Ter pensamentos obsessivos é uma merda.

                                                                      OCEAN BAILEY

Ter pensamentos obsessivos é uma merda.

Sentir falta de sexo também é uma merda.

Como esses dois estão ligados diretamente a mim? Não sei.

Não consigo evitar meus pensamentos e quando digo isso, é porque realmente estou

tentando evitar de pensar, mas minha mente parece ignorar o que eu quero e traz a cena da sala

jantar repetidamente na minha cabeça.

Pessoas são tão estranhas.

Por que estou pensando constantemente em como fiquei a milímetros de distância do

Chace, quando somos melhores amigos e já ficamos assim diversas vezes?

Tudo bem.

Aconteceu algo diferente. Admito.

Meu coração acelerou assim que seus olhos desviaram até meus lábios.

Não sei o motivo, mas aconteceu, e quando olhei para a boca dele perto da minha, senti

muito mais do que a inveja que sempre sentia de seus lábios carnudos. Não sei, mas... eu fiquei

com vontade de beijá-lo? Acho que Edina está certa e estou enlouquecendo.

Só isso explica essa loucura.

Sempre evitei pensar nele dessa maneira porque sempre fui muito consciente de tudo o que

ele é. Aquelas palavras que saíram da boca de Kyle mais cedo? Foram as mesmas que pensei

quando era adolescente, antes de entender que amor e paixão poderiam acabar me fazendo perder

uma pessoa.

Acho que isso me fez ter uma reação bem exagerada como resposta.

Tudo bem.

Essa situação é apenas toda estranha e logo vai passar. Não é como se eu o desejasse ou

estivesse apaixonada por ele, né?

Dou risada sozinha na cama de Chace, lembrando que bebi alguns drinks durante o jogo e

eles podem ter afetado minha cabeça.

Claro, como não pensei nisso?

Os amigos do jogador saíram há poucos minutos e como não vou para meu apartamento

hoje, decidi colocar meu pijama de unicórnio e me esconder debaixo das cobertas para dormir.

Preciso parar de pensar em bobagens!

O que meu amigo acharia se lesse meus pensamentos?

Não está tão frio por conta do aquecedor ligado, mas não arrisco dormir sem cobertas com

um pijama curto.

A porta do banheiro do quarto é aberta e Chace sai vestindo apenas uma cueca.

Uma cueca.

Ele só pode estar de zoeira com a minha cara.

Não que eu já não o tenha visto de cueca antes, mas foi em circunstâncias bem diferentes.

Por exemplo, na minha cabeça, nunca tinha passado a ideia de beijá-lo, como aconteceu mais

cedo.

Posso fechar os olhos, na verdade, até devo, mas acabo o olhando.

O meu running back sempre foi bonito, e nunca menti sobre isso, porém, nos últimos anos,

o homem se tornou muito mais gostoso. Ele é alto, abdômen, coxas e braços definidos, e esse

conjunto todo é uma grande vantagem em um cara. Seus braços não são daqueles do tamanho da

coxa de uma mulher, e me pego pensando que são o meu tipo. Tamanhos certos, fortes e com

algumas veias visíveis só para tornar tudo mais atraente.

O loiro se vira para fechar a porta, pouco se importando por estar desfilando quase nu na

frente de uma mulher.

Foda-se que sou sua melhor amiga.

Tudo bem. É apenas a minha loucura, afinal, o idiota já desfilou de cueca antes na minha

frente.

Encaro suas costas definidas e me sinto ofendida por alguém ser tão bonito até nessa pose.

Eu mesma me acho feia de costas, parece que minha coluna torta fica mais evidente.

Já Chace... cada cantinho é definido, inclusive as coxas grossas torneadas. — Está apreciando a vista, meio-metro? — ele pergunta de forma divertida, ainda de

costas para mim.

Um filho de uma ótima mãe e de um ótimo pai! — Vai colocar uma roupa, Chace. — Mando e me viro para o lado em que ele não está, só

para não ficar secando-o mais. — Vou dormir, boa noite!

Fecho meus olhos a fim de pegar no sono mesmo e acordar só amanhã e sem essas

maluquices de hoje.

Será que ver meu ex-namorado no campo afetou meus neurônios?

Quase dou risada de mim mesma.

Eu nem prestei atenção em Mark!

Solto um gritinho quando um peso cai sobre mim e gotas de um cabelo ainda molhado

caem sobre meu rosto. — Chace! — Mantenho meus olhos fechados, porque sei que o atrevido está de cueca em

cima de mim. — Vai colocar uma roupa e vem dormir! Amanhã você precisa acordar cedo para

o podcast com o Cole.

Não sei por que o podcast com seu melhor amigo tem que ser às dez da manhã, quando

sabemos da dificuldade de acordar cedo que o grandão aqui tem, mas não me meto na agenda

dele. — Estou na minha casa e gosto de dormir de cueca. — Ele só pode estar brincando com a

minha cara. — Já estou pronto para dormir.

Os lados negativos de ter um melhor amigo estão começando a surgir só agora? Não é

possível!

Abro os olhos, dando de cara com seu rosto acima do meu e um sorrisinho sem-vergonha

nos lábios. Ainda estou deitada de lado e pretendo ficar assim pelo resto da noite. — Tenha respeito pela sua melhor amiga. — Mando. — Ou vou dormir no quarto de

hóspedes. — Por que não está me olhando nos olhos? — Chace continua se divertindo, e não, eu não

o olhei mais do que dois segundos desde que se colocou em cima de mim. — Você poderia sair de cima de mim? É pesado!

Ele não me escuta, pelo contrário, o loiro aproxima seu rosto do vão do meu pescoço e o

afunda ali, me paralisando por completo. Que merda ele está fazendo? Engulo em seco ao

mesmo tempo em que paraliso.

Na sala de jantar, consegui disfarçar perfeitamente o que senti subitamente, mas não

consigo evitar de estremecer quando seus lábios raspam pela minha pele. — Só se você me der um abraço — ele diz contra meu pescoço, me arrepiando com sua

voz grossa e manhosa.

Safado e sem-vergonha!

Eu cortaria o seu pau, mas como sou uma manteiga derretida quando se trata de Chace

Lawson, arrumo minha posição na cama, ficando de frente para ele e de barriga para cima,

finalmente dando o que ele quer. — Está carente, Golden Retriever? — pergunto, disfarçando essas emoções estranhas com

uma risada. — Golden? — Você tem a personalidade do cachorro dessa raça — provoco, prestando atenção em

como suas costas flexionam quando minhas mãos acariciam sua pele. — É brincalhão,

engraçado, sempre faz tudo que a dona quer, e é carente quase sempre. — Eu não tenho dona.

Não consigo ver seu rosto, pois ele ainda está afundado em meu pescoço, mas imagino que

ele está um pouco indignado. — Não, mas tem eu como melhor amiga.

Ele levanta a cabeça, quase encostando o nariz com o meu quando não faz o mínimo para

manter uma distância razoável entre nós.

Respira e não pira, Ocean Bailey!

Ele é seu melhor amigo e está sendo o mesmo de sempre. — Quer ser minha dona, meio-metro?

A pergunta não sai em um tom divertido, ela parece mais séria do que qualquer diálogo

que trocamos nos últimos minutos, me deixando nervosa de uma hora para a outra.

Sorrio só para disfarçar, tentando parar de reparar em seus olhos me observando como se

eu fosse seu maior pecado, mas é inútil. Por algum motivo, a forma como Chace está me olhando

agora, me queima e mexe comigo de uma forma muito mais intensa do que o episódio na sala de

jantar.

Preciso dormir e acordar sã amanhã!

Então, para refrear isso tudo, toco meu dedo indicador em sua testa e o afasto de mim.

— Eu já sou, Golden! — respondo e o empurro para trás. Volto a ficar de costas ao mudar

minha posição novamente. — Vamos dormir, mas antes, você vai colocar um pijama

comportado.

Escuto sua risadinha. — Como você quiser.

Acordo no dia seguinte e, antes de me virar, sinto que Chace não está na cama ou então eu

estaria esmagada no seu peito, como em todas as vezes que dormimos juntos.

Pego meu celular na cabeceira da cama ao meu lado e vejo a hora.

Dez e meia da manhã.

Por que dormi tanto? Fazia tanto tempo que não dormia até esse horário, que me assusto.

Talvez seja o cansaço de tantos fins de semana em turnê.

Confesso que vou sentir falta.

Amo estar nos palcos e ver aquela multidão ao meu redor chorando enquanto gritam as

letras da minha música. Nesses momentos, sinto como se fôssemos um só. É um sentimento

único que só quem canta e ama o que faz entende.

Minha próxima data em um estádio lotado é daqui a dois meses, no Reino Unido, mais

especificamente em Londres.

Desbloqueio meu celular e resolvo entrar em uma das redes sociais mais tóxicas do mundo

dos famosos: Twitter.

Essa rede é como se fosse uma terra sem lei, em que muitos se escondem atrás de uma tela

para ficar destilando ódio em celebridades e comparando uma com a outra.

Mas há uma parte boa.

Meus fãs também estão por lá, e por mais que eu não entre com frequência para manter

minha mente saudável, gosto de me atualizar uma vez ou outra à procura dos tweets cheio de

amor e carinho deles.

Muitas vezes, me sinto melhor amiga de cada um, e isso é uma loucura, porque nem em

outra vida eu teria a oportunidade de conhecer todos eles, porém, entendo que o motivo disso é

por sermos conectados com a minha música.

Eles se identificam com as letras que componho, o que mais posso pedir?

Acontece que, nem em todos os acontecimentos do último final de semana, imaginei que

veria o que encontro ao abrir o Twitter.

Meu nome está sendo relacionado ao de Chace, mas o problema não é esse, já que quase

sempre isso acontece devido à forte onda de pessoas que nos shippam desde que fomos sinceros

sobre nossa amizade, o problema está no podcast que o desgraçado está participando neste

momento.

Abro o tweet de uma página de notícias minhas e vejo o vídeo que está fazendo todo

mundo, literalmente, surtar.

Cole e Chace estão no podcast como todo dia pós-jogo. Fisher sorri para o running back ,

parecendo ter segunda intenções.

— Ah, não... Acho que as mais de cem mil pessoas online querem saber pelo menos qual é

o tipo de Chace Lawson — ele provoca. — E então? Qual é o seu tipo?

Cole pega uma garrafinha de água e leva até a boca, tomando alguns goles, ansioso pela

resposta do amigo.

— Ocean Bailey.

O vídeo acaba e meu choque só faz eu ler a legenda do tweet da página.

O QUE É ISSO? SIGNIFICA QUE ELES ESTÃO NAMORANDO? OCEAN ESTEVE NO

JOGO ONTEM. PODE SER QUE SEJA PARA VER O NAMORADO, E NÃO O MELHOR

AMIGO. NÃO, MAS SERÁ QUE VENCEMOS, ESTRELAS DO MAR?

Volto para a página inicial e vejo outro corte do vídeo do podcast.

— S-sua melhor amiga? — Cole parece tão chocado quanto eu.

Chace dá de ombros.

— Não posso achar minha melhor amiga bonita? — Eu vou matar esse idiota!

— Não foi isso que perguntei — o responsável pelo programa diz.

— Ah... — Sorri de lado. — Minha melhor amiga não pode ser meu crush? O meu tipo de

garota?

O vídeo acaba, e então desço mais a página inicial, em busca de mais coisas, mas isso me

parece o suficiente.

O que Chace Lawson tem na cabeça? Que merda é essa? Ele sabe que não pode brincar

com essas coisas, não quando tem a mídia em cima de mim quase 100% do meu dia.

Meu celular vibra e assim que vejo que é uma chamada de Edina, decido nem atender. Ela

deve estar surtando, mil vezes mais do que eu.

Por enquanto, ainda estou tentando entender o que meu amigo quer com isso, mesmo

estando tão irritada quanto minha publicitária deve estar. Eu sou o tipo dele? Chace está tirando

uma com a minha cara!

Ele sempre é brincalhão e não deixa de mostrar esse lado para as pessoas, faz parte dele e

todo mundo o ama por causa disso, mas agora brincar com meu nome?

Qual deve ser o castigo por matar o melhor amigo?

Esse que, inclusive, entra no quarto assim que me faço a pergunta mentalmente e pulo da

cama, jogando meu celular no colchão e me aproximando do engraçadinho. — Você dormiu muito mais do que eu hoje, meio-metro.

Cruzo meus braços em frente ao corpo e o encaro bem séria. — Por que falou aquilo no podcast?

Ele parece surpreso por eu já saber o que aprontou e finge uma inocência que não combina

em nada com sua personalidade. Chace não é sonso e muito menos ator! — Do que, exatamente, você está falando? — De eu ter virado, absolutamente do nada, o seu tipo de mulher. — Me aproximo dele até

quase colar minha cara em seu peito. Odeio nossa diferença de altura, mas hoje, odeio ainda

mais. — Que merda foi aquela? — Respondi uma pergunta, meio-metro, apenas isso. — Ele ainda tem a coragem de agir

como se não fosse nada, e me olha com esses olhos cinzentos manhosos que conseguem me

desequilibrar na maioria das vezes. — Sabe o que estão falando? Voltaram a dizer que estamos namorando. — Aponto para

seu peito. — Isso por causa das suas brincadeiras. — Não escondo o quanto estou chateada com

seu comportamento. — Você pode ser o Chace brincalhão comigo, mas não pode ser lá fora, as

pessoas não entendem que é uma zoeira.

Porra! Mais de oito anos nessa indústria e ele não aprendeu isso?

O loiro contrai a mandíbula e o brilho em seu olhar some, dando lugar a um mais intenso.

Sinto um certo receio quando ele se aproxima mais de mim e me faz dar um passo para trás

instintivamente.

Por que essa proximidade toda? Nós já estávamos perto demais!

Ele continua se aproximando até que minhas costas batem contra a parede do closet. Não

abaixo a cabeça, nem mesmo quando o filho da mãe se inclina até ficar bem próximo do meu

rosto.— E quem disse que é uma zoeira? Quem disse que você não é o meu tipo?

Estremeço por inteira, desde o frio que invade a minha barriga até minhas pernas que ficam

bambas do nada.

Não deveria ser a hora para meu corpo reagir às suas palavras, não quando nunca reagiu

assim em tantos anos de amizade com ele. — Somos melhores amigos — friso tanto para mim quanto para ele.

Consigo soar firme, mesmo tendo desde ontem, pensamentos que amigas não devem ter

com seus amigos, mas esse pervertido não me ajuda, ele continua com essas brincadeiras de

sempre. — Só porque somos amigos eu não posso... — Seus olhos brilham com perversão e um

sorrisinho de lado surge, me fazendo engolir em seco. — Querer foder você?

Essa pergunta devia servir para me deixar mais puta do que já estou e, acredite, eu estou,

mas também serviu para abrir mais um espaço na minha imaginação.

Ontem, eu pensei em beijá-lo.

E agora... não!

Eu não estou pensando em transar com meu melhor amigo.

Desgraçado.

Meu corpo todo está reagindo às suas palavras e um calor que não sentia há muito tempo,

me invade, se concentrando, principalmente, no meio das minhas pernas.

Merda!

Soco o peito dele, o pegando completamente desprevenido. — Ai, meio-metro! — o grandão reclama, parecendo estar sentindo dor por causa da minha

mão pesada. Que ótimo! — Você não precisa me bater dessa forma! — Isso não tem graça. — Isso mexe com a minha mente, boceta e corpo. — Espero que

você resolva essa situação o mais rápido possível, porque estou puta com o que fez.

Pela forma como me olha agora, Chace parece ficar magoado, mas eu não ligo.

Não quando isso afeta diretamente meu trabalho e a repercussão que isso está tomando. — Está brava comigo? — Juro que quase vejo um beicinho em seus lábios.

É mesmo um Golden quando leva bronca! — Sim!

O empurro pelos ombros e volto a me distanciar dele. — Vejo você quando eu estiver mais calma.

Porque agora, preciso mesmo dar o fora dessa casa. Mas não é somente pelos motivos que

meu amigo acredita.

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