Capítulo 20. Decisão

Os dias seguintes foram difíceis para Gina, Jason e Carson estavam cada vez mais unidos. Pareciam se entender sem palavras, eram muito parecidos nas preferências e gostos. Ela desceu para o café e viu os três sorrindo e conversando, como família e o velho estava muito feliz.

— Bom dia! — cumprimentou.

— Bom dia, mamãe. — respondeu Jason, mas os outros dois pareciam não tê-la visto.

Sentou-se e prestou atenção em como os três se entendiam. Era a força do sangue falando mais alto, mas não deixaria seu filho ficar como o pai.

Desde que teve seu filho, analisava o que aconteceu e depois de conversar muito com sua mãe, que sempre tentava explicar a atitude de Carson, decidiu o que precisava fazer. 

Segundo sua mãe, Carson tinha um déficit na educação, pela morte prematura de sua mãe e abandono, pelo pai, que trabalhava incessantemente, sem dar atenção ao filho. 

Carson cresceu tirando suas próprias conclusões sobre comportamento e devido a discriminação do pai, quanto as classes sociais, ele achou que podia menosprezar todos que considerava inferiores.

Nestor lhe dava dinheiro, como se fosse o substituto para sua presença e isso o fez arrogante, quando percebeu que era só pagar e tudo se resolvia. Assim, o caráter do homem estava distorcido e só uma coisa faria ele reconhecer seus erros, era ser quebrado e construído de novo.

Primeiro ela se perguntou se não era melhor só o destruir, mas não era como ele, foi bem criada por sua mãe, mesmo a distância. Não tinha índole assassina ou vingativa, por isso passou anos planejando o que começou a executar agora.

Quebraria aquele homem e tentaria construir alguém melhor, por amor ao seu filho, que agora, parecia encantado por ter um pai. Terminou seu café e foi para o escritório. Depois de verificar seus ativos e clientes , foi ao escritório de Frida.

A porta estava aberta e com uma batidinha, entrou. O sorriso de boas vindas de Frida, mostrou que a amiga também queria conversar.

— Bom dia, você parece muito feliz. — comentou Gina.

— E estou, na verdade, estou nas nuvens. Nunca pensei que um dia encontraria um homem que valesse a pena.

— Então, me conte, quem é o merecedor do seu coração?

— Você sabe quem é, é o Aroldo.

— Ah, sim, o advogado…

— Ele é tão carinhoso, educado e franco. Sabe? Ele não fica de joguinhos, fala o que pensa e o que pretende e isso me dá segurança.

— Existe homem assim? Surpreendente…

— Ele teve uma boa educação, com pai e mãe presentes.

— Bem diferente de Carson.

— Como está seu plano?

— Caminhando, mas infelizmente terei que apressar tudo, pois Jason está amando o pai.

— Eita, isso não estava nos seus planos, não é?

— Não. Carson não tem nada de bom para ensinar ao filho, seu caráter e temperamento são muito deturpados e não quero isso para o Jason.

— Seu trabalho será árduo e inglório, espero sinceramente que tenha êxito.

— Eu também, vamos almoçar?

— Com certeza. Que tal voltarmos àquele restaurante de frutos do mar, fiquei na vontade e nunca mais voltamos.

— É verdade, então, vamos.

As duas não tinham o hábito de visualizar as redes sociais e não sabiam da repercussão que teve a festa e o novo game de Jason. Não se falava em outra coisa e até Nestor estava famoso.

Infelizmente, alguns invejosos, não estavam satisfeitos com o sucesso de Bumerang e tentavam a todo custo descobrir quem ele era. Jason estava tendo muito trabalho renovando seu firewall e fechando e-mail de span e invasores.

— Mas que droga, esse povo não vai parar nunca? Mamãe estava certa, eu não pensei que daria toda essa perseguição.

Recostou-se na poltrona acolchoada e forrada de couro, olhando as tentativas de invasão detectadas pela segurança e ficou pensando como poderia acabar com isso.

Teve uma ideia, a lei do retorno e digitou rapidamente um algoritmo, criando uma retalhação a todos que tentavam invadir seus dados. Aos poucos, foi diminuindo as tentativas e ele queria poder ver a cara desses hackers, ao verem seus firewalls caindo e o vírus comendo seus dados.

— Tomem essa, seus piratas da internet, vocês perderam!

Ele lembrou das recomendações de sua mãe e que estava de castigo, desligou todos do e ligou para sua mãe. Gina estava saboreando sua refeição, sem ninguém atrapalhando dessa vez, quando recebeu a ligação de seu filho.

— Alô, Jason, o que aconteceu? —

— “ Já almoçou, mamãe? Estou bem.”

— Estou almoçando agora. Por quê está me ligando da escola?

— “ Estou em casa, papai me deixou faltar a aula hoje.”

Gina arregalou os olhos, sem acreditar que o homem foi tão irresponsável.

— Você não está bem? Por quê não quis ir à escola?

— “ Estou bem, só não quis ir e papai concordou. “

Jason achou que, dizendo a sua mãe que o pai deixou, não teria problemas para ele, pois teve consentimento para faltar a aula. 

— Por quê me ligou, então?

— “ Só para me desculpar, você tinha razão, muitos tentaram me achar e me roubar, mas eu já resolvi. Desculpe, mãe. “

— Tudo bem, não fique no computador, vá estudar e não falte mais a aula, você não tem esse direito, mesmo seu pai deixando.

Ela riria se pudesse ver a cara apavorada do menino.

— “ Sim, mamãe. Bom almoço, tchau.”

— Tchau, querido.

Desligaram e Frida perguntou, preocupada:

— O que foi, agora?

— Carson deixou Jason faltar a aula.

— Que homem irresponsável! Pelo menos ele ficou em casa, para cuidar do filho?

— Não sei, vou ver.

Gina ligou para o escritório e Cléber atendeu:

— “ Empresas Rodrigues, escritório da presidência.”

— Oi, Cleber, aqui é Gina, o presidente Carson foi trabalhar hoje?

— “ Sim, senhorita, só um instante? “

Antes que Gina dissesse que não queria falar com ele, Cléber já estava passando o telefone.

— “ Oi, Gina, algum problema? “

— Por quê você deixou Jason faltar a aula hoje?

— Um dia só não tem problema.

— “ Você é muito irresponsável, deixei você levar ele para a escola e olha o que fez? Não faça mais isso, a responsabilidade sobre ele é minha e não sua. “ — Desligou.

Ele ficou olhando para o telefone, achando que ela estava fazendo tempestade em copo d'água.

Só não imaginava o que viria pela frente.

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