NOAH...
— ESPANHA?!
— Sim, qual o problema? — olho para a cara de cínica da Luna, em dizer que vai fazer faculdade na Espanha.
— Qual o problema, Luna?! É sério que você tá me perguntando justo isso?! — a minha indignação só aumenta a cada palavra dita por ela.
— Vem cá, você está com problema de audição? — ela olha para os nossos pais — Mãe, pai, acho bom levar o Noah num otorrino... Parece que o meu irmãozinho está com os ouvidos afetados.
— P*rra Luna! Porque você tá fazendo isso, hein? — pergunto sentindo os meus olhos encher de lágrimas.
— Eu não estou fazendo nada. Só estou buscando aprendizado para mim. Não foi você que sempre me incentivou a buscar o melhor para mim, a buscar novas técnicas na cozinha? Então pronto! Quero cursar na Espanha, em Barcelona para ser mais exata, já até pesquisei e me informei sobre uma ótima faculdade de lá.
Indignado!
É assim que me sinto!
Saio da mesa de jantar e vou para a minha sala de treino. Ignoro luvas e inicio uma série de socos, tentando apaziguar esses malditos sentimentos. Faço uma repetição de 25 socos cruzados, paro, respiro por dez segundos e começo uma série de socos e chutes, 30 golpes de cada lado.
— Precisa tomar cuidado com a altura com que eleva o joelho, se não vai acabar te causando uma câimbra e isso pode resultar em algo grave, se você estiver numa luta.
Me viro ao ouvir a voz do meu pai, ele está com os braços cruzados, recostado na porta que dá acesso a minha sala.
— Tenta fazer assim — ele dobra o joelho só pouco e conforme levanta ele dá um pequeno salto, alcançando próximo ao peitoral do meu boneco de luta — viu? Um golpe certeiro, que causa dor apenas ao seu oponente. Tenta — ele estende as mãos para mim e eu tento repetir o que ele fez, mas só consegui alcançar onde seria o estômago — melhorou um pouco.
Analiso o meu pai de cima a baixo, tentando entender como ele, nos seus quase 45 anos, sabe dar um chute dessa forma, e olha que já ouvi ele reclamando da coluna doer várias vezes.
— Eu praticava muito quando mais novo. Quando digo que você é uma versão mais nova de mim, eu não digo apenas pra você se achar parecido comigo fisicamente. Também já arrumei confusão em nome das suas tias várias vezes. E acredite, uma vez quebrei o nariz do seu tio Wander em frente a escola e levei suspensão, só por ter visto ele beijar a sua tia Ana. Só estou um pouco enferrujado porque a empresa me consumiu bastante quando resolvi assumir no lugar do seu avô, e depois que você nasceu, o máximo que eu pratiquei foram exercícios básicos da academia. Mas ainda me lembro bem como fazer cada golpe, e com precisão.
— Porque tá me dizendo isso?
— Felipe — ele fala com a sobrancelha arqueada e eu me sinto obrigado a me calar, já que ele nunca me chama de Felipe, foram raras as vezes que ele falou isso, e quando falava, sempre me chamava de Noah junto.
— Senhor?
— Está na hora de jogar limpo comigo, não acha? — levanto o olhar, encarando a sua expressão de pai acolhedor — Filho, eu te criei sozinho desde que nasceu, conheço você como a palma da minha mão, acha que não sei quando tem você está escondendo algo de mim?
— Não estou, pai...
— E quanto a seus sentimentos pela Luna? — sinto um arrepio percorrer a minha coluna — Eu sei que não é só carinho de irmã, Noah. Também já tive a sua idade, mesmo que você tenha me conhecido sempre com barba na cara.
— Nunca vi o senhor sem ela...
— Fico parecendo um adolescente quando tiro, e uma vez a sua mãe me ameaçou se eu tirasse, aí desisti. Mas não mude de assunto — dou risada, pois, era exatamente o que eu estava fazendo — vamos sentar, não estou com paciência para ficar em pé.
Ele me leva até a parte da academia, onde tem banco, ele senta em um e joga uma toalha para que eu limpe o meu suor.
— Somos irmãos, pai... Mas... Porque eu sinto isso por ela?
— "Nada de padrões", lembra? Anny e eu temos um pouco de "culpa", por mais que tenhamos criado vocês dois como irmãos, nunca escondemos o fato de vocês não serem literalmente irmãos. E é até... "Normal" vocês terem sentimentos diferentes um pelo outro, não é errado, mesmo que a sociedade diga isso.
— Então não está bravo por eu querer...
— Não precisa completar a frase. Sinceramente, eu deveria ter colocado um filtro em você quando era criança — solto uma gargalhada — você sabe as recomendações a seguir, mas não vou deixar de falar.
— Outra vez.
— E quantas forem necessárias. Saiba ouvir um "não", só avance sinal se ela quiser o mesmo...
— Ela quer... Lá na loja de lingerie ela disse isso quando quase nos beijamos. Mas eu... Disse que tinha medo de vocês descobrirem e achar ruim.
— Agiu bem, por mais que tenha deixado a sua... Será que vai ficar estranho eu falar "irmã"? — balanço a cabeça rindo, não tem como ficar sério com o meu pai por perto.
— Mas pelo menos, olha pelo lado bom, pai... Eu vou ser o seu filho e genro. E a Luna, filha e nora.
— Vai ser melhor ainda se você fizer ela chorar, vou poder brigar com você duas vezes. — fecho a cara, pensando bem, não vai ser tão bom assim — Quer falar sobre Espanha?
— Não.
Levanto e volto a minha série de luta. Até tinha melhorado a pressão no meu peito, falar sobre isso com o papai, mas só em imaginar a Luna longe de mim. Em outro país, que fica do outro lado do mundo, sozinha, e que qualquer homem pode querer se aproximar dela... Eu fico furioso.
Repito uma sequência de 50 socos cruzados, 35 com chutes e repito o chute alto que o papai ensinou, por 20 vezes.
É só quando dou o último golpe, que tomo uma decisão. E espero não me arrepender dela.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 22
Comments
Silvaneide Ágatha
Sabia que ele sabia 🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣
2024-07-04
1
Deise
Lembro 🤣🤣🤣🤣
2024-03-22
2
Rafa Ribeiro🏄🏽
Noah meu filho, vc tá lascado...
2024-02-14
1