CAPÍTULO 10... NOAH

NOAH...

Estou voltando da academia, quando ouço os gritos da Luna dizendo que foi aceita. O meu coração doeu... Não por querer que ela não fosse aceita, e sim... Porque vamos nos separar...

Chego na sala e vejo ela aos pés da escada, pulando enquanto abraça o papai, ouço o tio Renan parabenizar ela por uma ligação, e eu juro que queria estar feliz com isso, mas não consigo. Porém, estamos fingindo estarmos bem, não é?

— Ouvi os seus gritos, maninha, o que aconteceu?

— Fui aceita na Uniword, Noah — ela se joga nos meus braços, e sei que é mais pela emoção do que por vontade própria.

Então aproveito para sentir ela contra o meu corpo enquanto ela parece sentir o mesmo. Beijo o seu cabelo e sussurro baixinho o quanto estou feliz por ela, ambos sabemos que isso é fingimento.

Mas nos limitamos a isso, a fingir. Ela sorri para mim, e vejo a mamãe vir do escritório, ela estava em reunião com um dos fornecedores dela desde cedo, e imagino que também tenha ouvido os gritos da Luna.

Não fico para ver a comemoração entre elas, subo o meu quarto, eu estava precisando de um banho.

.

O fim de semana foi para comemorar a conquista da Luna, tentei sorrir o tempo todo, e principalmente, ficar feliz por ela, mas eu fui errado e mereço que ela se afaste de mim...

Pela noite, depois que todos já tinham ido embora, desci para a piscina, me sentei na beira da piscina, os pés dentro d'água, de onde eu estava, podia ver a janela do quarto da Luna, a luz estava acesa, tive a impressão de ter visto a sombra dela, mas acredito que ela já estaria deitada, já que o Charlie estava aqui hoje.

Fico sentado por vários minutos. Já estava esfriando, mas... Alguém sentou ao meu lado. Não precisei me virar para saber quem era, o seu perfume entregava...

— Tem como deixarmos toda aquela confusão de lado um pouco e agirmos como antes? Só um pouquinho...

Respiro fundo e puxo ela para os meus braços. Beijo o seu cabelo, e faço carinho no seu braço esquerdo.

— Estou feliz por você, minha princesa... Conseguiu o que sempre sonhou. Eu não poderia estar mais orgulhoso.

— Queria que você estivesse lá... Vai ser solitário ficar numa cidade enorme como aquela, sem você...

— O papai até tem uma filial lá... Mas eu não sei ainda como administrar a loja... Eu só sei... Desenhar. Não entendo o básico de como liderar uma empresa... — ouço ela fungar e sei que está chorando, também estou — vamos sair aqui da piscina, está esfriando já.

Levantamos e fomos para a sala de cinema, que fica ao lado da sala de jogos, mas que, graças aos arquitetos que construíram a casa, tem isolamento acústico.

Me deito no sofá enorme que tem na sala, e a Luna pega o controle da tv, — tá mais para telão — deita ao meu lado, literalmente em cima de mim, puxo o cobertor, já que o ar está ligado, e agarradinhos, começamos assistir um filme.

Na metade do filme percebi que ela já estava dormindo, então apenas desliguei a tv e me ajeitei ao lado dela, dormindo abraçado ao meu amor proibido.

Acordo no outro dia, e ainda estamos na mesma posição, estendo a mão até onde deixei o meu celular e olho as horas, são quase seis, em alguns minutos a casa toda acorda, e não sei qual será a reação da Luna quando acordar nos meus braços...

Reúno toda a minha coragem, para levar a Luna para o quarto dela, antes que o Charlie acorde e não veja a irmã dele na cama. Coloco ela com todo o cuidado do mundo, e cubro com a coberta pesada, o seu braço por cima do Charlie como ela sempre faz, deixo um beijo na sua cabeça e saio de fininho do quarto dela, dando de cara com o papai.

— Preciso perguntar? — o meu pai pergunta e eu baixo a cabeça.

— Pai... — a minha voz está baixa, demonstrando o quanto estou sentindo — a gente pode conversar?

— Academia. Tem cinco minutos para lavar o rosto e colocar uma roupa de malhação.

Assinto e vou para o meu quarto, coloco uma roupa roupa de academia, lavo o rosto e desço, encontrando o meu pai no tatame. Ele já tinha feito alguns alongamentos.

— O passo mais importante antes de começar um treino, Felipe, é se alongar. Assim garantimos que nenhum músculo, tendão, sofra algum deslocamento.

Engulo em seco ao ouvir o "Felipe". Começo me alongar, dando mais atenção principalmente as minhas pernas, que é o que planejo treinar com mais intensidade hoje.

— Você está tensionado muito o joelho direito, vai acabar forçando de mais o tendão, e se desprender um dos ligamentos, pode perder o movimento dele.

Diminuo a pressão e começo a trabalhar nos braços. O olhar atento do papai me perseguindo a cada gesto que faço, parece até que ele está me treinando para um campeonato de MMA.

— Foco. Comece com 15 socos intercalados, alternando sempre entre ganchos de esquerda e direita.

Faço o que ele mandou, mesmo ainda querendo e muito que ele me deixe falar, mas eu lá sou doido de desobedecer Rick Jones? É ruim, prefiro ser jogado num tanque de tubarões.

— Chute de direita com soco de esquerda — obedeço — gancho de direita chute de esquerda — obedeço mais um vez — ótimo... Três socos seguidos e nocaute com um chute aéreo.

Finalizo e caio exausto no tatame. O meu pai se ajoelha ao meu lado e com um sorrisinho na cara fala que "estou melhorando".

— Orra... Eu dei meu sangue, pai...

— Será mesmo? — ele arqueia uma sobrancelha — Que tal uma luta corpo a corpo?

— Posso descansar cinco minutinhos?

— Pode kkkk, mas então? O que queria me dizer? — ele fala se levantando e indo em direção ao bebedouro, pega um copo de água, e eu continuo aqui, caído no tatame, sem sentir as minhas forças.

— Queria ir para a Espanha... Mas não aprendi tudo que preciso para ajudar na empresa... Os meus desenhos não estão bons o suficiente ainda...

Ele não fala nada, apenas bebe a água dele tranquilamente, olho para ele e vejo ele com uma expressão tranquila no rosto, como se eu nem tivesse dito nada.

— Ouviu o que eu disse?

— Sim. Cada palavra, na verdade. Mas você disse que "queria", e no momento... Você não está preparado para comandar a empresa, você mesmo disse isso.

— Mas...

— Filho, desde que você era bem pequeno que te ensino que temos que merecer ganhar certas coisas, estou certo? — assinto — Pois bem, me faça um resumo do que você fez no último semestre de aulas — fico calado, pois, se resumiu a apenas s*xo, boxe, e gastar no cartão que o papai fez para depositar o dinheiro que ganho dos meus desenhos — me responda, Noah Felipe, você está merecendo ir para a Espanha? Liderar uma loja que envolve mais de 100 funcionários e tem um fluxo de milhões por mês?

Me calo, e volto a treinar, sabendo que não estou pronto para liderar uma loja valiosa como a da minha família, algo que o meu pai lutou durante anos para ter prestígio. Eu amo a Luna, mas entendi que preciso ter além de amor, maturidade.

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Comments

Júlia Caires

Júlia Caires

Pedro é foda cara

2024-02-15

2

ly Maria

ly Maria

mais mais mais mais mais mais mais capítulos

2024-02-15

1

Fafa

Fafa

Eh Noah!!! A parte boa é que vc reconhece tudo que fez e principalmente o que não fez pra merecer ter uma responsabilidade como essa. Quem sabe daqui pra frente vc não comece a mudar suas atitudes?

2024-02-15

1

Ver todos

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