Capítulo 16. Visita a Prisão

Um novo final de semana chegou, a engrenagem na fábrica de produtos automotivos estava funcionando perfeitamente e ninguém desconfiava. Carson saía de casa todos os dias, cedo e voltava à noite para o jantar.  

Pierre e Marina estavam se revezando na cozinha e todos estavam colaborando para a harmonia do jantar em família. Quem estava feliz com a paz e alegria da casa, era Nestor, que sorria o tempo todo e amava a hora que passava com o neto, quando este voltava da escola.

Nestor só não sabia que seus movimentos durante todo o tempo, eram captados pelas câmeras ocultas, transformados em etapas de um videogame, desenhados por um artista digital, que transformava as gravações conforme as instruções de seu contratante.

Gina soube que os advogados de Gerson e Leo estavam quase conseguindo uma diminuição de pena para seus clientes. Gerson confessou seus crimes e Leo pagou sua dívida, raspando seus investimentos e reservas, mas ela não deixaria por tão pouco e foi fazer uma visita.

Pediu um favor a um de seus clientes importantes e conseguiu entrar no presídio fora do horário de visita. Era um sábado e ela chegou cedo, entrando antes de todos. Gerson a esperava na sala de visita e não sabia quem o visitaria, mas estava satisfeito. Só quem o visitava desde que foi preso, era o seu advogado.

Quando viu a mulher elegante e linda, entrando, ficou surpreso. Quem era ela? 

— Olá, Gerson. Lembra de mim? Regina.

Ele arregalou os olhos, pensando:

“ Quando aquela ratinha se transformou nessa deusa? “

— Oi, o que faz aqui?

— Vim esclarecer o porquê de você estar aqui.

Ele franziu a testa, pensando no que aconteceu a alguns anos atrás e antes que ela explicasse, defendeu-se:

— Eu não fui o responsável pelo que aconteceu com você, o culpado foi Carson. Ele quis se vingar por você dedurar ele para o pai.

Gina não sabia, até então, o que motivou o ataque e o que Gerson contou, foi um choque, pois ela não tinha contato algum com Nestor e nem ligava para o que Carson fazia.

— Eu não tinha contato com o senhor Rodrigues naquela época e não ligava a mínima para Carson ou para vocês. E não adianta dizer que é inocente, pois sei que foi você quem me drogou.

— Eu só ajudei Carson, não fiz nada com você…

— Que desculpa esfarrapada…sei bem qual é a sua motivação, você gosta de assistir. Espero que goste do que verá daqui pra frente e tenha certeza, a responsável sou eu. Adeus 

Gina saiu do presídio, entrou no carro e usou seu celular para enviar um vídeo para a televisão do refeitório do presídio, que estava cheio, com os presos esperando o almoço. Gerson também viu e tentou voltar a sua cela e se trancar, mas não conseguiu e no final do dia, estava na enfermaria, sendo transferido para o hospital em estado grave.

Gina voltou para casa e foi ver o filho, que estava no sótão, com seus video games. Subiu sem avisar, já estava mais que na hora de averiguar o que ele estava fazendo. Não tinha se importado em investigar, pois Jason ainda não tinha pedido a liberação do dinheiro para pagar nada.

Estava seguindo pelo corredor, quando Carson saiu de um dos quartos e parou quando a viu.

— Oi. Não temos tido muito contato, não é? Talvez devêssemos conversar mais e tentar nos entendermos.

— Como você fez quando achou que eu cagoetava você para o seu pai?

Ela se aproximou dele, andando devagar e quando chegou bem perto, abriu os primeiros botões de sua blusa e puxou o lado esquerdo, mostrando a parte superior de seu seio, que aparecia fora do sutiã.

Carson engoliu em seco, atraído pela beleza e sensualidade da mulher.

— Você…

— Eu, marcada pelo seu machismo prepotente e covarde, que condenou sem julgamento e estragou a minha vida. Como você quer conversar sobre isso?

Ele contemplou a marca fina da cicatriz deixada por ele. Por não ver as marcas, achou que haviam curado e sumido, como a da testa. Mas vendo que não, compreendeu que ela jamais esqueceria a agressão e só podia agradecer por não ter sido denunciado. Mesmo assim, tentou:

— Posso explicar o porquê de ter feito o que fiz. Meus sentimentos por você naquela época, eram confusos. Eu me sentia profundamente atraído por você e quando achei que era você, a informante do meu pai, fiquei desnorteado.

Gina não aguentava a tentativa dele e de seus amigos, de justificarem o injustificável. Nunca assumiam seus erros, sempre se desculpavam e não queria continuar escutando suas lamúrias.

Passou por ele, continuou andando até o final do corredor, sem ligar para as reclamações dele, que não admitia que ela não lhe desse atenção. Ele ficou irritado e desceu as escadas, indo até o escritório conversar com seu pai.

Entrou sem bater, como sempre e recebeu um olhar frio do velho sentado atrás da escrivaninha.

— Não dá pra bater ao invés de me assustar?

— Desculpe, pai, não estou acostumado.

— Você nunca está acostumado com bons modos, deixei você muito livre e deu no que deu. Me culpo o tempo todo por você ser esse homem mal formado que não sabe conquistar uma mulher.

— Foi isso que vim lhe falar. Não dá para conquistar uma mulher cabeça dura como Gina. Ela não escuta e pensa sempre que todo mundo é culpado de seus problemas.

Nestor percebeu claramente que o filho não assumia seus erros e o.qie ele dizendo a de Gina, na verdade cabia nele. Não entrou no mérito, confiou que aquela mulher forte daria um jeito no seu filho distorcido.

— Não quero saber, você é adulto, resolva seus problemas, estou muito satisfeito com o que tenho vivido com meu neto e não vou mais me preocupar com você. Agora saia.

Carson ficou parado, observando o velho sem entender como uma criança podia ter virado a cabeça do homem mais manipulador que conhecia. Seu próprio filho e ele nem o conhecia. Decidiu que devia se aproximar mais do menino e tentar conhecê-lo e tentar o trazer para o seu lado, assim, se perdesse a herança, ainda possuiria o poder através do filho.

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