Capítulo 20

Eron

Não acredito que a minha diabinha vai voltar

finalmente segura para os meus braços. Estou impressionado que ela conseguiu o que eu precisava para tirar aquele canalha do submundo.

Assim que ela chegar eu vou fazer uma cópia do conteúdo do pendrive para mim e depois enviar para o tribunal da máfia.

Mas tenho outro assunto para tratar e como sei que levará horas para a minha diabinha chegar vou fazer isso agora. Vou até o quarto de Laura.

— Princesinha, uma funcionária da casa virá te ajudar a se arrumar, sairemos em dez minutos.

— Vamos no McDonald's? — Laura pergunta com um olhar de expectativa.

— Se você quiser podemos passar em um na volta! — A menininha abre um enorme sorriso e eu vou até meu quarto mudar de roupa e tomar um banho.

Assim que chego na sala vejo Laura pronta e seguro sua mão para sairmos. Passo o caminho todo pensando em como eles foram espertos ao trocar de identidade e personalidade.

Eles eram dois assaltantes de obras de artes em Paris. Os melhores já vistos até serem traídos por seu comparsa Pierre LePheil.

Para um casal ambicioso e sem escrúpulos, hoje serem pais dedicados e pacientes deve ter sido um grande passo para eles.

Chegamos na casa de Téa e Jay Hawke. Claro que eles ficaram com os dois pés atrás quando me viram.

— O que veio fazer aqui? — Jay inquiriu um pouco agressivo.

— Suponho que nossa filha está com você, não é? — Téa foi mais incisiva.

— Não vim aqui falar sobre ela, mas sim sobre Louise e Olivier Durand! — Ambos me olham assustados e começam a olhar para todos os lados.

— Entre... Agora mesmo. Não mencione esses nomes tão alto. — Jay soltou preocupado.

Assim que entramos eles logo me oferecem um lugar para sentar. Depois que eu me sento vejo os dois entrarem em um cômodo da casa.

Quase 20 minutos depois os dois saem de lá,

parecem bem nervosos. Eu olho para eles e falo:

— Eu não sou o perigo aqui, vim porque eu quero ajudar.

Olho para o lado e vejo que Laura está distraída brincando.

— Tem alguém investigando vocês e isso já faz um tempo. Então, por que não conversamos e vocês terão a oportunidade de serem sinceros? Porque a pessoa que está caçando vocês, ao que eu pude entender, não estão caçando para tomar um chá. Querem algo e se não encontrarem é muito provável que matem vocês.

— Aquele maldito desgraçado. Já não basta o que fez com nossa vida ao nos trair daquele jeito, agora isso. — Téa fala exaltada.

— Acho que teremos que fugir novamente. Mas como vamos fazer com os nossos filhos? Não podemos deixá-los. — Jay comenta aparentemente com muita preocupação em sua fala.

— O que me intriga é o fato de vocês terem

construído uma vida tão fixa com nomes falsos, em outro lugar e ainda conseguiram adotar filhos. Como vocês conseguiram essa proeza? Não é algo tão fácil assim, até porque documentos falsos até os melhores e mais reais aos idênticos ainda assim são descobertos por peritos. E vocês conseguiram montar uma vida em cima de documentos falsos, conseguindo se esconder em um país diferente do de vocês de origem.

— O Pierre é um demônio. Nós roubávamos umas obras de arte em museus caros, escolhemos sempre os mais caros. Tínhamos sempre um comprador em vista, minha esposa fingia desmaio ou passar mal, enquanto todos olhavam para ela nós dois entramos em ação e conseguíamos fazer tudo muito rápido. Nós trocamos as originais pelas falsas e vendíamos no submundo por uma nota preta. Até que pintou uma oportunidade de roubar um quadro muito caro de um artista recente. O quadro era tão caro que ele sozinho sustentaria metade de uma cidade pobre por um ou dois anos com o melhor do melhor. Foi um erro meu confiar nele, andávamos sempre com duas falsificações no caso da primeira rasurar ou não colar direito. Quando eu percebi a maldade dele, troquei o material. Ele acabou levando com ele a falsificada e não tinha intenção nenhuma de dividir aquele dinheiro com nós dois. E para nós foi a gota d'água e olha só o que aconteceu no dia seguinte... Nossa foto estava em todos os tabloides, em todos os jornais, em todos os lugares. E a palavra

"Procurados" em baixo, ele nos traiu com raiva e queria que fossemos presos. Nós fugimos com o que tínhamos, não era pouco, era o suficiente para uma vida confortável. Mas aí ele começou a nos caçar, foi quando decidimos autenticar documentos falsos para poder ter uma vida melhor, em qualquer lugar que não fosse um que ele conhecesse. E encontramos alguém para trocar os nossos nomes, e mudamos nossas personalidade. Já que antes éramos mais agressivos, gostamos de aparecer. Hoje em dia somos mais calmos e ficamos mais dentro de casa. Ele acabou com a nossa vida de um lado... Mas conseguimos recuperar tudo o que queremos do outro. Os filhos que não tivemos, a residência, mas é claro que um dia ou outro ele iria vir atrás da obra. Ele sabe que está com a gente ainda.

— Já que optaram por serem sinceros comigo, então eu vou ajudar vocês. Vamos resolver isso, mas já vou alertando vocês, ele não está sozinho. — Falei calmo.

— Pierre também achou um tubarão rei para ajudá-lo, claro que prometeu metade do que conseguir com a obra de arte. O meu conselho é... Que vocês entreguem para mim essa obra de arte. Vou colocar ela em meu cofre. — Fui direto. — Meu outro conselho é que vocês deixem essa casa e fiquem na minha por um tempo, lá vocês terão a segurança que precisam e estão mais perto da filha de vocês. Com relação aos seus outros filhos... Creio que não há problema em continuarem a vida deles do jeito que estão. — Suspirei pensativo. — Porque até então, pelo que eu soube, eles só querem vocês dois. Agora está na mão de vocês aceitarem ou não. Porque o que estou propondo manterá vocês seguros. A obra de arte também. E não precisarão se preocupar com alguém invadindo a casa no meio da noite e colocando uma arma na cabeça de vocês.

Eles olham para mim e ficam pensativos. Espero que eles saibam que não tem muito tempo.

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