CAPÍTULO 13... LUNA

LUNA...

Chegamos ao quitinete e o meu coração se parte em vários pedacinhos. O lugar por mais limpo que estivesse, era do tamanho da minha cozinha, e olha que a minha cozinha é até grande para um apartamento, mas a diferença é que o quitinete todo cabe na minha cozinha.

— Olha... Não precisava me trazer até aqui em cima não... Bastava me deixar só na esquina mesmo... Você parece ser o tipo de pessoa que não anda nesse tipo de lugar... — Dany fala um pouco envergonhada.

— Ei... Não precisa sentir vergonha. Eu não ando nesse tipo de lugar, bem verdade, mas nunca fecho os olhos para ninguém, e isso aqui... Mostra muito sobre quem você é. A minha família, Dany, é tipo... Uma das mais ricas do mundo, mas no nosso meio, o que mais valorizamos é os sentimentos.

— Quem é a sua família? — ela pergunta com os olhos arregalados e eu sinto vontade de rir.

— É... Hum... Os Jones. O meu pai de criação é o dono da franquia de lojas de joias mais famosas do mundo...

— Ah meu Deus do céu, Luna... E eu não tenho nem um suco pra te servir... Olha o lugar para onde eu te trouxe... Senhor, se algo acontecer com você eu vou ser enterrada viva... Ou pior, nem enterrada vou ser, vão me jogar no mar para ser devorada por tubarões.

Começo a gargalhar com o desespero dela, Dany é muito engraçada, viemos o caminho todo conversando, e a cada coisa que ela falava, eu só ria, e agora nesse momento, estou com a barriga doendo de tanto rir.

— Você é muito engraçada, Dany kkkkk.

— Engraçada? Luna... Por favor... Eu não quero te colocar em uma enrascada...

— Eu não estou, boba. Mas então... Você mora sozinha aqui?

— Não, eu moro com a Sophya, minha irmã e melhor amiga. Mas como ela trabalhou até tarde na noite passada passou a manhã dormi...

— Já acordei — uma outra moça muito linda também sai do único quarto que tem no lugar, a cara amassada e os cachos todos destruídos, mas ainda assim, ela é linda — wow... Quem é você?

— Luna Lima.

— Ela é nossa mais nova amiga, Sofhy.

— Aham, ok — ela diz isso e volta para o quarto.

— Ela está muito cansada, não leva para o coração.

— Tá bom...

— SOFHY! — ela grita um "fala" — a Luna está no mesmo andar que eu, lá na faculdade.

— CONFEITARIA?

— Gastronomia em geral. Não levou jeito com doces, o máximo que sai na minha cozinha é bolo, pudim... Coisas simples — a outra morena volta do quarto, agora com um coque no cabelo e outra roupa.

— Já me ganhou. Sophya Silva, mas não mexo com a cozinha não, prefiro números.

— Somos um trio perfeito — a Dany fala apoiada no balcão — podíamos abrir um restaurante, eu e Luna cozinhamos e você administra.

— As suas ideias são sempre ótimas, Dany, pena que os nossos sonhos são caros demais para tornar real.

Olho para elas duas, tão simples, morando num "ovo", lembro muito pouco da minha vida antes do papai Rick, mas... O que me lembro, é que eu morei pouco tempo num lugar também minúsculo, mas ele nos tirou de lá, eu e a minha mãe, levando para uma casa enorme.

E agora... Vejo que eu tenho como fazer o mesmo por elas duas, afinal... Moro num apartamento confortável, luxuoso para dizer o mínimo, espaçoso o suficiente para nós três, não pagou aluguel, tenho um transporte para nos locomover pelas ruas da cidade sem precisar pagar Uber, metrô...

E elas aqui... Precisam trabalhar, bastante pelo que percebo, só pelas olheiras de cada uma, para pôr alimento na mesa, pagar aluguel e ainda a faculdade...

— Meninas... Posso usar o banheiro?

— Claro, é aquela porta ali — Sofhy aponta para a única porta, com exceção da de entrada, e eu vou até lá, era um banheiro pequeno, mas eu não estava aqui para fazer nenhuma necessidade, só precisava de uma privacidade para fazer algo.

— Atende, pai... — no quarto toque, ouço a sua voz — oi paizinho.

— Oi minha princesa, porque está falando tão baixinho?

— Estou dentro de um banheiro, escondida na verdade.

— Filha, aconteceu algo para estar precisando se esconder? É algum homem te importunando?

— Não pai, é que... Eu conheci duas garotas hoje, e fiquei um pouco incomodada com as condições de vida, delas... — o meu pai fica calado, um sinal claro que quer que eu continue — Eu pensei em chamar elas para dividir o apartamento comigo...

— Tem certeza, princesa?

— Sim, pai... A quitinete que elas moram é do tamanho da minha cozinha, e o lugar está caindo aos pedaços, quero ajudar elas... Aquele apartamento que o senhor me colocou é grande de mais só para mim, e eu não vou ficar em paz se sair daqui e deixar elas nessa situação.

— Tenho orgulho de você, querida. Faça o que o seu coração está mandando, e depois me mande o nome delas, preciso conhecer as minhas novas filhas.

Sorrio com isso, desligo depois de mandar um beijo para ele e o resto da família, quando saio do banheiro, elas estão preparando algo na cozinha, um cheiro delicioso.

— Posso ajudar em alguma coisa?

— Não precisa, você é visita.

— Achei que era amiga, falando nisso... Queria fazer um convite para vocês...

— Qual? — Sofhy quem pergunta.

— É que eu moro num apartamento com três quartos, sozinha, e vendo a situação em que vocês estão... Queria saber se vocês não querem morar comigo. Eu não tenho parentes aqui na Espanha, estão todos no Brasil, vocês foram as únicas pessoas com quem tove contato desde que eles voltaram para lá, e não estou acostumada a ficar tanto tempo sozinha.

— Porque está confiando na gente a ponto de fazer esse convite? — Dany pergunta um pouco arredia.

— Meninas... Não fui criada em berço de ouro, apesar da enorme fortuna da minha família, sou uma pessoa simples, de verdade, e o que estou fazendo por vocês, é o mínimo, se levar em conta que já fizeram isso por mim uma vez. Não quero desmerecer o esforço de vocês para hoje terem a liberdade e independência que têm, porque eu sempre tive tudo na mão, mas esse lugar que vocês vivem... Não tem segurança, e está caindo aos pedaços... Já falei até mesmo com o meu pai, e ele disse que quer conhecer as novas filhas dele.

Elas se entreolham e depois de longos minutos, viram para mim, Dany com lágrimas nos olhos, Sofhy é quem toma coragem para falar.

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DANNYELA FERREIRA SILVA, 19 ANOS.

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SOPHYA FERREIRA SILVA, 21 ANOS

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