OCEAN BAILEY
Eu amo a família Lawson e a facilidade com que cada um tem de deixar o ambiente leve,
divertido e feliz em um piscar de olhos.
Os Lawson, comparados à minha família, são uma família grande. A senhora Cora teve
três filhos, dois já são casados, e o mais velho deles, Jaylen, de 33 anos, tem uma garotinha
chamada Lila que amo mimar. Ela é quase minha sobrinha também, para o desespero do Chace.
E quando ela só quer saber de mim, como o bom dramático que é, o jogador tem um pouco de
ciúmes. — Estou feliz que vieram passar esse feriado com a gente, Paul — o pai de Chace, Edie
Lawson, diz enquanto almoçamos. — Pensei que com a turnê da Ocean, nem conseguiriam.
Sempre tivemos o costume de passarmos feriados comemorativos juntos, isso desde que
minha mãe era viva, porém nos últimos anos, acabei falhando muito nesta tradição.
Quando penso em tudo o que perdi por causa do Mark, me sinto uma completa idiota.
Passei os últimos feriados com a família dele porque realmente me entreguei ao nosso
relacionamento, o amei com tudo o que tinha, mas isso serviu pra quê? Apenas para colecionar
mais uma decepção amorosa. — Temos a nossa menina de volta à mesa — Quinn diz, animada, ao erguer uma taça de
champanhe. — Podemos até fazer um brinde. — Exagerada! — comento, cortando o peru no meu prato. — Prometo que irei passar
todos os feriados com vocês novamente.
Chace ri baixinho ao meu lado. — Isso até você arrumar um novo namorado. — O tom de voz dele não é provocativo, é
zangado.
Eu reconheceria isso mesmo se ele tentasse fingir. — Não! — Lila, minha maravilhosa sobrinha emprestada, protesta. — Não quero a titia
Ocean longe. — Fique tranquila, meu amor... A sua titia aqui não vai arrumar mais ninguém. Ficarei
solteira pelo resto da minha vida.
Todos, sem exceção de nenhum, dão risada.
Poxa!
Custa acreditar em mim? — É sério! — digo, firmemente. — Chega de romances. Mulheres também podem ter
casos sem compromisso, não podem? Acho que vou aderir ao estilo de vida do meu melhor
amigo.
Chace se engasga ao meu lado e bate em seu próprio peito para se recuperar. Viro meu
rosto para ele, sem entender por que tanto espanto. — O que foi? Falei algo errado?
É algo que venho pensando nos últimos dias.
Talvez meu maior problema seja ficar procurando o amor em todos os caras que saio. Eu
sou jovem, bem-sucedida, famosa, e meus fãs vivem aumentando minha autoestima quando
gritam o coro de “gostosa” nos shows. Então, por que não aproveito isso?
Até comecei a escrever uma música sobre deixar o amor de lado e usar os homens como
eles nos usam, tudo como se fosse um grande jogo em que só há um vencedor, mas não sei se
algum dia terei coragem de 1lançá-la ou de sequer terminá-la. É ousada demais e podem
interpretar de maneira errada, quando, na verdade, é apenas o sentimento de alguém que está
cansada dos mesmos relacionamentos com fins parecidos. — Não. Vivemos no século vinte e um, não tem nada de errado — Chace diz, mostrando
mais um dos motivos de amá-lo tanto. — Só que é estranho, e você não pode me xingar por
pensar isso.
Meu pai arranha a garganta. — Acho que você está passando pela fase de “agora só tenho ódio pelo meu ex”, então,
não tome alguma decisão que vai se arrepender depois. — Eu tive muitos casinhos, é divertido — Quinn comenta e meu velho a fuzila com os
olhos. — O que foi, tio? A fase de papai ciumento já passou.
Dou risada da vermelhidão que sobe pelo rosto de Paul Bailey. — Ocean, não seja como seus dois melhores amigos. Seu pai só vai sofrer como eu sofro — Cora diz, recorrendo ao lado dramático.
Os filhos dela têm a quem puxar.
Chace está em silêncio, e isso sim, é surpreendente. Cutuco-o com o braço, tirando sua
atenção do prato que mal tocou. — O que foi? Choquei você?
Ele me lança um meio-sorriso. — Acho que qualquer dia quem vai infartar por sua causa serei eu, não seu pai — ele diz
baixinho, só para eu ouvir.
Dou risada e volto a comer. — Chace vai no abrigo mais tarde, você vai junto, filha? — Ed pergunta, mudando de
assunto.
Lembro que conversamos ontem sobre os planos para hoje, e fiquei de dar uma resposta se
iria ou não visitar a instituição que meu amigo ajuda financeiramente. — É claro. — O running back sorri com minha resposta. — Pode ser entediante para
aquelas crianças ter só Chace lá.
Ele força uma risadinha. — Ha, ha, ha! — Sem que eu espere, sua mão vem com tudo cheia de purê de batata em
direção à minha boca. — Coma e fica quietinha. — Chace!
Tento me esquivar da segunda onda de ataque, mas estou ao seu lado e não consigo. Ele
acaba sujando meu rosto todo de purê! — Olha o que você fez!
Começo a bater em seu ombro enquanto ele tenta se desviar dos tapas. — Por que o titio Chace e a titia Ocean são tão crianças, papai? — Nós paralisamos e
olhamos diretamente para Lila. — Eles não tiveram infância?
Harper e Jaylen dão risada, assim como todos na mesa. — Seu tio é um chato e ama me provocar! — defendo-me. — Sua tia que ama me provocar, Lila.
Ela olha de mim para ele e, em seguida, volta a comer sua comida.
Eu e o loiro nos olhamos ao mesmo tempo e prendemos a risada.
Aquela pestinha!
— Então... sobre o lance de sexo casual, está mesmo falando sério? — Chace pergunta
enquanto estamos no carro, a caminho do abrigo. — Não é uma má ideia, né? Ter encontros casuais por aí. — Desistiu do amor? — Ele solta uma risada fraca, concentrado na estrada, pois chuviscou
na hora do almoço. — Não, mas sinto falta de sexo.
Meu corpo vai para frente, e só não atravessa o para-brisa porque estou com o cinto de
segurança. Olho para o sinal vermelho e em seguida para o running back, que me encara como se
eu tivesse falado algo extremamente surreal. — O que foi? Você transa sempre e não ajo dessa forma. — Só estou... surpreso — diz, parecendo estranho.
Na verdade, meu amigo está bem estranho nas últimas horas. — O que você tem? — pergunto. — Aconteceu alguma coisa no jogo? — Então me
lembro com quem ele vai jogar no domingo e a compreensão me atinge. — É por causa do Mark,
né? Sabe que não precisa ser o irmão superprotetor. Não deu certo, então vamos apenas seguir
em frente.
Ele apenas me olha e balança a cabeça, aparentemente, negando algo que se recusou a falar
e segue o caminho quando o sinal fica verde. — Já superou? — Eu seria trouxa se não superasse. — Suspiro, conformada. — Você não viu que ele está
saindo com a Diovana Sampaio?
Não foi proposital.
Simplesmente estava navegando na internet e apareceu fotos deles saindo de um shopping
de mãos dadas. Nem pesquisei sobre a praga, mas meus fãs estavam comentando e acabei vendo
sem querer. — Pensei que não ficasse muito nas redes sociais — Chace provoca. — Não fico, mas não é como se eu não mexesse.
A modelo que meu ex está saindo é simplesmente deslumbrante. Ela é portuguesa e tem
feito sucesso nas passarelas, mas não tanto a ponto de ofuscar o sucesso dele. Bem do jeitinho
que ele gosta.
Babaca. — Está bem com isso? — Sabe... eu o amei, mas o amor já tinha acabado há muito tempo antes de terminar, agora
consigo ver isso. — Meu atleta favorito estaciona o carro em frente ao abrigo. — Estou melhor
sem ele.
Meu amigo sorri. — Que bom ouvir isso. Seria muito pedir para ir ao jogo domingo, né?
Não escondo minha surpresa. — Você gosta de causar, né? Sabe o que falariam sobre eu ir ao jogo do meu melhor amigo
contra meu ex-namorado?
Chace solta mais um dos seus sorrisos atrevidos. — Edina teria alguns surtos, mas nada que não possamos controlar. — Vou pensar, prometo. — Não é como se eu pudesse dar uma resposta agora sem pensar,
e ele entende isso.
O loiro olha para o abrigo e me encara antes de falar com brilho no olhar: — Então, vamos dar um dia incrível para essas crianças.
Sempre me orgulhei da pessoa que Chace se tornou.
Os pais dele sempre educaram os três muito bem, mas sei que mesmo com todas as
instruções, nem sempre os filhos seguem os conselhos. Conheço muitas pessoas, até mesmo no
mundo da fama, que são esnobes e não são gratos por estarem onde estão.
Meu amigo nunca foi dessa forma.
É por isso que ele merece estar se destacando e amedrontando todos os times rivais com
seu talento, porque ele é bom e é uma pessoa melhor ainda.
Confirmo isso ao vê-lo dançando com as crianças do abrigo que auxilia há mais de cinco
anos. Ele não faz nada disso esperando reconhecimento, inclusive, filmagens aqui dentro são
proibidas e tenho certeza de que pouquíssimas pessoas sabem que ele praticamente salvou esse
lugar de ser fechado.
Nem sempre fomos ricos e acho que por isso valorizamos cada mínimo detalhe e ajudamos
o máximo possível. Tenho as instituições que ajudo também, mas acho que nenhuma é tão
familiar como essa.
As crianças o amam. É fácil notar isso com todas rindo das palhaçadas que ele faz
enquanto dança de um jeito muito desengonçado. — A mulher que se casar com seu amigo vai ser muito sortuda. — A senhora que
administra o local se aproxima ao dizer. Se não estou enganada, o nome dela é Kennya. — Como
não se apaixonou por ele, querida?
Dou uma risada. — Acho que não é tão fácil se apaixonar assim, né? — brinco, escondendo o fato de que
sempre tomei cuidado para isso não acontecer. — Somos bons amigos e tenho um histórico de
caras que me apaixonei, mas que acabei perdendo. — Olho para Chace. — Não suportaria perdêlo.
— Talvez eles não tenham sido os certos, e este homem seja.
Meu amigo me olha e acena para mim, fazendo sua cara de palhaço de sempre, me
arrancando outra risada. Nem parece o cara que, no campo, defende o quarterback como
ninguém. — Acho que se fosse para me apaixonar por Chace, já teria me apaixonado, né? — Voltome para a senhora, querendo mudar de assunto. — Tem feito um bom trabalho aqui. Esse lugar
está mais bonito do que antes. — Devo tudo ao Chace, sem o dinheiro que ele nos dá todo mês, não teria como reformar
esse lugar para os pequenos se sentirem mais confortáveis.
O alvo da nossa conversa se aproxima antes que consiga dar uma resposta e segura minha
mão. — As crianças querem te ouvir cantar.
Arregalo meus olhos. — O quê? Eu nem trouxe meu violão. — Temos um violão aqui, querida. — Kennya se vira e tira um violão preto simples de trás
do armário em que estou encostada. — Ainda queremos dar aula de música para as crianças.
Pego o instrumento musical e as vejo me olhando com tanto carinho, que não consigo
resistir. Cantaria para elas até se não tivesse um violão.
Subo no palco improvisado com Chace, escutando os gritinhos e palmas animadas dos
pequenos. Eles devem ter em torno de sete a dez anos, o que me deixa com o coração apertado.
Mesmo que sejam bem cuidados, eles não têm uma família como gostariam.
Exatamente por isso, preciso fazer o dia deles ser feliz hoje. — O que acham de uma música animada? — pergunto, recebendo gritos empolgados,
concordando com minha ideia. Encaro meu melhor amigo ao meu lado. — Nosso Chace vai
dançar para nós, o que acham?
Novamente, eles gritam e o jogador me olha com vontade de me bater.
Provavelmente, ele está cansado de tanto dançar. — Não posso perder a oportunidade de vê-lo dançar minhas músicas. — Você vai pagar por isso! — ameaça em um tom divertido. — Estou pagando para ver.
Começo a tocar um dos meus maiores sucesso e que também é um música divertida,
enquanto observo as crianças à minha frente se balançando no ritmo da canção. Quando começo
a cantar, Chace também inicia sua dança, tão desengonçado como antes, e preciso me controlar
para não rir e colocar toda a apresentação a perder.
Toco meu violão com um sorriso no rosto, canto as letras da música, sentindo-me
verdadeiramente feliz, e me entrego à tarde do melhor Dia de Ação de Graças que tive nos
últimos cinco anos.
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Atualizado até capítulo 38
Comments
Qholbie Obie
Não consigo esperar para indicar essa história aos meus amigos! 🤗
2024-02-25
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