OCEAN BAILEY
Jogos são tão desorganizados quando se trata de datas.
Quem joga na véspera do Ano-Novo? Chega a ser ofensivo.
Contudo, aqui estou eu, sentada ao lado do meu pai, com um copo descartável de bebida na
mão, vestindo a camiseta do time do meu amigo, assistindo à partida que já começou há duas
horas.
Partiremos para a casa de praia dos Lawson assim que o jogo terminar. Os pais do Chace e
o restante da família já estão lá, preparando a casa e o jantar para a virada do ano. — Acho que os Octopus vieram com muita sede e vão acabar engolindo os Rovers — meu
pai comenta ao ver meu running back favorito desviando de um jogador adversário.
O placar está 9 para os Rovers e 23 para os Octopus. — Talvez eles estejam no ritmo do Ano-Novo — provoco, bebendo um pouco do meu gin
enquanto meu pai ri. — Seu colar é lindo, filha. — Aponta para o presente que o meu amigo me deu.
Ainda não acredito que ele fez isso.
Combinamos há muito tempo de não trocarmos presentes no Natal, apenas nos
aniversários, porque não faz muito sentido quando temos anos de amizade. Gestos assim se
tornariam mais especiais se fossem em uma data que é importante para nós dois.
No entanto, ele sempre acaba desobedecendo e me dá alguma coisa.
Ano passado foi um quadro com o rosto dele, que nos dias de hoje, fica na estante da
minha sala de estar em Denver.
Dou risada, segurando o pingente lindo do colar. Ele é um idiota, mas amo essas
brincadeiras que faz.
Ainda não consigo acreditar que Chace me deu um presente tão especial como esse. Sei
que não é impossível, porque ele é um ser humano incrível, mas sua atitude ainda me
surpreendeu muito.
Depois de mim, acho que meu amigo é o único que entende o quão especial meus fãs são,
assim como minha carreira. É por isso que não tenho medo dos flashes, da mídia — apesar de ser
muito assustador —, das fofocas, dos rumores ou do sucesso. Não temo nada disso, porque tudo
é consequência do meu trabalho.
Almejei estar no topo e ser ouvida. Por que depois de alguns anos serei ingrata e não os
amarei da forma que devem ser amados? Eles me amam igualmente. — Tenho certeza de que meus fãs já notaram. — Até porque, tudo o que mais recebo nesse
estádio, é a atenção das câmeras .
Observo a bola ser lançada para Cole, que avança em direção ao gol, desviando-se
habilmente dos jogadores adversários, que se lançam em sua direção, tentando o impedir.
Mesmo afastada da torcida, consigo ter uma visão da tranquilidade que os torcedores estão
tendo com o jogo praticamente ganho.
Volto a me lembrar da proposta maluca de Chace e rapidamente me arrependo por isso.
Agora, vou ficar com a voz rouca dele no meu ouvido, a sensação de correr uma maratona por
conta do coração acelerado, e seus lábios quase encostando na minha boca.
Todas as tentações que estou ignorando porque devo ter surtado.
Ele quer que tenhamos algo casual? Como assim? Do tipo, amizade colorida? Isso nunca
deu certo nos filmes, por que acabaria dando certo na vida real?
Eu amo Chace mais do que qualquer outra pessoa fora meu pai, nunca sequer tinha
pensado em transar com ele, e agora... Pensar a respeito daquela proposta? O não é o mais certo.
Não suportaria perder a minha amizade com ele, e tenho um pressentimento de que isso
pode acabar acontecendo se eu aceitar.
Sim, por um segundo, tentada pelas sensações que ele me fez sentir nos nossos últimos
encontros, pensei em aceitar.
Devo ter enlouquecido!
“Sou seu melhor amigo, a única vantagem que teria era se apaixonar por mim.”
Sim, seria uma vantagem me apaixonar por alguém que me conhece melhor do que eu
mesma, mas ele não está vendo a grande desvantagem? Nunca nos apaixonamos. Nunca nos
permitimos nos apaixonarmos. E se cedermos a esse desejo que surgiu do nada, e acabarmos
ferrando com a nossa amizade depois que todo o tesão passar?
Só de pensar nisso tenho vontade de chorar.
Não existe Ocean Bailey sem Chace Lawson.
É por isso que aceitar essa proposta deveria estar fora de cogitação. — Filha? Você está bem? — meu pai pergunta. — Claro. — Sorrio para tranquilizá-lo e presto atenção no jogo. — Já estamos com 29
pontos?
O senhor Paul coloca a mão nas minhas costas e dá uma batidinha. — O camiseta 35 acabou de fazer um touchdown.
Bom.
Nós ficamos cada vez mais perto de ganhar e comemorar a virada do ano com estilo.
Como amigos.
Sempre deve ser como amigos.
Mas por que somos tão ruins em seguir a razão?
Sempre que Chace me abraçava, eu me sentia em casa, nunca era visto com malícia da
minha parte, mas agora, estando com seu braço ao redor da minha cintura enquanto ele bebe um
copo de cerveja com a outra mão, percebo que meus pensamentos não são mais os mesmos.
Como esse cretino consegue fingir que não havia feito uma proposta indecente daquelas
para mim?
Ele está me tratando como se nada tivesse acontecido, sem tocar no assunto e tento fazer o
mesmo, mas toda vez que o loiro se aproxima, como agora, ou como o abracei automaticamente
para agradecer o presente, minha respiração fica descompassada e meu coração acelera, sem falar
que meus pensamentos vão diretamente para a tal da proposta.
Bebo minha cerveja em um só gole, fazendo uma careta para o gosto amargo da bebida.
Não é uma das minhas preferidas, mas acho que preciso de álcool no sangue para passar essa
virada de ano.
Faltam dez minutos para o ano virar.
Meu Deus!
Vou começar um novo ciclo desejando meu melhor amigo? Quando foi que essa chave
virou? Como isso aconteceu?
Pensei que tinha sido apenas um pensamento maluco que toda melhor amiga já deve ter
tido algum dia, mas acho que estou bem sã da cabeça e que isso não é temporário. — Tudo bem, pequena? — ele murmura no meu ouvido.
Sua voz rouca me causa arrepio.
O novo apelido que começou a usar para se referir a mim parece muito mais íntimo do que
bobo, como antes. — Fez um bom jogo hoje. — Melhor não falar sobre o que estou pensando ou daria mais
armamento para ele continuar me tentando. — Como se sente estando perto da temporada dos
Playoffs? Sabe que vão se classificar, né? — Vamos ganhar o Super Bowl, pequena — diz, todo cheio de convencimento e me
fazendo sorrir. — Já que estão falando sobre jogos... Posso ler o que estão falando sobre Ocean ter
aparecido pela segunda vez em uma partida dos Octopus? — Gracie, a prima e publicitária do
running back, questiona. — Com certeza, não é nada de novo — meu pai comenta. — Os fãs surtam sempre que
eles estão juntos. — Não era a tia que shippava vocês dois? — ela indaga, olhando para Cora. — Lembro
um pouco sobre isso. — Lembro como se fosse ontem da Cora e Penelope planejando o casamento desses dois — Ed responde e solta uma risadinha, que me deixa um pouco constrangida. O que eles fariam
se soubessem que agora nós pensamos em ter algo casual? Ou melhor, Chace pensa, eu não! —
Velhos tempos...
Meu pai acena. — Será que Penelope ainda acreditaria que esses dois ficariam juntos? Porque Cora
desistiu. — Ei — chamo a atenção de todos. — Estamos aqui, viu? — Deixa eles, meio-metro — Chace fala de um modo divertido. — Estou gostando de
escutar.
Semicerro os olhos para ele.
Eu não! E você sabe por quê! — Falta pouco para a virada do ano, por que não vamos lá para fora? — sugiro. — Vão ver os fogos de artifícios? — meu pai questiona. — Acho que faz tempo que não fazemos isso, né? — pergunto para o loiro ao meu lado,
que sorri e concorda. — Acho que podemos ver da sacada lá em cima — Jaylen sugere para o restante do
pessoal. — Deixar os dois pombinhos ir para a praia.
Reviro meus olhos e antes que perco a coragem, seguro a mão do Chace que estava na
minha cintura e o puxo em direção à saída.
Meu amigo tem uma casa bem em frente a uma parte da praia que é particular, e que
ninguém tem conhecimento dela, por isso, nem me preocupo de ser fotografada andando com ele
ou vendo os fogos. — Sempre que vejo fogos de artifícios lembro de você — Chace comenta quando paramos
em frente ao mar. — Sempre amou as luzes brilhantes no céu.
Sorrio. — É lindo, como poderia não amar?
Observo o mar à nossa frente.
A noite não está tão fria e tudo aqui é bem iluminado pelas estrelas e pelas luzes ao redor
da casa. — Nosso primeiro Ano-Novo juntos depois de cinco anos — lembro e entrelaço meu braço
ao seu. — Como se sente, Golden?
Ele solta uma risada. — Você e esse apelido... — Me encara. — Sinto que estou completo novamente.
Aqui está.
Esse olhar que me deixa com o coração disparado e a sensação de que estou prestes a
arruinar a nossa amizade. É um tipo de perigo eletrizante que só me impulsiona a ser tentada e ir
mais longe.
Volto meu olhar para o mar e tento relaxar, encostando minha cabeça em seu braço. — Só é ruim constatar que será a primeira virada depois de muitos anos, que não beijarei
na contagem regressiva.
Nossa intimidade sempre foi uma coisa de outro mundo, mas acabo me sentindo
envergonhada quando penso no que admiti.
Falei isso mesmo? Por que ele não responde nada?
Ergo meu rosto para o jogador e o pego me encarando intensamente. — Posso resolver isso facilmente. — Ele muda de posição, passando a ficar parado na
minha frente, mais próximo a mim. — Você só precisa me permitir.
Solto uma risada, um pouco nervosa. — Não vou beijar você.
Bato fraco em seu peito. — Por quê? — Engulo em seco quando ele toca minha cintura e me puxa até ficar grudado
ao seu corpo musculoso. Mesmo com as camadas de roupas, consigo senti-lo, não totalmente,
mas o suficiente para me deixar ciente dele. — Posso fazer isso, pequena. Você tem... — Ele
olha para o relógio em seu pulso e volta a colocar a mão na minha cintura. — Dois minutos para
decidir.
Beijar o Chace? Ele ficou maluco?
Provando que não endoidou, meu amigo ergue uma mão até minha nuca e a agarra com
firmeza, como se quisesse me mostrar uma prévia do que eu perderia se recusasse essa ação
bondosa.
E ele está.
Seus olhos ardendo em minha direção, loucos para ouvir o sim saindo da minha boca, estão
me dizendo isso, mesmo que ele não tenha falado palavra alguma.
Meu coração volta a acelerar quando Chace aproxima seu rosto do meu e sem desviar o
olhar, espera minha decisão, com uma promessa tão explícita em uma expressão sexy e cafajeste
que me excita.
Eu me assusto.
Ele mal está me tocando, como isso é possível? — Um minuto — murmura contra minha boca. — Podemos nos arrepender disso — murmuro, só então percebendo que aproximei mais o
rosto do seu. — Não acho que você se arrependeria de me beijar. — Sorri, cheio de convencimento.
Acabo sorrindo, tensa quando sua mão passa a acariciar minha cintura lentamente. — Quanto tempo temos? — pergunto, com uma decisão muito arriscada passando pela
minha mente.
Eu vou mesmo fazer isso?
Bom, acho que sim! — Trinta segundos.
Então passo a contar mentalmente, sentindo a atmosfera entre nós mudar a cada segundo
que se passa.
Cinco, quatro, três, dois... — U...
Não o deixo falar, pois meus lábios tomam os seus antes que pudesse completar a
contagem.
Perco a capacidade de raciocinar quando sinto o rápido raciocínio de Chace agir e ele me
agarrar fortemente. Sua mão na minha nuca me guia enquanto a outra na minha cintura não me
deixa ir a lugar algum.
Nossas bocas se entreabrem ao mesmo tempo e quando sua língua adentra o interior da
minha, é como se mil borboletas voassem dentro de mim. Não é estranho como deveria ser, seus
lábios sobre os meus são suaves, mas ao mesmo tempo, ele me toma de maneira voraz.
Tudo o que consigo fazer é agarrá-lo pela gola da camisa com uma mão e pelo pescoço
com a outra, me permitindo afundar nas sensações de estar beijando-o.
Uma corrente elétrica percorre meu corpo conforme nosso beijo se torna mais ardente. O
loiro me beija com paixão, fazendo com que arrepios não percorram apenas meus braços, e sim
por partes até que desconhecia que podiam reagir dessa maneira com um simples contato de
lábios.
Tudo bem, não é nada simples.
A mão dele começa a explorar minhas costas e desce novamente, chegando próximo à
minha bunda, em um toque tão erótico, que me faz esquentar em uma noite de inverno e querer
que me aperte ali, só para sentir mais dessa pegada.
A claridade dos fogos de artifícios silenciosos no céu não é vista, mas sei que ela está
acontecendo neste momento.
Tudo o que consigo me concentrar é neste beijo.
Na forma como ele me agarra com vontade, como se estivesse desejando isso há muito
tempo, no jeito que sua língua suga cada canto da minha, enviando ondas de excitação pelo meu
corpo e molhando minha calcinha. Eu foco na forma como ele me faz explodir em um milhão de
sensações apenas com um beijo.
Chace desce a mão até minha bunda e a aperta, me arrancando um gemido que é engolido
pelos seus lábios. Minha boceta fica ainda mais molhada quando sinto seu pau crescendo contra
minha barriga.
Talvez, isso não seja mais só um beijo.
Talvez, seja uma promessa.
E mesmo que meu ar já não esteja mais sobrando no pulmão, quero continuar sentindo sua
boca na minha.
O loiro parece sentir o mesmo, pois no que parece se encaminhar para o fim do nosso
beijo, ele desce os lábios pelo meu queixo, mandíbula e pescoço, me fazendo respirar fundo ao
mesmo tempo em que solto um gemido quando chupa minha pele com mais força do que o
necessário. Sinto o quanto estou precisando gozar quando sua mão volta a apertar minha bunda.
A boca do meu melhor amigo sobe até meu ouvido e sinto minhas pernas bambearem
quando ele diz, decidido por nós dois: — Não vou parar só com um beijo, pequena. Se você não quiser continuar, é melhor não
dormir comigo esta noite.
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Atualizado até capítulo 38
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