Capítulo 19. Susto

O grito de Carson acordou a casa toda e a primeira a chegar ao quarto foi Gina, que quando viu o homem dando pulinhos e se batendo, se afastou rapidamente. Gomes chegou também e vendo o que acontecia, correu para pegar um inseticida, enquanto Carson começou a tirar a roupa.

Gina arregalou os olhos ao ver o torso bem definido e atraente, exposto. Não tinha como não admirar e sentir sua libido se alegrar com a visão. Mas Carson nem percebeu, procurando se havia mais algum filhote de aranha em seu corpo.

Jason estava se escondendo atrás da parede, olhando com um olho só, através da porta, se divertindo com o pavor daquele que ousou acabar com sua festa.

Gomes chegou com o inseticida de jardim e borrifou em todo ponto preto que viu. Quando parecia que estavam todas mortas, parou e olhou para Carson, perguntando:

— De onde veio este tanto de aranha?

— E eu vou saber? Acordei com elas andando sobre mim.

Gina percebeu seu filho escondido ao seu lado e percebeu que o menino tinha um sorriso triunfante no rosto e não gostou da peraltice. Estava na hora de colocar limites no pequeno.

Ela saiu, levando o filho pelo braço até o quarto dele e fechou a porta, após entrar.

— Ai, mãe. O quê foi?

— Precisamos conversar algo muito sério.

— Por quê, o que foi que eu fiz?

Ela colocou o sentado na cama e sentou-se de frente para ele.

— Você sabe muito bem o que fez. Não foi um comportamento adequado e você sabe muito bem disso. O fato de você ser muito inteligente e saber lidar com o computador, internet, compras, jogos e outras coisas que muitos adultos não sabem, não lhe faz um expert em comportamento e educação.

— Do que você está falando, mãe?

— Não se faça de burro, porque isso é o que você menos é. Você organizou uma festa grandiosa, passou a perna no seu avô para gastar o dinheiro dele, isso é roubo. Depois, usou a casa e o próprio avô para criar um jogo, sem que ele saiba no que está se metendo. Tornou tudo isso público, sem pensar nas consequências para você e para a nossa família.

— Puxa, mãe, foi tudo muito legal…

— Legal, esse é o termo certo, só que não foi. O fato de você saber como fazer e realizar, não lhe dá este direito. O que você fez pareceu muito bom e prazeroso, mas não foi legal, foi um roubo do patrimônio e liberdade do seu avô e nossa.

Jason abaixou a cabeça, pois a sua mente, por mais inteligentes que fosse, não alcançava a dimensão do mundo exterior. Ele não tinha noção, de que estava expondo para uma gama muito grande de pessoas, sua casa e sua família.

— O que pode acontecer de ruim, mãe?

— Milhões de pessoas estão vendo a nossa casa e a nossa vida. Elas podem querer vir até aqui e invadir para viver como a gente. Muitas pessoas, por não terem o que querem, invejam e tentam prejudicar as outras. Não podemos expor a nossa vida, para todo mundo, como você fez.

— Eu pensei que seria muito legal e todos gostariam, como eu.

— Todos podem até gostar, mas nem todos são bons e puros como você, ao ponto de só  se divertirem. Daqui para frente, teremos que ficar atentos, pois podem tentar invadir nossa casa e tentar nos roubar ou te fazer mal.

— Eu não sabia… desculpe…

— Não é para mim que você deve pedir desculpas, não é mesmo. O que você fez com seu pai, além de ruim, foi perigoso e se ele tem uma alergia?

— Mas ele acabou com a minha festa…

— E ele estava certo, eu estava quase fazendo a mesma coisa. 

— Mas a festa estava ótima.

Gina notou que o filho argumentava igual ao pai, não reconhecendo que estava errado e defendendo.sua posição sem ceder. 

Suspirou.

Sabia que não adiantava discutir muito, pois ele não assimilaria nada e resolveu parar por ali e continuar a ensiná-lo em outro momento, um pouco por vez.

— Já que você está discutindo tanto, vou lhe pôr de castigo, menos duas horas de vídeo game. Agora, vai lá pedir desculpas ao seu pai. 

O menino bufou e reclamou, mas obedeceu e os dois voltaram ao quarto de Carson.

Carson estava tomando banho, enquanto Gomes limpava o quarto. Era sábado e os funcionários estavam de folga. As equipes contratadas para a festa, já estavam arrumando tudo e Gina ajudou Gomes, colocando Jason para catar as aranhas mortas.

Quando Carson saiu do banheiro, já vestido, ficou surpreso ao vê-los no quarto.

— Oi.

Jason olhou para o pai e com vergonha, pediu:

— Me desculpe, senhor. Fui eu que coloquei as aranhas na sua cama.

Carson mirou o menino, sem saber o que dizer, até que soltou uma estridente gargalhada, que deixou o menino sem entender.

— O senhor entendeu?

Carson se ajoelhou na frente do filho, ainda sorrindo e disse:

— Me chame de pai, pois você é, definitivamente, meu filho. 

— Eu sei que sou seu filho, deu no exame.

— Você é meu filho, porque é igual a mim quando eu tinha sua idade. Já aprontei muito, igual você fez comigo.

Jason entendeu e riu.

— Você também já jogou aranha na cama de seu pai?

— Não, foram baratas. — respondeu Carson, rindo.

Os dois riram juntos e terminaram abraçados, observados por Gina e Gomes, como se fossem dois seres de outro mundo.

— Só me faltava essa, um adulto sem noção, apoiando as peraltices de uma criança. — resmungou Gina.

— Pelo menos, eles estão se entendendo, senhora.

— Não sei se esse tipo de entendimento, vale a pena.

Gina não gostou de ver os defeitos do pai no filho e resolveu correr com seus planos, para poder educar o filho a ser diferente do pai.

— Vamos descer e tomar café, Jason. Quero que você me conte como fez a festa de ontem. Aliás, parabéns pelo seu aniversário, mais tarde vamos sair e comprar tudo que você quiser de presente. Que tal?

Gina balançou a cabeça, desgostosa, mas não podia impedir o filho de gostar do pai.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***