E como você está, querida?

                                                               CHACE LAWSON

Observo minha mãe ajudar Ocean a finalizar a torta de morango, que é a nossa sobremesa

favorita, sem conseguir disfarçar o quanto estou feliz por ela estar passando o Natal com minha

família novamente. — E como você está, querida? — minha mãe pergunta para a loirinha enquanto ela termina

de colocar os morangos na torta. — Nunca mais falou com o Mark?

Reviro meus olhos, mas elas não estão olhando em minha reação.

Claro que minha coroa faria questão de estragar esse dia lindo que estou prestes a ter,

trazendo o babaca à tona. — Terminamos mesmo, tia. — Sempre achei fofo como minha amiga chama minha mãe. — Acho que já superei. Não posso continuar remoendo algo que não tem como dar certo, né? — Você faz muito bem! Vai encontrar alguém que a faça feliz, filha.

A cantora sorri ao olhar a torta pronta em cima da mesa. — Estou curtindo esse tempo solteira fazendo o que mais amo: música, turnê e passando

meu tempo livre com vocês.

Dona Cora nem esconde o quanto ouvir isso a agrada. — Fico feliz, porque pensava que qualquer dia veria Chace chorando por aí. — Mãe! — Que história é essa de choro agora? — Ele dizia que você estava o abandonando e que em breve deixaria até de ser amiga dele — a fofoqueira conta, se referindo ao único dia que fiquei bêbado nessa casa e falei demais.

Minha sorte é que não falei sobre meus sentimentos ou então a essa altura, Ocean já saberia. —

Tomara que o próximo namorado que arrumar seja amigo dele também.

A pestinha me encara de um jeito debochado antes de dizer: — Ele sempre tem ciúmes dos meus namorados, tia.

Ela sustenta meu olhar e gosto disso.

Não tivemos tempo de nos encontrar depois da noite em que passamos juntos e joguei

algumas verdades na cara dela. Ocean veio para Denver no mesmo dia com a desculpa de que

queria passar um tempo sozinha com o pai e sair da movimentação de Nova York. E eu precisei

viajar para três estados diferentes nas últimas semanas por causa dos jogos e, infelizmente, só

consegui manter contato com ela por mensagens e ligações.

Mas sei que ela está fugindo e pensativa.

Consegui plantar a sementinha em sua mente e já estou contente por isso.

Tenho apenas uma meta: fazer essa mulher ser minha até o primeiro semestre do próximo

ano. — Tem razão, querida — minha mãe comenta, pegando a torta e guardando-a na geladeira. — Ele precisa arrumar uma namorada logo. — Eu estou aqui sabia? — lembro-as caso tenham se esquecido da minha presença aqui. — O que posso fazer se a mulher que quero não me dá atenção?

Ocean deixa a colher que estava segurando cair no chão. Reprimo a risada por causa de sua

reação impactada, e a observo pegar o utensílio rapidamente, colocando-o na pia para lavar. — Então você está gostando de alguém? — minha mãe questiona, alheia à reação da loira,

que permanece de costas para mim e começa a lavar a louça. — Será que Deus ouviu minhas

preces?— Chace só está falando demais, como sempre, tia — a atrevida comenta, corajosa o

suficiente, mas sem olhar para mim. — Duvido que ele consiga levar alguém a sério.

Então é essa imagem que ela tem de mim?

Não consigo deixar de me sentir ofendido. Tudo bem que fui otário ao deixar que minha

amiga pensasse exatamente isso, porque não quis dar a entender que gosto dela.

Mas isso foi antes.

O agora é muito mais interessante.

Minha velha solta um suspiro e para ao lado da minha amiga. — Tem razão, querida... A única pessoa capaz de colocar juízo na cabeça desse ser é você.

Ela não esperava por essa e acaba derrubando um pote de plástico dentro da pia ao mesmo

tempo em que uma vermelhidão sobe pelo seu rosto.

O que será que a loirinha está pensando? Na verdade, o que será que vem passando pela

sua cabeça nesses últimos dias? Posso entendê-la como ninguém, mas ainda não consigo ler

pensamentos. — Vou ver se seu pai precisa de ajuda no quiosque. Faz o favor de ajudar Ocean com a

bagunça, fizemos sua torta favorita — a coroa manda e faço um sinal positivo com a cabeça. —

Depois que terminarem, venham se juntar a nós.

Quando a senhora Cora sai da cozinha, me aproximo da minha amiga e fico ao seu lado ao

me escorar de frente para ela.

Dificilmente a vejo envergonhada porque temos bastante intimidade para muitas coisas,

então, é sempre um evento quando isso acontece. Exatamente, como agora. — Quem é a mulher? — Ela ainda pergunta.

Existem duas opções: mentir que não tem ninguém ou falar a verdade que ela sempre foi

essa mulher.

Só uma delas está a meu favor. — Ainda sente falta do sexo? — pergunto, direto como sempre.

Ocean paralisa com as mãos sujas de sabão e segurando um prato de vidro. — Do que está falando? — Parece sair do transe e abre a torneira, começando a enxaguar

as louças ensaboadas. — Você disse que sentia falta de sexo e por isso estava pensando em ter encontros casuais.

Ainda sente falta? — explico.

Ela dá de ombros, colocando o prato no escorredor de louças. — É algo carnal, né? Eu tinha uma vida sexual ativa, é normal sentir falta.

Contraio a mandíbula, odiando ouvir o que disse sobre ter a vida sexual ativa com aquele

babaca. Duvido muito que ele conseguia deixá-la molhada apenas com um beijo. Certeza de que

o filho da mãe tinha que fazer um esforço maior para que ela ao menos gozasse. — Por que está me perguntando isso?

É fofo ver que ela ainda continua vermelha. — Posso ser o seu amigo colorido. — Agora sim ela consegue derrubar o copo de vidro

caríssimo da minha mãe na pia e quebrá-lo. — Ocean!

Preocupo-me na hora que a loira possa acabar se machucando e agarro suas mãos. — Deixa isso que arrumo depois.

A cantora olha para nossas mãos juntas e depois fixa a atenção em mim. — Culpa sua! — diz, não sei se zangada ou confusa. Arriscaria dizer que o último. — Fica

falando bobagens. — Não estou brincando.

Os olhos dela se arregalam e reprimo o sorriso, vendo que a deixei sem palavras mais uma

vez. — Posso ser o seu amigo colorido. — Igualzinho aquele filme Amizade Colorida ou Sexo

sem Compromisso, penso em completar. — Sou seu melhor amigo, a única vantagem que teria é

se apaixonar por mim.

Ela continua paralisada, sem saber o que responder. Provavelmente está muito surpresa

com o que falei para reagir de outra forma. — Do nada? — pergunta baixinho, quase inaudível, mas escuto.

Não é do nada.

Sou apaixonado por essa mulher e lembro de cada uma das nossas conversas, inclusive a

que disse que sentia falta de sexo e que por isso se relacionaria casualmente por aí.

A loirinha até saiu com o idiota do Liam à procura disso, e se no próximo rolar química?

Não deixarei isso acontecer.

Se transar é o problema, ela pode fazer isso comigo e eu darei as melhores noites da vida

dela, e de bônus, a farei se apaixonar por mim. — Não é algo repentino — respondo sinceramente. — Pensei antes de falar isso e sei que

você não é ingênua, sabe que é algo que desejo, e ouso dizer... — Aproximo meu rosto de seu

ouvido e sussurro . — Que você também deseja.

Ela respira fundo e antes que eu tenha qualquer outra reação, age rápido ao largar minha

mão e me empurrar pelo peito. — Sou sua melhor amiga! Pare de falar essas bobagens. — Preciso provar que não é uma brincadeira?

Ocean me encara séria, uma expressão que poderia me dar medo se não estivesse tão

confiante que ela está, neste momento, impactada e incrédula com o que falei. — Eu sou um homem solteiro, você é uma mulher solteira. — Trago os fatos para o jogo

conforme volto a me aproximar dela. Apoio as mãos, uma em cada lado da bancada, ao seu

redor, prendendo-a entre mim e o armário. Miro esses olhos azuis mais intensamente do que

qualquer outro dia. — Somos melhores amigos, temos intimidade e maturidade o suficiente para

saber quando continuar e parar. — Não entrarei em detalhes sobre amor, não quero assustá-la.

Irei conquistar essa mulher primeiro pelo sexo, do jeitinho que sei o quanto sou bom. — E

descobri recentemente que temos química.

Abaixo o rosto até ficar próximo do seu, sentindo quando ela o afasta minimamente, mas

não o suficiente para nossas respirações não se tornarem uma só. A loira engole em seco,

entretanto, não desvia o olhar do meu.

Gosto da forma como Ocean é determinada, me deixa maluco na maioria das vezes, porém,

sou apaixonado por essa sua versão. — Somos melhores amigos — ela frisa. — Não vamos misturar as coisas.

Parece certa em sua resposta enquanto eu estou firme em não desistir facilmente.

Com rapidez e colocando minha própria vida em perigo, beijo o cantinho da sua boca.

Quando me afasto, sorrio com seus olhos arregalados em minha direção. — Você pode pensar, pequena. Não quero sua resposta agora.

Pisco para ela, tirando minhas mãos da bancada.

Ocean aproveita que não está mais cercada pelos meus braços e se afasta da pia e de mim. — Vou ver se precisam de ajuda lá fora.

Ela nem espera eu responder e sai da cozinha rapidamente.

Sorrio.

Algo me diz que estou perto de conseguir essa mulher.

A hora de trocar presente é sempre a mais esperada pela minha sobrinha, talvez pelo

simples fato de ser a que mais recebe presentes.

Observo Lila em frente a lareira e o pinheiro de Natal, vibrando de felicidade pelo que

ganhou de Ocean., — Eu sempre quis essa boneca, tia. — A garotinha pula nos braços da minha amiga e a

enche de beijos. — Agora tenho uma edição limitada dela.

Barbie Lagerfeld.

A loira sabe como mimar sua sobrinha adotiva. — Você não vai abrir o meu? Olha que posso começar a ficar com ciúmes.

Minha amiga está ao meu lado e dá um tapinha fraco na minha coxa. — Deixa ela aproveitar um pouco o presente que eu dei — reclama. — Ela está há quase 15 minutos admirando essa Barbie de cabelo branco. — Tio! — Lila grita comigo. — Não chama ela assim, agora o nome dela é White. — Viu? Você até a chama de White.

A menina olha para Ocean. — Eu amei, tia. Não ligue para o titio.

A cantora coloca a mão de lado para tapar minha visão de sua boca e diz de forma bem

audível: — Eu nunca ligo.

Reviro os olhos.

Só não dou uma resposta em respeito ao pai dela e à minha família que estão ao nosso

redor.— Acho melhor abrir o presente que o tio Chace comprou pra você ou ele é capaz de pegar

de volta de tanto ciúme — meu irmão provoca.

Lila sorri e finalmente vai pegar a caixa rosa com papel de presente, quase maior que ela.

A pequena começa a rasgá-la e quando percebe do que se trata, imita o gritinho que deu quando

viu a Barbie que a loirinha deu. — Meu Deus! Meu Deus! — ela grita incansavelmente e sorrio. Sabia que ela iria gostar. — Pai, é um urso de pelúcia. Daqueles que queria para dormir na cama. — Uau! Que legal, filha.

Minha sobrinha corre até mim e me abraça. — Obrigada, tio. Você e tia Ocean são os melhores depois dos meus pais. — Estou aliviada que você ainda nos mantém em primeiro, filha — Harper comenta, se

divertindo da emoção da pequena. — Estou vendo que preciso me esforçar para conseguir o primeiro lugar na próxima vez —

brinco e dou um beijo em sua testa. — É para você dormir abraçadinha, e não ir até os seus

papais no meio da noite. Nunca se sabe se eles não estão encomendando seu próximo

irmãozinho. — Chace! — minha mãe grita. — Não diga essas coisas para Lila. — Eu vou ter um irmãozinho? — Os olhinhos da minha sobrinha brilham para seus pais e

sou fuzilado por Jaylen. — Não ligue para seu tio, filha — Harper fala. — Ele só está falando bobagens.

Dou risada da cara da menininha na minha frente.

Ela sempre perturba os pais por causa de irmãos e não perco a oportunidade de colocar

pilha na cabecinha dela. — Agora, vai abrir os presentes dos seus avós. — Meu irmão manda, apontando para as

duas caixas médias restante na árvore do pinheiro.

Ela vai correndo e aproveito para pegar a mão da Ocean. — Vem, vou entregar seu presente. — Levanto-me e a puxo junto em direção ao meu

quarto.— Sabe que não precisa me dar presente — ela reclama enquanto entramos na minha suíte. — E você sabe que amo te contrariar.

A loira se senta na cama e sorri, parecendo ansiosa quando vou em direção ao closet. Ela

não gosta que gaste com presentes, mas deveria admitir que ama quando desobedeço essa regra

nossa.

Pego a pequena caixinha na minha gaveta e vou até minha amiga. Me sento ao seu lado e

entrego o pacotinho. — Espero que goste. — Sou sincero, pois me sinto um pouco nervoso. — Mandei fazer

com carinho para você.

Ela sente uma mistura de curiosidade e empolgação enquanto segura a caixinha em sua

mão. O papel de embrulho é azul, decorado com um laço dourado muito bonito, não dando

nenhuma pista do que esconde ali dentro.

Com um sorriso ansiosa, Ocean desliza os dedos sobre a fita e abre o pacote

cuidadosamente, revelando uma caixinha pequena de veludo azul-marinho.

Quando ela abre, seus olhos se iluminam com surpresa e admiração ao observar disposto

no interior, o colar brilhante com pingente de estrela-do-mar.

A joia foi meticulosamente trabalhada, e é cravejada de pequenas pedrinhas brilhantes,

imitando os graciosos contornos de uma safira reluzente. — Gostou?

Ocean segura o colar nas mãos, me respondendo com um olhar maravilhado para a beleza

do pingente.

Não consigo deixar de pensar que acertei no presente ao ver que a estrela-do-mar captura a

luz de maneira hipnotizante, como pequenos faróis de um oceano estrelado. — É... O presente mais lindo que você já me deu.

Meu coração se enche de carinho. — Sei o quanto seus fãs são especiais para você. Estava na dúvida entre um oceano ou a

estrela-do-mar, mas acabei optando por este, porque ele lembra os dois. — Aponto para as

safiras. — O oceano e a estrela conectados para sempre.

Em um piscar de olhos, a loira pula no meu colo e me abraça forte, quase me matando do

coração com sua atitude. Consigo sentir a felicidade dela cintilando nesse gesto tão comum entre

nós dois. — Obrigada. — Dá um beijo demorado na minha bochecha. — Não precisa me agradecer — digo a verdade, fechando os olhos e aspirando o perfume

dos seus cabelos. — Há anos queria dar um presente que fosse o mais especial de todos. — Você, com certeza, acertou — responde em um tom divertido.

Ela afasta o rosto do meu para me olhar ao mesmo tempo em que abro os olhos. — Posso colocar em você? — pergunto, não querendo que ela saia do meu colo.

Ocean acena e me entrega o colar.

Abro a correntinha e a levo até seu pescoço. Nossos rostos ficam mais próximos, e mesmo

estando concentrado em conseguir fechar o acessório sem olhar porque não quis que ela se

virasse de costas para mim, a sinto observando meu rosto por inteiro, e quando encaro seus

olhos, vejo que ela está me analisando em cada parte, até chegar em minha boca.

O que será que a loirinha está pensando? Gostaria de ler seus pensamentos.

Consigo fechar a correntinha, mas permaneço com os braços ao redor de seu pescoço,

olhando-a. Estar tão perto dela assim só me faz ter mais vontade de beijá-la.

Tê-la no meu colo só faz com que eu não queira largá-la mais.

Que bom que estamos no inverno e ela não está usando nada de roupas curtas ou seria

difícil evitar ficar duro com ela nessa posição em cima de mim. — Você nunca partiria meu coração, né? — pergunta, me deixando imóvel por um

segundo. — Eu quebraria o meu antes de pensar em quebrar o seu. — Nunca fui tão sincero na

minha vida.

Ela sorri e, novamente, afunda o rosto no meu pescoço e me abraça apertado.

Não sei no que Ocean está pensando, mas algo me diz que logo irei entender perfeitamente

de que se trata.

Por ora, passo meus braços ao redor de sua cintura e a grudo no meu corpo, abraçando-a

apertado.

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