Capítulo 7. Audiência de Paternidade

Carson não se preocupou com as coisas de seu pai,mas não gostou da invasão, podiam tentar fazer o mesmo, na empresa e ordenou:

— Mande a equipe de TI investigar. Descubra quem está por trás desse ataque.

— Já fiz, senhor, mas eles estão com muita dificuldade. Parece que foi um hacker muito experiente e conhecido da web.

— Não me interessa, pegue ele.

Cléber olhou para o chefe, vendo a expressão fria e contrita e não disse o que pensou, que ele não fazia ideia do que era investigar um hacker poderoso.

Gerson e Leo não voltaram mais ao trabalho, esperaram suas sentenças em liberdade provisória e viram tudo que construíram, ruir, sem saber quem os tinha atacado.

Gina e Frida esperavam pela audiência de custódia. Frida solicitou ao juiz que fizesse uma só audiência, já que nunca houve interesse das partes solicitantes, em ver a criança.

O dia chegou e todos estavam no forum, esperando do lado de fora, serem chamados. Jason estava presente, trajando um terno, com o cabelo arrumado e brilhante, com um ar frio como o do pai. 

— Ele é a sua cara, Carson. — comentou Nestor, orgulhoso.

— Isso não é relevante, o DNA sim. — respondeu Caraon, irritado com a maneira do menino olhar para ele.

Gina sentou-se distante deles,mas não tinha como evitar ser vista por eles. Conversou bastante com seu filho, para saber o que ele queria de verdade, pois entendia a necessidade que um filho homem tinha da figura paterna.

A resposta que recebeu, a tranquilizou quanto a ele preferir ficar com ela, porém, notou a animosidade dele contra o pai e não sabia o motivo, já que nunca comentou nada sobre o comportamento do pai.

Foram convocados a sala de audiência e todos entraram e ocuparam seus lugares e quando o juiz entrou, Frida e Gina aliviaram seu semblante, sem sorrir, para não demonstrarem sua satisfação por ser quem era.

O juiz mandou entregarem as pastas com o resultado do exame e Gina não abriu, sabia o resultado e só queria saber a decisão do juiz e ir embora.

— Como foram dois solicitantes e são pai e filho, uni os dois processos. Pai e avó já podem registrar o menor Jason Batista. Será estipulada uma pensão para o menor e dias de visita. É um direito do menor, ter acesso ao seus parentes paternos, porem determino que serão visitas assistidas, dado a gravidade de sua concepção.

O advogado de Nestor ergueu a mão para uma pergunta e o juiz lhe concedeu.

— Isso significa que foi negada a guarda para os dois requerentes?

— Sim, de acordo com o dossiê anexado aos autos, o senhor Nestor Rodrigues já sabia da existência de seu neto há mais de dois anos e nunca se interessou em conhecê-lo, o que mostra total desinteresse pelo bem estar do neto. Quanto ao pai, não requereu a guarda, então, a guarda permanece com a mãe.

Jason suspirou e o juiz notou e perguntou:

— Você prefere ficar com sua mãe?

Jason fitou o juiz, com sua expressão seria e respondeu:

— Sim, não tenho nenhum interesse em meu pai ou avô, não os conheço.

— Está bem então, farei uma recomendação a assistente social que acompanhará o caso. Dou por encerrada a sessão.

Carson queria aproveitar a ocasião para falar com Gina e adiantou-se para esperar ela sair e cercá-la no corredor. Gina achou a atitude dele péssima, entendendo que era uma fuga e se assustou quando o viu esperando por ela.

— Oi, Regina.

— O que você quer?

— Pedir perdão pelo que fiz a você.

Ela não entendeu onde ele queria chegar com isso e ficou sem saber o que dizer.

— O que você fez com minha mãe, que precisa de perdão? — perguntou Jason, querendo ser grande e socar a cara daquele homem.

— É coisa de adulto, garoto.

O chute foi certeiro na canela de Carson, que gemeu.

— Ái! Que moleque atrevido!

— Ele não é um moleque, é meu filho. 

— Então eduque o seu filho.

Gina decidiu que já tinha dado espaço demais aquele homem. Ele acabou de receber o exame comprovando que tinha um filho e tratava a criança com ignorância. Deu um passo para o lado e desviou-se para passar,as foi segura pelo braço.

— Me perdoe, por favor, Gina.

Ela olhou para a mão dele agarrando seu braço e ordenou em tom baixo:

— Me solte.

— Me perdoe.

— Não é usando a força, que você conseguirá o meu perdão.

— Então, como é? — perguntou e soltou-a.

Ela não respondeu, encarou-o por um instante, percebendo que ele amadureceu e parecia mais velho do que seus 33 anos. Continuava bonito, mas rugas se formavam em sua testa e tinha olheiras sob os olhos.

Ela deixou-o lá, olhando para as costas dela  indo embora segurando a mão do menino. Ao olhar para o menino, recebeu o olhar de volta e um gesto de: “ estou de olho em você”.

Franziu a testa, perguntando-se por quê uma criança de cinco anos, conseguia deixá-lo tão nervoso e até amedrontado.

— O QI dele é de 200, você não leu o dossiê? — perguntou Nestor, parado atrás de Carson, tendo observado tudo.

— Tão alto assim? 

— Sim, mais que o seu e só espero que ele não o use como você, para burlar as regras e tirar vantagem para fazer burradas. 

Nestor começou a andar devagar, em direção a saída, apoiando-se em uma bengala e tendo seu advogado ao lado.

— Com o resultado do exame, posso dar entrada no novo registro de Jason, assim que estiver pronto, levo um para cada um. — disse o advogado de Carson.

Carson ouviu e queria responder com uma grosseria, quando pensou melhor e disse:

— Leve tudo para mim, eu entregarei o registro dela.

— Sim, senhor. Já estou indo, então.

— Obrigado.

Carson percebeu que continuava parado no corredor, olhando para a porta por onde Gina saiu e respirando fundo, foi em direção a saída, também.

Gina, Jason e Frida estavam satisfeitas com o resultado da audiência. Foi uma grande vitória contra o capitalismo.

— Vamos comemorar, almoçando fora. — disse Gina.

— Obááá! Posso escolher onde, mãe?

— Desde que não seja fastfood.

— Quero frango frito do batata.

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