Capítulo 05

Eron

— Você sabe que a situação não está boa para você e ainda tem essa petulância toda para falar assim comigo? — Verbalizo sem muita emoção. — Pequena ladra, você está na boca do lobo, doida para ser mastigada e engolida. — Falo enquanto jogo ela no banco de trás do meu carro.

— Nasci para morrer um dia. E se for protegendo quem amo, que mal tem? — Soltou sua fala carregada de atrevimento.

Tive que dar risadas e acabo escutando dois

seguranças comentando entre si:

— O chefe deu risadas? Foi isso mesmo que eu vi?

— Acho que estamos alucinando. Esse iceberg não dá risadas.

— Vocês estão cansados de respirar? — Eles me olham assustados. — Quero que façam uma varredura por toda a área e vejam se conseguem pegar a turma da pequena ladra.

— Eles te chamaram de iceberg, se bem que com essa cara de ártico está parecendo mesmo. E não me chame de pequena ladra. Tenho nome, seu idiota.

— Essa mulher está querendo morrer. — Um dos seguranças solta as palavras um pouco admirado.

— Prefere Smurfette? — Ela me olha furiosa e para irritá-la sigo adiante. — Deve ser por isso que não conseguiu fugir, não tem nem altura de gente. Você tem quantos anos? Quinze?

— Quer saber de uma coisa? Me solta e vamos resolver isso em um ringue. Quer ver se dou conta é só vir para cima.

— Ótima ideia, mas podemos trocar o ringue pela minha cama. — Desafiei, mas logo comecei a me censurar em pensamentos. — “O que está acontecendo comigo? Por que estou agindo assim? Falando assim? Preciso me recompor. Essa pequena ladra anda me roubando e eu preciso dar uma lição nela.”

Ao chegar em minha casa considerei jogar a

Smurfette no porão, mas dada a hora vou trancá-la em meu quarto junto comigo.

Puxo ela para dentro da casa, ao entrar em meu quarto ela começa a ficar nervosa.

— O que você vai fazer? Você pode me matar. Será até um upgrade na minha vida ter asas e ir para o céu.

Dou gargalhadas após ouvir o que ela acabou de dizer e enquanto a sento em uma cadeira e a prendo com algemas.

— E quem disse que uma diabinha Smurfette como você vai para o Céu? — Ri em meio ao comentário.

— Olha só quem define isso é Deus e não você que é um mero mortal pequeno.

— Nossa… Não te contaram? Deus não existe, mas o mal na terra sim. — Verifico se ela está bem presa a uma haste de ferro que tem grudada na parede ao lado do sofá. — Você está confortável aí, fique sentadinha e se quiser dormir por mim tudo bem. Estamos no meio da noite, agora só não faça barulhos irritantes e espero que você não ronque porque eu vou dormir.

Vou até a porta e a tranco, coloco a chave em um lugar que sei que ela não alcançará. Vou até o banheiro e tomo um banho, ainda enrolado na toalha caminho na direção do meu closet.

Sei que ela está olhando para mim, mas eu não me importo. Visto apenas uma calça de dormir e me jogo na cama cansado.

Assim que fecho os olhos para dormir, essa diabinha Smurfette, começa a cantarolar só para me irritar… Isso é brincadeira.

— Baby shark, doo doo doo doo doo ... Baby shark, doo doo doo doo doo doo... Baby shark, doo doo doo doo doo doo... Baby shark.

— É melhor parar diabinha Smurfette. Você e seu grupo já me fizeram perder a metade da minha noite, me tirando do meu confortável lar.

— Mommy shark, doo doo doo doo doo doo... Mommy shark, doo doo doo doo doo doo... Mommy shark, doo doo doo doo doo doo... Mommy shark.

— Isso é sério? Você está tão ansiosa para ir ao inferno que está gastando a última ficha que tem?

— Daddy shark, doo doo doo doo doo doo... Daddy shark, doo doo doo doo doo doo... Daddy shark, doo doo doo doo doo doo... Daddy shark.

— Não vou te dar o que quer. Vai continuar cantando essa merda de música irritante até amanhecer.

— Grandma shark, doo doo doo doo doo doo... Grandma shark, doo doo doo doo doo doo... Grandma shark, doo doo doo doo doo doo... Grandma shark.

Nesse momento eu me deito e coloco um travesseiro em minha cabeça para abafar o som da voz dela...

— Grandpa shark, doo doo doo doo doo doo... Grandpa shark, doo doo doo doo doo doo... Grandpa shark, doo doo doo doo doo doo... Grandpa shark.

Não resisto e me sento na cama.

— Se não calar essa boquinha vou fazer algo que você não vai gostar.

— Let's go hunt, doo doo doo doo doo doo... Let's go hunt, doo doo doo doo doo doo... Let's go hunt, doo doo doo doo doo doo...Let's go hunt! Run away, doo doo doo doo doo doo... Run away, doo doo doo doo doo doo... Run away, doo doo doo doo doo doo... Run away! Safe at last, doo doo doo doo doo doo... Safe at last, doo doo doo doo doo doo... Safe at last, doo doo doo doo doo doo... Safe at last! It's the end, doo doo doo doo doo doo... It's the end, doo doo doo doo doo doo... It's the end, doo doo doo doo doo doo... It's the

end.

— Chega. — Vou até meu closet e pego uma corda, caminho até ela com a corda na mão. Seu olhar vai dá corda para mim e ela simplesmente sorri... — Não sabe o que tenho para você.

Eu amarro os braços e pernas dela e a jogo em meu ombro, em seguida a jogo em minha cama como um saco de batatas e ela pergunta:

— O que vai fazer seu pervertido?

— Vou dormir! — Me deito ao lado dela e quando a mesma ameaça começar a cantar coloco minha mão em sua boca.

Levou uma hora para ela desistir e dormir. Peguei no sono logo depois.

Assim que desperto, vejo que estou abraçado com a diabinha, me afasto logo, levanto e vou direto para o banheiro, tomo um banho frio para acalmar meu corpo e depois vou até o closet, ao passar próximo a cama vejo que ela já despertou.

— Está preparada para o dia que vai ter ao meu lado? — pergunto assim que entro no quarto. — Estou pensando em começar pegando leve com você. — Dou um sorriso maléfico. — Vamos ver até onde você aguenta segurando a sua língua e não me contar quem mais estava com você.

Ela me olha, mas não responde nada e eu penso.

—“Hoje meu dia vai ser difícil, mas não impossível.”

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