OCEAN BAILEY
Eu gosto de Nova York.
As ruas agitadas, a noite que nunca dorme, o Central Park que eu costumava visitar quando
não tinha um paparazzi atrás de mim a cada passo que dava. A cidade respira música, cultura e
toda a arte que se pode encontrar nesse mundo.
O mais divertido na Big Apple é poder encontrar todo estilo apenas em um lugar. É uma
cidade unida em meio a tantas diferenças, e mesmo tendo nascido em Denver, me sinto mais em
casa quando estou aqui.
Como por exemplo agora.
Estou em um restaurante italiano com minhas melhores amigas, e mesmo que esteja lotado
de fãs e fotógrafos lá fora, esperando para que eu saia, não me sinto incomodada. — Amiga, sinto muito pelo seu término. — Quinn segura minha mão e pela sua expressão,
demonstra o quanto está chateada com essa situação. — Eu achava que vocês iriam se casar.
Suspiro e dou dois tapinhas na mão dela antes de soltá-la para tomar meu vinho. — Eu também, Quinn. — Bebo um gole do vinho branco, meu preferido. — Acho que Ocean merece mais — Edina comenta ao meu lado, cortando o filé no seu
prato. — Mark começou a mostrar as asinhas assim que virou piada na internet pelo próprio
desempenho no campo.
Não é uma mentira e Quinn sabe disso. — Independente de ter sido um idiota nesses últimos meses, ele foi bom para a nossa
Ocean no início. — E do que isso importa? Deveria ter sido bom pelo resto da vida. — Eu sei, Edina — diz Quinn. — Sei que no final, ele já não a merecia mais. Comecei a
ter certeza disso quando eles já estavam no quarto ano de relacionamento, e ele nem a pediu em
casamento. Lembra que o idiota sempre se esquivava quando perguntava sobre avançar o
relacionamento? Kendrick fez o pedido quando estávamos no nosso terceiro ano! Nossa amiga é
uma mulher romântica e Mark nem se importava em realizar seus sonhos.
Tomo mais um pouco do meu vinho, me sentindo mal com o assunto.
Sei que esse é nosso primeiro jantar pós-término, e quando isso acontecia no passado, nos
juntávamos para falar mal dos nossos ex's. Acontece que o Mark é diferente.
Ficamos juntos por cinco anos, achei que ele era o certo.
Falar sobre os defeitos dele, faz com que eu me sinta idiota.
Se o Chace estivesse aqui...
Sorrio.
Ele provavelmente estaria falando sobre a garota que deixou no hotel ontem para vir me
encontrar, reclamando sobre ter jogado pedra na cruz por me amar tanto, a ponto de interromper
uma foda por minha causa.
Ele também estaria me distraindo, reclamando sobre o gosto da carne do meu prato ao
roubar um pedaço, pois que não estaria no ponto que ele gosta, mas é o ponto que amo.
Meu grandão estaria falando sobre qualquer coisa para me ver sorrir e me ajudar a superar
mais rápido.
É por isso que por mais que ame essas garotas e as considere minhas melhores amigas,
Chace Lawson é o primeiro que chamo quando estou em apuros. — De qualquer forma, Ocean está melhor focando na carreira agora — Edina comenta,
tomando um pouco de vinho. — Todos os shows estão esgotados, ela está fazendo história no
mundo da música, e até já recebemos convite para apresentação no intervalo do Super Bowl
[2]
.
Minha amiga e cliente só tem a crescer daqui para frente, não precisa de um idiota ao lado dela
atrapalhando-a. — Pelo menos ele serviu para boas músicas — Quinn fala e apenas sorrio fraco. — Espera,
você recebeu mesmo o convite para o Super Bowl? Por que não me disse?
Porque eu falei para o seu irmão primeiro.
Desculpa, amiga. Amo você!
Sim, meus melhores amigos são irmãos, mas diferente do loiro, minha amizade com Quinn
só iniciou quando eu tinha 15 anos e ela 18. Antes disso, tenho certeza de que ela me achava uma
pirralha.
Só pelo meu olhar, ela já conseguiu entender tudo. — Claro que aquele idiota do Chace já sabia. — Ela cruza os braços, emburrada. — A
única vantagem dele é porque nasceu quase com você e são amigos desde essa época.
Solto uma risada. — Deixa de ser ciumenta! Você está na vida de recém-casada e trabalhando em um dos
filmes mais aguardados para o próximo ano. Além disso, eu queria falar pessoalmente. — Se apresenta em fevereiro? — Não irei me apresentar.
A minha atriz favorita para com a massa no meio do caminho até a sua boca. — Por quê? — Ela solta um grito na salinha privativa do restaurante em que estamos. — É
uma chance de ser vista. — Eu já estou sendo vista — a lembro. — Vou deixar para o próximo ano. Estou em turnê
e no momento, não quero misturar as coisas. Também não sinto que essa é a hora para me
apresentar. — O que meu irmão achou disso? — Ele me entendeu e me apoiou — respondo e parece óbvio para ela.
Nós duas sabemos que meu running back sempre apoia minhas decisões.
— Por falar no meu irmão... Ele foi para o seu apartamento ontem. — Nem pergunta, e
provavelmente é por causa das fotos que estão circulando na internet. — Dormiram juntos?
Edina arranha a garganta e olha para nossa amiga. — Se alguém estiver escutando atrás da porta, pode entender errado. — Não começa! Ninguém está nos espionando. — Minha amiga pede. — Esta noite você é
a amiga, não a relação pública da Ocean.
É difícil para RP separar esses dois lados, e olha que nos conhecemos há mais de 10 anos.
Iniciei minha carreira com 15, e no auge do meu sucesso, quando lancei o segundo álbum, com
17 anos, a conheci e começamos trabalhar juntas.
Minha amiga, dona de cabelos escuros e cacheados, pele negra e olhos caramelos, é a
melhor no seu trabalho e costuma deixar que ele a consuma de vez em quando. Quinn a chama
de viciada e já chamou sua atenção tantas vezes por conta disso, mas ela se esquece que Edina já
é bem grandinha com seus 32 anos, e sabe o que quer da vida.
Diferente de nós, a mulher responsável por cuidar da minha imagem não é alguém que se
relaciona com muita frequência. Completamente o oposto de mim, ela não tem facilidade de
superar uma decepção. O coração dela já foi partido pelo ex-marido, e depois dessa desilusão,
nunca mais quis se relacionar. — Por que quer saber de algo que com certeza já sabe a resposta? — pergunto para Quinn. — Você nos viu crescer, sabe da nossa intimidade melhor do que ninguém. — É exatamente isso. — Aponta o garfo para mim. — Vocês já estão crescidos demais
para dormirem juntos.
Reviro meus olhos. — Somos amigos. — Eu sei que vocês são, mas não acha estranho? Um homem e uma mulher de 27 anos
dormindo juntos? — É você que está vendo maldade aqui, Quinn — digo e pego mais um pouco do meu
macarrão para evitar uma resposta que só daria mais motivos para uma discussão. — Quinn não está tão errada — Edina começa a falar, meio hesitante, pois me conhece o
suficiente para saber que ficarei chateada com o que dirá. — Ele foi filmado entrando ontem de
noite e saindo hoje de manhã. Vocês podem saber que o que têm é apenas amizade, mas as
pessoas lá fora não sabem. Olha o tanto de gente que shippa vocês, e com essas fotos, só dão
mais munições para seus fãs. — Nunca me importei com o que as pessoas dizem sobre mim. — Não minta, senhorita Bailey — Quinn resmunga à minha frente. — Abracei você e a
consolei quando estava se achando imprestável por causa daqueles fãs do Aiden. — Experimenta sofrer hate em massa para ver se não vai acabar surtando. — É por isso que precisa se preservar — Edina aconselha. — Os torcedores do Mark estão
te chamando de traidora por causa de ontem.
Reviro os olhos, odiando saber que no fundo elas estão certas. Não somos mais crianças,
não moramos mais em Denver.
Pego minha taça de vinho e bebo alguns goles. — Minha vida seria menos complicada se você e meu irmão namorassem.
A bebida entra pelo lugar errado e começo a tossir.
Que merda...?
Levo o guardanapo à boca e respiro fundo, recuperando meus sentidos.
Quinn me olha com diversão do outro lado.
— O que foi? — Se inclina em minha direção, mantendo o olhar animado. — Acha a ideia
tão interessante que chega a se engasgar?
Jogo o guardanapo ao lado do meu prato. — Não! Essa ideia é a mais absurda que já ouvi em toda a minha vida. — Tudo bem, estou
exagerando, eu mesma já pensei nisso no passado, bem lá atrás.
Minha amiga ri. — Nem é pra tanto... nossas mães tinham o sonho de que vocês se casariam.
Elas tinham.
E quase nunca me lembro disso.
Eu e Chace somos apenas amigos!
Poxa, não somos nem aqueles clichês de que se nada der certo até os 30 anos, iremos nos
casar, pois nos tornamos irmãos. — Para de fazer essa careta! Meu irmão é mais bonito do que todos os seus ex-namorados
juntos.
Oras... — E quem está falando sobre beleza? — retruco.
Ela está certa.
Meu amigo é muito bonito.
O safado ganhou o primeiro lugar da lista de jogadores mais bonitos em uma revista
renomada por dois anos consecutivos, então, não é difícil entender o que estou falando.
O cabelo do Chace é um loiro escuro, curtos nas laterais e com o topo mais volumoso, os
olhos são acinzentados e são minha parte favorita do rosto dele. Lembro-me de quando éramos
crianças, eu costumava invejar a cor deles. Meu melhor amigo também tem lábios invejáveis, são
bem preenchidos e rosados, tanto que em uma época no passado, inventaram que ele tinha feito
preenchimento labial.
Meu jogador se cuida.
Desde o corpo, malhando todos os dias, até a aparência, fazendo skin care e todos os
tratamentos de estética possíveis.
Mas pensar em desejá-lo como um homem? Isso não pode acontecer! — E pode me explicar como sua vida seria menos complicada?
Minha amiga nega e balança a cabeça.
Ela resmunga algo que não escuto pois meu celular toca bem na hora.
Por falar no diabo...
Por causa do toque da chamada, sei que é o Chace antes mesmo de ver o nome na tela do
aparelho. Ainda na adolescência, combinamos que cada um teria um toque especial, uma ótima
forma de saber quando precisamos ser atendidos. — Estou jantando com sua irmã, sabia? — falo quando atendo. — E eu já estou no seu apartamento — diz. — E dessa vez não fui fotografado entrando. — O que você está fazendo aí?
— Trouxe sorvete de creme e brownies daquela sua padaria favorita. Pensei que você
amaria ter uma noite de cinema com seu melhor amigo.
Acabo sorrindo. — Hum... O que aconteceu com você? Está mais fofo do que o normal.
— Eu poderia dizer que transei, mas você atrapalhou minha foda com uma morena
gostosa... — Suspira, fingindo estar triste. — Agora estou carente. — Sinto muito, essa carência em específico, eu não posso resolver — comento, me
divertindo. — Vou voltar daqui alguns minutos, ok?
— Tem certeza de que não pode mesmo? Você até disse hoje de manhã que eu sou homem
e você é mulher.
Sinto meu rosto ficar vermelho com a brincadeira de duplo sentido.
Idiota! — Deixa de falar bobagens, Chace Lawson.
Ele ri fraco.
— Não demore! Diga para minha irmã que ninguém precisa ouvir sobre o casamento feliz
dela.
Ele falou mais alto e Quinn à minha frente, ouviu. — Invejoso! — ela esbraveja. — Inveja? O casamento só serve para prender — justifica. — Ei, senhor, “estou bem solteiro”, lembre-se que não vai ser jovem para sempre. Precisa
arrumar uma namorada, se apaixonar e se casar — o lembro, sendo observada por minha amiga. — Pelo jeito que sua irmã está me olhando, ela concorda.
— Ela concordaria com qualquer coisa para me foder.
A mais velha sorri de forma inocente. — É óbvio! — Grita o mais perto do celular que consegue. — Ok, vou desligar — falo. — Te vejo daqui a pouco.
Desligo a ligação e foco a atenção nas minhas amigas. — Pelo jeito, não vamos comer a sobremesa, Quinn — Edina diz, casualmente. — Preciso
mandar as notas do seu término antes que vejam o Chace saindo do seu apartamento de novo. — Vocês dois... — A loira nega com a cabeça. — Não tem jeito.
Sorrio e dou de ombros.
Que bom que ela sabe disso.
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Atualizado até capítulo 38
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