que comecei a reparar mais nele, e como
estamos solteiros e não faço ideia de como ter sexo casual, como havia dito que teria, seu irmão e
eu resolvemos usufruir da nossa amizade. — Isso foi ideia do Chace, né? — É claro.
Quinn esfrega sua testa, parecendo estar com algo em seus pensamentos. — O que foi? — Nada — responde imediatamente. — Não está preocupada com o futuro da amizade de
vocês?— Chace nunca quebraria meu coração — digo com segurança. — Mas e você? Nunca quebraria o dele também?
A pergunta me pega totalmente de surpresa e acho que ela percebe isso. — Vocês são melhores amigos há 27 anos e nunca se envolveram, agora querem ter uma
amizade colorida como se tivessem se conhecido na semana passada. — A loira parece muito
preocupada. — Você é emocionada, Ocean, mas nunca se apaixonou pelo meu irmão em todo
esse tempo. É por isso que pergunto se o coração do meu menino está seguro também. — Seu irmão também nunca se apaixonou.
Ela suspira e pega um copo de bebida. — Tem razão — murmura. — Prometemos ser honestos em relação a tudo. — Entendo a preocupação dela, porque era
a minha também antes de aceitar essa proposta maluca. — Mas é o seu irmão, meu melhor
amigo... Ele sempre foi o único cara que confiei além do meu pai.
Minha amiga assente. — Só... não fodem tudo, está bem? — Ela bufa ao ver minha expressão divertida. — Você
entendeu o que eu quis dizer.
Quinn faz uma careta. — Não acredito que está transando com meu irmão. — Nós ainda não transamos. — Não fomos até o fim.
Isso que quero dizer. — De qualquer forma, isso vai acontecer... É muito estranho para mim.
Deveria ser para mim, porém, é justamente o contrário. — Vamos voltar para o jogo.
No último quarto, a partida parece mais intensa do que nos anteriores, pois tanto nesse
como no terceiro, os times trocaram touchdowns em uma competição acirrada. O placar está,
neste momento, empatado em 29 pontos.
Clyde, o quarterback dos Octopus, guia a equipe por jogadas que imagino que tenham sido
calculadas durante a semana toda. Já Chace, corre pelo campo, deslizando entre os defensores
com uma agilidade, que só mostra o quanto ele nasceu para isso.
Todas as pessoas do estádio estão em êxtase.
Parece que quanto mais o jogo fica tenso, mais emocionante fica para eles.
Já eu, estou a ponto de suar de nervosismo.
Eles não podem perder.
Assusto-me quando os jogadores do Raiders lançam uma sombra sobre o campo, ao redor
de Clyde. O quarterback até tenta escapar da pressão defensiva, mas consigo ver daqui quando
algo dá muito errado e ele cai no gramado, agarrando o tornozelo com tanta dor, que um gemido
com essa mesma sensação ecoa pelo estádio.
Merda. — Puta que pariu! — Ed grita, me assustando. — Droga! Será que foi grave?
Tanto ele como Cora estão chocados. — Tadinho do Clyde — ela murmura, preocupada enquanto observamos o jogo parado e a
equipe médica correr para o campo para avaliar a situação. — Espero que não tenha sido nada
grave, querido. — Ele deve estar sentindo muita dor — Kendrick comenta.
Olho para Chace, que está ao redor dos médicos e do Clyde. Meu amigo, sim, parece
preocupado com a forma como estão conduzindo toda a situação à sua frente.
Leva alguns minutos, e pela minha visão, entendo que quarterback gostaria de ficar no
campo, mas assim que tenta se manter em pé, fica claro que a lesão que teve o impedirá de
continuar jogando.
Meu amigo fala alguma coisa no ouvido colega e aperta o ombro dele, parecendo prestar
palavras de apoio.
O quarterback é aplaudido pelo bom desempenho no jogo enquanto sai do campo com a
ajuda dos médicos. — Vamos ver o menino Thomas jogar? — Quinn demonstra animação. — Por que você parece animada com isso? Acho que o machucado do Clyde foi feio —
digo enquanto o reserva do quarterback entra no gramado, também sendo aplaudido. — Ele é bom! Não é à toa que foi draftado tão cedo. — Minha amiga ama futebol muito
mais do que eu, então, faz sentido ela entender mais sobre o assunto. — Sabe por quem ele foi
treinado? Sebastian Sinclair. A perfeição está no sangue daquele garoto.
Kendrick arqueia as sobrancelhas para a esposa. — O que foi? Nem começa, já superei meu crush pelo Sebastian. Meus olhos estão todos
em você agora.
Prendo a risada.
Lembro de alguns momentos no passado em que a atriz ficava babando pelo quarterback
dos Dolphins, mas isso foi até ela descobrir que ele é casado e pai de família.
Não posso julgar o gosto da Quinn.
O Sinclair é mesmo um homem muito bonito. — Até porque, mesmo se não estivesse, o cara é casado e ama a mulher. Nunca teria olhos
para você — o marido a provoca.
A loira revira os olhos, mas chega mais perto do amor da sua vida e o beija nos lábios
rapidamente. Sempre amei o quanto esses dois se tornaram unidos quando começaram a se
relacionar.
Kendrick também é ator e a histórias deles é a mais clichê possível: se apaixonaram
enquanto filmavam um filme de romance. O amor foi tanto, que fez minha amiga, que adorava
sua vida de solteira, se amarrar e não querer mais largar o ator.
Volto a prestar atenção no jogo.
Thomas assume a responsabilidade de liderar a equipe, e noto que a dinâmica do grupo
muda. O garoto parece trazer mais agressividade para o time, enquanto eles tentam se manter
resilientes, continuando a luta contra os rivais.
Os Raiders tentam aproveitar a oportunidade pelo nosso quaterback principal estar fora da
partida, para ganhar terreno, mas os Octopus parecem saber que isso aconteceria, pois defendem
muito bem tanto a bola quanto o reserva.
O jogo permanece competitivo, me deixando tão tensa que tenho vontade até de roer as
unhas para me acalmar, mas no final, os Octopus conseguem marcar um touchdown, levando
toda a torcida à loucura e, finalmente, desempatando a tempo.
Abraço Quinn e Cora, compartilhando com elas a animação de finalmente poder
comemorar mais uma vitória.
Sinto que a cada momento, estou sendo filmada e observada pelas pessoas, mas não me
importo. Estou mais uma vez aqui por causa de Chace, para ser o seu amuleto, para prestar apoio
e me divertir com sua família o assistindo.
No campo, Chace encontra meu olhar e sorri, mandando um beijo em direção à área VIP, e
tenho quase certeza que foi especialmente para mim.
Esse homem...
Não poderíamos estar nos importando menos pelo que irão falar de nós pelos próximos
dias, talvez até semanas.
Não deixarei de vir aos seus jogos e apoiá-lo, como sempre fiz.
Passo pelos corredores de fininho e entro na parte que não pode ser filmada, caminhando
até o vestiário. Gracie disse que Chace já estava ali dentro sozinho, quase pronto para ir embora.
Ele sempre é o último a sair e isso, provavelmente, nunca mudaria.
Alguns jogadores passam por mim e me cumprimentam. Sorrio de volta e aceno,
alcançando a porta depois de andar por todo o corredor. Giro a maçaneta e entro no cômodo,
confirmando que meu amigo está sozinho quando não escuto nada além de uma porta do armário
batendo.
Ando alguns passos até achá-lo colocando nas costas, a mochila que sempre leva para os
jogos. Ele está tão concentrado em seus próprios pensamentos, que nem me vê a alguns metros
de distância dele, e seus olhos pousam em mim somente quando ergue a cabeça para seguir o
caminho até a saída do vestiário . — Ocean? O que está faz...
Pode ser uma felicidade repentina ou o orgulho que sempre senti do meu melhor amigo,
agora com o bônus da relação com benefícios que temos; pode ser a adrenalina por ter ficado tão
tensa em um jogo, torcendo para que ele saísse vencedor e finalmente vê-lo sorrindo menos
ansioso quando conquistou a vitória; enfim, pode ser qualquer coisa que me fez correr até Chace,
pular em seu colo com um sorriso orgulhoso no rosto e beijar sua boca, que vem sendo minha
maior obsessão nos últimos dias, pois tudo o que conseguimos fazer foi nos beijar. Isso de certa
forma foi bom para me lembrar do porquê não tenho dúvidas quanto à minha decisão de ter
aceitado à proposta dele.
Meu amigo beija bem, muito melhor do que qualquer cara que já beijei, e principalmente,
ele me trata bem. Por que então eu perderia meu tempo procurando outros caras, quando temos
uma boa química? Não sei nada do futuro, mas nunca fui medrosa e enfrentarei qualquer
consequência que isso nos trouxer.
As mãos de Chace me seguram firme contra seu corpo e sua língua me enviam ondas de
calor pelo meu sangue, me deixando cada vez mais ardente por dele.
Como será ter seu pau dentro de mim? Eu não vejo a hora de tirar essa prova, ao mesmo
tempo que amo essas nossas preliminares.
Só deixa tudo mais gostoso.
Sempre soube que a mulher que meu jogador se apaixonasse seria sortuda, pois apesar do
seu estilo de vida solto, ele é um cara paciente, gentil e quando ama, coloca essa pessoa em
primeiro lugar.
Pensando bem...
Não, é melhor eu não pensar bem.
Sou desperta dos meus pensamentos e até mesmo da prisão dos seus lábios quando escuto
assovios atrás de nós.
O idiota que chamo de amigo parece prestes a rir da minha cara, que provavelmente
demonstra o quão assustada e surpresa estou. — Eu falaria que não estava sozinho no vestiário se você tivesse me dado essa
oportunidade — diz baixinho ao colocar uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e, em
seguida, toca minha bochecha. — Ou não, porque eu amei meu presente.
Seu sorrisinho bobo quase me convence de não ficar brava com ele.
Olho para trás e vejo quem são as duas pessoas que testemunharam nosso beijo digno de
cinema: Thomas e Cole.
— Achei que fossem só amigos — o quarterback reserva comenta, não escondendo seu
olhar provocativo. — Estou curioso a respeito do nível dessa amizade — Cole também provoca. — Quando
foi que ela teve upgrade?
Encaro Chace, pedindo com o olhar que ele resolva isso. — Não devemos satisfações para vocês, espertinhos — meu amigo fala ao me abraçar mais
apertado, sem me dar a chance de fugir. Ele me conhece tão bem. — Já estão prontos para irem
para o hotel? Por que não dão o fora daqui logo? Não aguento mais ver a cara de vocês.
Cole semicerra os olhos para o running back. — Tem certeza de que não é por que quer ficar beijando sua melhor amiga? — O idiota faz
um biquinho com a boca e fecha os olhos.
Thomas ri. — Ele é tão previsível. — Vocês que são um pé no saco! Não percebem que estão deixando minha mulher com
vergonha?
Minha mulher.
Minha mulher.
Minha mulher.
Quero dar um tapa na cara do safado que chamo de melhor amigo, porém, meu corpo me
pega de surpresa ao não corresponder essa vontade, e meu coração ao acelerar com suas
palavras.
Claro que os garotos fazem um alarde com o que o cretino fala. — Vamos deixar os pombinhos a sós, Thomas.
É Fisher que fala.
Não faço questão de olhar mais uma vez para os amigos de time dele, pois estou mesmo
me sentindo um pouco tímida. — O que você tem na cabeça? — pergunto quando escuto a porta do vestiário fechar.
O loiro aperta meu nariz entre seus dedos e deixa um selinho nos meus lábios. — Vamos para o hotel, pequena. — Ele segura minha mão. — Depois de um jogo tão
difícil, tudo o que quero é ver você gozando na minha boca de novo.
O calor que sempre me invade quando Chace fala essas obscenidades, toma todo meu
corpo de novo, fazendo-me até esquecer o que perguntei a ele.
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Atualizado até capítulo 38
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