Capítulo 16

Eron

Estou surpreso e ao mesmo tempo me sentindo aliviado. Procurei por ela por anos e olha onde ela veio parar.

Estou tão feliz por encontrar a garotinha corajosa que foi como se um peso saísse dos meus ombros.

Fiquei com receio dela estar sofrendo muito na vida, não a encontrei antes pois estava procurando pelo seu antigo sobrenome. Não tinha conhecimento da sua identidade nova.

Mas tem algo que não bate. Os pais adotivos dela... Não encontrei nada sobre eles. Será possível que os nomes não existam?

Não vou investigar isso agora, quero fazer as coisas com calma e ver onde estou pisando. Pego a minha carteira e saio de casa.

Tenho alguns compromissos à noite e não dá para adiar. Quando chego em uma de minhas bases meu funcionário responsável por tudo aqui vem e fala:

— Senhor Fortier, as armas que chegaram são muito boas, acho que se vender no valor que está vendendo recentemente irá perder uma boa oportunidade de lucrar alto. — Demétrio fala.

— Se um homem honesto como você fizesse inimigos, então eles seriam meus inimigos, e temeriam você algum dia, e esse dia pode nunca chegar. Essa frase é de O Poderoso Chefão. Aconselho a assistir, vai aprender muito com Don Corleone. Você deve cobrar o justo, se o material for valioso vou cobrar pela sua qualidade. Agora vamos lá, Quero testar esse material pessoalmente.

Vou até o estande de tiro coloco o equipamento de proteção e vão me entregando arma por arma. Todas são de muita precisão.

— Meu convidado já chegou?

— Sim, mas ele só fala russo e não consigo entender uma palavra. Acho que faz de propósito. - Demétrio reclama.

— Veremos... — Digo dando risadas.

Chegando na sala feita para reuniões importantes está Konstantin Kamscii, e para confundir Demétrio falo:

— Zdravstvuy, staryy drug Konstantin Kamskiy! Kak sem'ya? Deti i zhena? YA uveren, chto oni vse v poryadke! YA znayu, ty nenavidish' ostavlyat' ikh razbirat'sya zdes'! No vam ponravitsya etot material, kotoryy ya vydelil spetsial'no dlya vas! (Olá, velho amigo, Konstantin Kamscii! Como vai a família? Os filhos e a esposa? Tenho certeza que estão todos bem! Sei que odeia deixá-los, para resolver coisas por aqui! Mas vai gostar desse material que eu separei exclusivamente para você!)

— Privet staryy drug! Ne utruzhdayte sebya! YA uveren, chto yesli vy pozvali menya syuda, to eto potomu, chto material deystvitel'no khorosh! Tak chto zrya vremya ne tratil. Moya sem'ya v poryadke, moya zhena kak vsegda prekrasna, a deti umnichki! YA polnotsennyy i schastlivyy chelovek. A s takimi druz'yami, kak ty... Vso polno! (Olá, velho amigo! Não se incomode! Eu tenho certeza que se você me chamou aqui é porque o material é realmente bom! Então, eu não gastei meu tempo à toa. minha família está bem, minha esposa linda como sempre e meus filhos espertos! Sou um homem completo e feliz. E com amigos como você... Tudo se completa!)

— YA dumayu, nam luchshe ispol'zovat' drugoy yazyk, moy drug, ya ne ponimayu, chto ty govorish'! (Acho melhor usarmos outro idioma, meu amigo aqui não entendi o que você diz!)

—Zabavno videt', kak on stroit litso, pytayas' ugadat' kazhdoye slovo, kotoroye ya govoryu, no ya oblegchu yemu zadachu. (É divertido ver a cara que ele faz tentando adivinhar cada palavra que digo, mas vou facilitar para ele.) — Konstantin fala.

— Vamos até o meu estande, quero que sinta aquela maravilha em suas mãos. — Nós caminhamos até o estande de tiros e depois que ele verificou o material viu que era bom. E decidiu que pagaria a mais, olhei para Demétrio que ficou sem entender nada.

Nós fechamos o negócio e logo três caminhões pararam em frente a minha base e levaram o material e o dinheiro já estava na conta.

Trabalhar com Konstantin sempre foi um prazer. Ele é assertivo e de palavra, como um bom russo. Volto para casa e entrego a bebida para ver se os dias passam mais rápido.

Segunda de manhã chega e estou apreensivo. Já passa das 10 horas da manhã e nada da minha Diabinha voltar com nossa "filha".

Me sento no sofá de frente para a porta e meus olhos não desgrudam de lá. Querendo ou não minha mente brinca comigo e fala:

— E se ela não voltar? Seu idiota não deveria

deixar ela ir sem mandar alguém para vigia-la. Levou vinte anos para encontrá-la e apenas três dias para perdê-la.

Sou arrancado dos meus devaneios pela porta se abrindo e a Laura entrando cantarolando e meus olhos procuram pela diabinha.

— Laura onde está a sua mãe? — E antes que a Laura pudesse responder a minha diabinha entra me provocando:

— Pensou que eu tinha fugido, né? Por que você não entende logo que eu não quebro a minha palavra quando a dou?

— Acabei de entender isso agora! — Respondo sorrindo... — Diabinha, podemos conversar no meu escritório?

— Podemos sim! Laura vai para o seu quarto que daqui a pouco estarei lá para te ajudar com o banho.

Ao chegarmos no meu escritório, puxo ela e dou um beijo. Logo a mesma me empurra e eu pergunto:

— Quer ser minha, diabinha?

— Me chamou aqui para tentar me corromper,

chefão?

— Vou contar uma história curta, sobre um menino de 15 anos e uma menina de 9 que parecia uma pequena tigresa. O menino estava entediado e andava pelo oitavo ou nono lar para menores que haviam jogado ele. Até que uma cena até um pouco cômica chamou sua atenção, uma garotinha que era ruiva estava sendo atacada por uns três adolescentes.

Nesse momento ela se lembrou de tudo o que

aconteceu com ela no passado e o motivo de ela ter mudado a cor dos cabelos.

— O garoto não suportou aquela injustiça e ficou admirado com a garra da garotinha. Então ele decidiu que iria ajudá-la.

— Mas ela não precisava de ajuda! Ela era forte e dava conta. — Responde me encarando.

— Ah, sim claro. Super forte e dava conta sim. Mas algo aconteceu com o garoto aquele dia, impossibilitando dele voltar no lar adotivo, mas ele não desistiu da garotinha e quando ele voltou para tirá-la de lá, a mesma já havia sido adotada e por ele ser apenas um adolescente na época não tinha como descobrir o que tinha acontecido com ela.

— Você voltou lá? Eron, você e eu já estivemos juntos antes?

Ela me pergunta confusa e eu pergunto para ela:

— Quer ser minha, diabinha?

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