Capítulo 5. Em Guarda

Apesar do caso ser grave, Gina não queria ter que denunciar seu agressor. Não fez isso na época, mesmo com todo sofrimento físico e psicológico, por não querer trazer aquele estigma de mulher estuprada, agarrado em sua vida para sempre. Sentia profunda vergonha, pois se lembrava de se atirar sobre ele, necessitada de sexo e até teve orgasmo, incitada pela droga.

O fardo de carregar o título de mulher impura, era pesado demais para ela e também não queria que seu filho soubesse que foi concebido dessa forma. Sabia que havia uma batalha das mulheres, para denunciar esse tipo de crime, mas a vida era dela e ela decidiu o que achou melhor. Quantas mulheres passam por isso caladas, pois prevalece a força dos homens.

O dia foi cheio e estava cansada, chegou em casa com saudades do seu filho e mal abriu a porta, chamou:

— Jason, mamãe chegou!

O menino chegou correndo e gritando, feliz:

— Mamãe! Que bom que você chegou cedo.

Ela abraçou o filho, que já estava crescido, para ela pegar no colo e deu vários beijinhos em seu rosto bonito. Ele era parecido com o pai, mas tinha o seu sorriso, o que era um consolo.

— Como foi na escola, hoje?

Os dois andaram até a sala e sentaram no sofá. O apartamento era grande e confortável e uma empregada vinha todos os dias para arrumar, cozinhar e acompanhar o menino da escola para casa.

— Fui bem, apesar dos outros alunos serem mais velhos, eles me tratam bem. Me chamam de mascote.

— É porque você é muito inteligente.

Desde novo, Jason mostrou que tinha o raciocínio muito rápido e aprendia tudo facilmente. Quando foi para a escola, os professores notaram e fizeram um teste de QI, confirmando sua alta aptidão e o colocaram em uma turma mais adiantada. 

Ele era ótimo em matemática e computação. Nem sua mãe sabia o grau de seu conhecimento, mas muitos experts da web, conheciam o excelente hacker codinome Boomerang, que ele era.

— Que bom que chegou cedo, senhora, logo o jantar estará pronto. — comunicou a empregada, chegando na sala.

— Obrigada, Marina. Terminando o jantar, você está livre, viu?

— Obrigada, senhora.

Depois que a empregada saiu, Gina olhou para o filho e disse:

— Hoje, eu fui a casa do senhor Rodrigues e ele ameaçou tirar você de mim. 

Gina conhecia bem seu filho e sabia que ele entenderia o que estava dizendo.

— E ele pode, mãe?

— Não deveria, mas será uma batalha se ele realmente tentar, por isso estou te avisando.

— E o meu pai?

— Eu acho que ele não tem interesse. Sei que é difícil um filho ouvir isso, mas você tem a mim, não esqueça.

Jason abraçou a mãe, pois ela era mais carente do que ele, que já sabia tudo sobre seu pai e não ligava a mínima para o homem. Mas quanto ao seu avô, precisava saber mais.

— Por que o senhor Rodrigues está fazendo isso?

— Ele disse que é para consertar seu pai e deixar a herança dele para você.

— Ele escangalhou e agora quer consertar, como? Ele pensa que pode mandar as pessoas fazerem o que ele quer?

— Foi isso que eu disse a ele. Eu só quero que você fique preparado, mas saiba que é difícil a mãe perder a guarda de seu filho.

— Tá bem, mamãe, pode ficar tranquila. Vou voltar a jogar, está bem?

— Não fique muito tempo no computador, faz mal pra vista.

— Tá.

Jason saiu e foi para o seu quarto, mas não foi jogar, foi investigar a vida do seu avô.

Gina foi para seu quarto e depois de tomar um banho refrescante, colocou um vestido leve e sentou-se em sua poltrona, com o notebook no colo, fazendo quase o mesmo que seu filho. 

Ela projetou um plano a longo prazo, contra seus agressores, mas com a invasão de Nestor Rodrigues em sua vida, teria que antecipá-lo e deu o play no ponto de partida. 

Primeiro enviou várias imagens de Gerson em atitudes imorais com algumas jovens embaladas, para seus clientes. Anexo, enviou alguns comprovantes de depósitos, que sua família fez às jovens, para evitar escândalos.

— Não vou te poupar, Gerson, pois se bem me lembro, foi você quem me deu uma garrafa d'água, que devia conter a droga.

Gina achou que sem o apoio dos amigos, Carson enfraqueceria.

Em segundo, enviou para o fisco, vários documentos que mascaravam contas para evitar o pagamento de impostos e também a existência de um caixa dois, na empresa de contabilidade de Leo, que prestava serviços a empresa de Carson.

— Não foi difícil, sempre foram uns arruaceiros, era óbvio que continuariam sendo foras da lei. Acham que podem tudo, pois seus pais são ricos. — o sorrisinho de prazer foi inevitável. 

Concluiu tudo e fechou o computador, saindo para chamar o filho para jantarem.

Jason também fechou o computador, depois de descobrir tudo o que queria. Enviou um e-mail para o avô, com o desenho de uma caveira gargalhando e dizendo:

“ Seu firewall explodirá em cinco segundos. BUM! “

Nestor estava verificando seus negócios, quando viu a notificação de e-mail e abriu. Cinco minutos depois, perdeu todas as suas pastas, links e configurações. Tudo sumiu.

— Mas o que foi isso? G O M E S!!!!

O mordomo chegou correndo e perguntou:

— O que foi, senhor?

— Verifique a internet?

O mordomo foi até o aparelho e viu que estava ligado e avisou:

— Está tudo normal, senhor.

— Chame um técnico para ver o que aconteceu com meu computador.

— Sim, senhor.

Jason desativou o firewall do computador do avô e introduziu um vírus “ come come “, que iniciou seu trabalho pelo armazenamento e estava ativo, comendo tudo, enquanto Nestor esperava o técnico.

— Jason, vamos jantar! — chamou Gina.

Ele saiu do quarto e deu a mão a sua mãe, satisfeito.

— Mamãe, ganhei mais um campeonato de game. A senhora precisa receber o prêmio, já está tudo pronto, só precisa sua senha pessoal.

— Quanto foi dessa vez?

— Um milhão e meio de dólares,

mamãe.

Ela estancou, olhando para ele de boca aberta, sem acreditar naquela soma tão alta.

— É muito dinheiro, meu filho. Que jogo é esse?

— É só uma prévia pro Dota 2, mãe.

— Só uma prévia… sei.

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