Nós vamos jogar contra os Titans!

                                                               CHACE LAWSON

É sempre estranho como o tempo passa rápido, mas sempre faz sentido quando penso no

quanto estamos ocupados. Realmente, não há outra forma de ser, é só aceitar que, num piscar de

olhos, começamos o ano e, no outro, já estamos chegando no final dele.

Já estamos em novembro e, por jogar a semana toda, treinar quase todos os dias, e viajar

constantemente para os locais que acontecerão os jogos, mal vejo o tempo passar.

Saio da sala em que tivemos uma reunião com nosso técnico, Reggie Lurie, para definir as

estratégias do jogo de domingo, e vou em direção ao vestiário. Hoje foi o último dia de treino

antes do feriado de Ação de Graças que será amanhã e estou exausto; parece que nosso técnico

decidiu gastar toda a nossa energia, esquecendo-se completamente de que nos encontraremos

aqui na sexta-feira.

Felizmente, nosso jogo será em Nova York, e conseguirei aproveitar o dia de amanhã com

minha família na casa que tenho em Nova Jersey. — Cara, como você está? — Cole para ao meu lado e olha ao redor. — Nós vamos jogar

contra os Titans no domingo, e não sei se me assusto com sua calmaria ou se me preocupo.

Suspiro.

Está aí a parte infeliz do próximo jogo: o maldito Mark Gallagher. — Estou bem — minto. — Não é como se eu nunca tivesse o enfrentado no campo antes.

O enfrentei quando era namorado de Ocean, por que seria difícil agora? — Sou seu amigo tempo o suficiente para saber que existe uma diferença quando o cara é

namorado da sua melhor amiga, que você respeita o relacionamento, para quando ele é o ex que

a fez chorar.

Abro a porta do meu armário com mais força do que o necessário.

A dificuldade é essa.

O desgraçado fez minha loira chorar e foi um completo idiota com ela.

— Vou separar meu lado pessoal do profissional. Prometo! — Até porque, agora que pararam de falar que você e Ocean estão em um relacionamento

secreto, não precisamos de repórteres caindo em cima por causa da sua raiva de Mark Gallagher

no campo.

Essa história é tão estúpida!

Depois da declaração que Edina soltou para mídia, alguns meses atrás, pensei que tudo

voltaria ao normal, mas fui iludido. A internet toda comentou sobre o término, e me incluíram no

meio, tirando de suas próprias imaginações, que Ocean havia terminado com o idiota porque me

amava mais do que um amigo.

Eles nem imaginam, mas eu gostaria que isso fosse verdade.

Depois da foto que a meio-metro postou de nós dois fazendo skin care juntos, tudo piorou

porque ela estava usando minha camiseta do time. Para eles, não importava que a legenda frisava

o quanto somos melhores amigos, eles enxergaram apenas o que queriam.

Claro que tem os fãs que entendem, só que muito deles, queriam acreditar que estamos

juntos.

Então, apenas deixei isso de lado, e minha amiga fez o mesmo.

Aproveitamos para nos vermos muitas vezes, escondidos de todos, nos últimos quase três

meses, pois não queríamos que os comentários a nosso respeito continuassem.

Foi uma boa decisão para ela, que passou pelos primeiros meses do término focada em sua

turnê de sucesso, e eu estou focado em chegar no Super Bowl, e não em fofocas que,

sinceramente, eu gostaria que fossem verdade a nosso respeito. — Não vou cair em cima dos Titans mais do que o necessário — prometo ao meu melhor

amigo, que não é o quarterback do time, mas age como um, exclusivamente para mim. — Por

falar nisso... Você e Kyle vão no show de Ocean na sexta?

Faz semanas que ele está saindo com uma das modelos mais bem pagas dos Estados

Unidos; no entanto, até o momento, eles não assumiram publicamente nenhum relacionamento.

Como seu melhor amigo, sei o quão apaixonado ele está por essa mulher e também percebo que

não vai demorar muito para ele pedi-la em namoro. — Eu tenho outra escolha? Kyle é muito fã da Ocean e não conseguiu ir a nenhum dos

shows antes por causa da agenda lotada, ela quer muito ir na sexta. — Até porque, esse é o último show na América do Norte, ela não conseguiria ir em outro — o lembro e sorrio. — Vai aparecer com ela publicamente, então?

Cole parece só se dar conta disso agora, pois arregala os olhos em minha direção. — O que foi? Isso é um problema? — pergunto. — Não, é só que... não tinha parado para pensar nisso.

Bagunço seu cabelo. — Você é lerdo! — Para, Lawson! — manda, arrancando minha mão da sua cabeça. — Acho que vou pedila em namoro, cara. — E ainda não pediu? Tem dias que está viajando nesse vestiário pensando nela. — Como

amo provocar meus amigos apaixonados! Ele me encara, zangado. — O que foi? Sabe que não

estou mentindo. — Está exagerando, como sempre faz. — Estou? Certeza? — Vejo Clyde, nosso quarterback, se aproximar. — Ei, Clyde! Não é

verdade que Cole está sempre perdido, com a carinha de apaixonado por aqui?

O jogador ri.

— Não só aqui. Viu a cara dele numa hora em que estava passando o vídeo do jogo mais

cedo? Ele nem parecia estar no planeta terra.

Fisher revira os olhos quando rimos. — Idiotas! — Se perdermos por sua causa, vou expor sua falta de atenção na internet — Clyde

ameaça de brincadeira, ou não. — É bom estar apaixonado, Cole. Aproveite e a peça em namoro

logo. — Concordo! — falo.

O quarterback acena para nós. — Preciso ir, marquei de me encontrar com meu irmão às cinco.

Fazemos um toque e ele pega suas coisas, saindo do vestiário em seguida. — Você concorda? Não tem que dar pitaco em nada quando sua vida amorosa é um

desastre.

Não deixo de me sentir ofendido com o que diz e faço minha melhor cara para demonstrar

esse sentimento. — Minha vida sexual está ótima! Te falei da mulher com quem transei na semana passada?

Uma grande gostosa.

Ele faz uma careta. — Não estou falando sobre sua vida sexual deprimente para esconder o coração partido

pela friendzone. — Ai! Essa doeu!

Cole e meus irmãos são os únicos que sabem como realmente me sinto em relação à

Ocean, e confesso que não sei se foi uma boa ideia deixá-los saber. Eles vivem esfregando meu

sofrimento na minha cara, como se eu pudesse mudar alguma coisa de uma hora para a outra.

Desvio o olhar do Fisher e vejo o garoto de 20 anos, Thomas Azzaro-Gauthier, pegar sua

mochila no armário. Ele acabou de sair do banho, o cabelo loiro está molhado e algumas gotas

escorrem pelas costas, molhando a camiseta do time que usa.

O garoto é quarterback reserva do nosso time, recém draftado e, puta que pariu, é um

prodígio no campo. — Ele é bom, né? — Mudo completamente de assunto e Cole segue meu olhar. — Acho

que em breve, ele vai ter a chance de mostrar para nosso público o quanto é bom conosco em

campo.

Thomas é um garoto ainda, porém tenho certeza de que em breve, estará jogando conosco.

O técnico não é idiota de deixar um talento tão bom quanto o dele na reserva por muito tempo.

O moleque acena e sorri para nós. — Ei, pirralho, gosta da Ocean? — A cantora? É claro! Existe alguém nessa América que não gosta? — ele pergunta, com

o sorriso e olhar divertido e gentil de sempre.

Gosto dessa criança. — Cole e eu vamos no show dela na sexta, quer ir?

Thomas parece surpreso com o convite e não esconde o quanto fica animado com a ideia

de sair com a gente pela primeira vez. — É claro! — Ótimo. — Sorrio. — Traga roupa para se trocar depois do treino, pois iremos sair daqui.

Ele concorda. — Obrigado pelo convite, Chace. — Aponta para a porta de saída. — Preciso ir agora. — Vai pela sombra, garoto! — Cole o provoca quando já está quase saindo do vestiário.

Dou risada. — Sombra? Ele vai na Mercedes dele, babaca. — Dou um tapa na nuca do cara que chamo

de amigo.

Thomas é filho de uma das maiores famílias de empresários bilionários dos Estados

Unidos, e Cole o tratando como um simples garoto, meu amigo é mesmo um idiota. — Vou me arrumar para vazar daqui também — comento, pegando minha roupa de banho

no armário. — Já gastei muito tempo com você. — Admite que não vê a hora de chegar amanhã para passar o feriado com sua melhor

amiga.

Reviro meus olhos e fecho o armário com força. — Cala a boca!

Não nego, porque infelizmente, ele tem razão.

Minha mãe é sempre exagerada.

Ela nunca consegue fazer pouca comida no dia de Ação de Graças, e é por saber disso, que

a partir desse ano, vou separar um pouco de cada prato em marmitas para levar ao abrigo que

ajudo a cuidar financeiramente aqui em Nova Jersey. Não tem muitas crianças, mas imagino que

elas devam sentir falta de uma comida caseira. — Sabe que existe apenas umas 10 crianças para alimentar no abrigo, não 20, né? —

provoco a senhora Cora Lawson, que está fazendo outro prato de salada. — Hum... O peru cheira

muito bem.

Abraço minha mãe por trás e ela não demora para reclamar. — Se você não vai ajudar, não estorve, garoto.

Dou risada e beijo a bochecha dela, ouvindo seu resmungo. — Ocean não chegou ainda? Por isso está aqui me perturbando?

Saio de perto da mulher que me deu à luz, pois ela pega uma faca. Mesmo que seja para

cortar as cenouras, tenho um pouco de amor pela minha vida para arriscar ficar perto. — Ela deve chegar daqui alguns minutos — respondo e escuto o barulho de Lila, minha

sobrinha de sete anos, lá na sala. — Por outro lado, sua neta está bagunçando toda a sala de estar.

Minha mãe não consegue evitar o sorriso. — Deixe a menina em paz! Lila ama a casa da vovó. — Quando eu era criança, não me deixava bagunçar a casa com Ocean.

Meu irmão mais velho entra na sala no mesmo momento. — Não acredito que está com ciúmes da sua sobrinha, Chace. — Jaylen me dá um tapa na

nuca. — Se situe, criança.

Reviro os olhos. — Deixa de ser idiota! Vou ter que chamar Harper para levá-lo para o buraco em que saiu? — pergunto, me referindo à minha cunhada. — Ninguém te chamou para a conversa.

Minha mãe nega com a cabeça. — Por que fui ter três filhos, Senhor? Apenas um já era o bastante.

Semicerro os olhos na direção dela. — Talvez dois — ela completa. — Quinn tomou jeito agora.

A olho, incrédulo. — Você acabou de dizer que não queria que eu nascesse? Como pode ser tão sem coração?

A velha maluca aponta a faca para mim. — Como vou ter se você já o infartou várias vezes? — pergunta, e me finjo de sonso, que

não está entendendo o que ela está dizendo. — Quando vai tomar jeito, garoto? Gracie me ligou

dizendo que precisou pagar uma nota para que fotos suas com uma garota não fossem vendidas

na internet.

Suspiro.

Eu não posso nem foder mais!

Como poderia imaginar que havia pessoas me seguindo na semana passada?

Acabei sendo fotografado entrando no hotel de sempre com uma modelo que conheci

naquele dia mesmo.

No dia seguinte, acordei com Gracie Kostek, minha prima e agente, que também cuida da

minha imagem, gritando nos meus ouvidos para eu tomar mais cuidado. — Se focasse em arrumar uma futura esposa, eu poderia voltar a ter coração. — Exagerada — digo para minha coroa. — Estava curtindo. — Nossa mãe tem razão em puxar sua orelha — meu irmão mais velho começa a defender.

Ele não perde uma oportunidade de chamar minha atenção. — Você tem uma imagem pública

vinculada ao seu trabalho. As pessoas o amam porque você mostra quem é nas entrevistas, mas

sabe o quanto essa gente pode mudar de opinião rapidamente? Eles sabem que você é solteiro,

mas se descobrirem que está ficando com uma garota a cada semana, vão reduzi-lo a isso,

ignorando até mesmo o seu bom coração.

Minha mãe larga a faca e se aproxima de nós. — Não se esqueça que é o melhor amigo da Ocean. Não quer que a imagem da nossa

garotinha se resuma a melhor amiga de um cafajeste, né? — É como se eu tivesse cometido o

maior crime do mundo e odeio essa sensação, principalmente quando trazem a loirinha para o

assunto. — Não está mais na faculdade, querido. Já é homem, e precisa arrumar seu futuro...

Olhe para seu irmão e sua irmã, eles tomaram jeito.

Acontece que o “tomar jeito” para minha mãe se resume a uma palavra: casamento. — Eu sempre fui santo — meu irmão se defende.

E infelizmente, tenho que concordar.

Minha irmã que sempre foi mais maluca da cabeça.

Ela curtiu muito a vida de solteira antes de se amarrar ao Kendrick. Pelo menos, evitou que

nossa mãe tivesse um infarto, pois, ao contrário de mim, Quinn não tinha o menor cuidado em

manter sua diversão privada. Ela saía para festas, era fotografada bebendo e beijando

desconhecidos, causando o caos no mundo artístico.

Louca, mas a amo mesmo assim, e confesso que sinto falta de ir a uma festa com ela. — Melhor nem me lembrar do que já sofri com seus irmãos solteiros ao mesmo tempo. —

Minha velha coloca a mão no coração, exagerando no drama. — Vejam, nem bate mais, de tão

fraco que está ficando.

Dou risada e beijo sua bochecha. — Dramática! E pode esquecer essa ideia de casamento, já falei que isso não é para mim.

Ela semicerra os olhos em minha direção e nega algo com a cabeça.

Se ela soubesse que a única mulher com quem aceitaria me casar é Ocean Bailey,

organizaria a cerimônia em menos de 24 horas e forçaria minha amiga a se casar comigo.

Sim, ela é nesse nível.

Não, minha mãe não faz ideia de que sou apaixonado pela cantora e, graças a Deus, tenho

um lado artístico ótimo que me permite ser um ator excelente, escondendo meus sentimentos

muito bem, ou ela já teria bancado a fada madrinha e, com certeza, teria estragado tudo.

Dona Cora tem essa mania de se envolver nos relacionamentos dos filhos. Quando Jayden

se apaixonou e não sabia o que fazer a respeito disso, ela marcou um encontro com ele e Harper

nesta casa. Infelizmente, eu não estava aqui para prestigiar o momento constrangedor que

ocorreu quando minha mãe jogou na mesa que seu filho mais velho amava aquela que se tornou

sua nora.

Sorte dela é que Harper sentia o mesmo ou então dona Cora teria estragado tudo.

Imagina se ela soubesse sobre meus sentimentos por Ocean? Acabaria deixando escapar e

nos afastando completamente, antes mesmo que eu pudesse tentar conquistar o coração da minha

amiga.— Cuidem do peru porque preciso jogar uma água no rosto depois de não ser levada a

sério — ela diz e sai da cozinha em um piscar de olhos. — Agora sei de onde puxei o lado dramático — comento, sorrindo e olho para meu irmão,

que me encara sério. — O que foi? — Não gosta da ideia de casamento porque não é com Ocean, né? — provoca e bato em

seu ombro com força. — Ai! Babaca! — Cala a boca.

Ele esfrega o local que atingi. — Nunca vou entender como consegue foder várias garotas estando apaixonado por uma — comenta, não me dando ouvidos e continuando com o assunto. — Isso vem desde a época da

escola.

Se não fosse meu irmão falando essa bobagem, eu nem acreditaria que escutei isso. O olho

com tédio. — E meu pau é conectado ao meu coração, porra? — respondo, sem esconder minha

irritação. — Esperava o quê? Que eu ficasse chorando por aí enquanto ela estava amando e feliz

com o namorado da vez? Tenho amor-próprio. — De que o senhor cheio de amor-próprio está se gabando dessa vez, Jaylen? — Escuto a

voz de Ocean atrás de mim e me viro rapidamente. O que ela escutou? Pelo seu sorriso, não

parece ter sido nada demais, e me sinto mais aliviado quando ela confirma ao se aproximar e me

abraçar. — Oi, Mr. Lindo.

Sorrio e a abraço apertado, não me importando em tirá-la do chão quando a ergo nos meus

braços.— Chace Lawson! — ela solta um gritinho no meu ouvido.

Ninguém pode me julgar.

Faz uma semana que não vejo esta loirinha. — Não estava me gabando da minha beleza por mais que devesse — digo, colocando-a no

chão de novo. — Senti saudade, meio-metro. — Eu também. — Ela bate no meu ombro e nos afastamos. — Oi, Jaylen.

O abraço no meu irmão é muito mais contido do que em mim. — Oi, Ocean.

Quando ela volta a ficar ao meu lado, descanso o braço ao redor do seu ombro. — Do que estavam falando então?

Nem preciso olhar para meu irmão para saber que seus olhos estão em mim, desafiando-me

a falar alguma coisa, como sempre. Ele sempre quis que eu fosse sincero com Ocean sobre meus

sentimentos, mas acreditem, não posso confiar em alguém que é um ogro quando se fala em

demonstrar sentimentos.

Jaylen é muito direto, para ele, é tudo no preto e no branco, sem frescuras.

Não sei como Harper o ama.

Ele é o homem mais antirromântico do mundo. — Sobre minhas habilidades na cama.

Ela revira os olhos. — Seu irmão é um pervertido, Jaylen. — Concordo, Ocean — meu irmão diz. — Deveria tomar cuidado com ele.

O desgraçado pisca para ela, em uma clara piada interna e se afasta de nós, indo ver o peru

no forno.

Olho para a loirinha ao meu lado. — Vamos lá para a sala. Seu pai veio com você?

Ela assente com a cabeça.

Saio da cozinha com a loira antes que Jaylen fale alguma merda.

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