Capítulo 8. Novo Plano

As duas mulheres riram, pois era óbvio o pedido dele. Gina não deixava ele comer esse tipo de comida e sempre que podia, era o que ele queria.

— Está bem, vamos ao mercado, comer no meio do povão. — concordou Gina e entraram no carro rindo.

Carson chegou no estacionamento a tempo de ver eles rindo felizes e entrando no carro. Correu e entrou no seu, também, seguindo o carro, curioso em saber para onde estavam  indo, tão felizes.

*

Nestor viu seu plano ruir ao perder a guarda do neto. Como faria para convencer Gina a casar com seu filho, agora? Teria que pressionar Carson e pensar em outro plano para Gina.

Chegou em casa cansado e Gomes o recebeu com um chá calmante. Sentou-se em sua poltrona reclinável e colocou os pés para o alto.

— Como foi, senhor?

— Perdemos.

— Sinto muito, senhor.

Gomes realmente sentia, pois imaginou que uma criança na casa, animaria o patrão. A saúde dele estava cada vez mais debilitada e se continuasse assim…

Enquanto isso, uma figura alta tentava se ocultar entre as mercadorias das barracas, para observar a alegria de Jason, com a mãe e a advogada, comendo frango frito.

— Cuidado, está quente. — preveniu Gina.

— Hum hum…

— Foi ótimo ser o juiz Morrison, eu sabia que ele ficaria ao seu lado.

— Como assim?

— Lembra que você falou da ameaça do velho sobre dinheiro?

— Sim, achei que ele subornaria o juiz para ganhar a causa.

— Mas o dinheiro não serve só para isso. O juiz Morrison não aceita corrupção e além disso é um de seus clientes mais prósperos, esqueceu?

— Mas isso não tem nada a ver, eu trato ele como trato os outros.

— E o tornou muito próspero, igual aos outros. Ele não vai contrariar a sua galinha dos ovos de ouro.

— Quem é a galinha? Minha mãe? — perguntou Jason, emburrado — Minha mãe não é galinha.

As duas riram.

— É só uma maneira de falar, tirada de um conto de fadas. — explicou Frida.

De onde estava, Carson ouviu tudo e entendeu que o juiz não foi imparcial. Passou por entre as barracas e saiu sem ser visto. Podia tentar reverter o caso de custódia, se acusasse o juiz, ou não.

Lembrou de Leo lhe perguntando sobre o que ele queria e consultou seu coração.

“ O que eu quero? “

Olhou para dentro do mercado, vendo o sorriso largo daquela que seria sua família e sentiu vontade de estar lá, desfrutando aquela alegria com eles. 

Lembrou de sua infância solitária depois que sua mãe morreu e a única que o tratava bem era a governanta. Justamente a mãe de Regina e ele retribuiu fazendo-a sofrer.

— Mas até que eles parecem bem felizes…

Finalmente resolveu ir embora e deixar do jeito que estava.

*

O almoço terminou e Frida voltou ao escritório, enquanto Gina levou Jason para casa. 

— Vou ficar com você, não é mamãe?

— Sim, querido. O juiz autorizou seu pai a visitar você,mas sempre com uma assistente social presente.

— E o meu avô?

— O que tem ele?

— Ei gostei dele, ele me olhou sorrindo e parecia tão feliz em me ver, quero conhecer ele.

Gina se surpreendeu com o desejo do filho e não tinha resposta. Conhecia muito bem o velho senhor Rodrigues e não confiava naquela raposa velha.

Parecendo adivinhar o seu dilema, o celular tocou e era ele.

— Alô, senhor Rodrigues.

— Olá, Gina, parabéns, você venceu o dinheiro. Mas tenho um problema e preciso da sua ajuda, venha até aqui, sim? Estou esperando. — não esperou resposta, desligou.

Gina olhou o celular com raiva, não do aparelho, mas do velho manipulador.

— Tem certeza que quer conhecer seu avô?

— Sim! — confirmou Jason, formando seus próprios planos.

— Então, vou lá ver o que ele quer e sondar se ele deseja o mesmo que você. Vá lá avisar a Marina que vou sair.

— Está bem, mamãe, obrigado.

— De nada — bagunçou os cabelos do filho, sorrindo, agradecida por ter um filho tão bom e educado.

Saiu e chegou na mansão vinte minutos depois, já que o bairro onde ele morava era nobre e o dela era mais popular. O mordomo a esperava na porta, como das outras vezes e a cumprimentou, mas ela não lhe deu muita atenção.

Entrou no escritório e Nestor a olhou com um sorriso. Sabia como fazer as pessoas obedecerem.

— Bem vinda, Gina. Que bom que chegou rápido.

— Qual o problema? — perguntou ela, sentando-se e cruzando as pernas.

— Invadorameu computador e colocaram um vírus que comeu todos os meus dados, preciso que você me envie os dados de nossas operações.

— Só isso? Podia ter falado pelo telefone. — cobrou ela, aborrecida pela perda de tempo.

— Não é só isso. Parabéns pela vitória, mas agora que teremos o registro, poderei fazer dele meu herdeiro. 

— E?

— Bem, apesar de poder reconhecê-la, não dá para esquecer que você é filha da governanta e mãe solteira. Isso não é aceitável, será uma mancha em nossa árvore genealógica. 

Os olhos de Gina se arregalaram com aquela agressão racista. 

— Se sou mãe solteira, é graças ao seu filho e minha mãe, era muito digna e o senhor desfrutou de sua eficiência por vários anos.

O velho não se abalou com as acusações e continuou falando:

— Sri muito bem disso e por isso quero consertar essa situação. Prometi a sua mãe que cuidaria de você e tendo um neto que une nossas famílias, a melhor solução é você e Carson se casarem.

— Ainda essa história? Não vou casar com seu filho.

Nestor puxou o ar com força e colocou a mão no coração, apertando o peito. Gina ficou preocupada, mas não se moveu, considerando que podia ser um fingimento dele para comovê-la.

Gomes, como um fantasma, chegou rapidamente, colocou um medicamento debaixo de sua língua e Nestor recostou-se no assento, com os olhos fechados, enquanto era observado pelo mordomo.

O remédio fez efeito e quando ele melhorou, abriu os olhos, voltou a sua postura e agradeceu ao seu fiel mordomo:

— Você está sempre atento, obrigado Gomes, não se arrependerá.

— Estou aqui para servir, senhor. — virou-se e disse a Gina  — Ele não  pode se aborrecer, seu coração está muito fraco.

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