Capítulo 18

Júlia:

Cristian parecia ser um homem de palavra. Era a esperança que eu estava me agarrando, enquanto via anoitecer e completar às vinte e quatro horas.

Eu não tinha como saber se já tinha sido pago ou não, só não pude evitar o medo do caveira entrar de novo aqui. Mandei mensagem para o Kevin, perguntando se alguém fez o pagamento, ele não respondeu ainda. Cristian não disse nada, só mandou eu ir para casa.

Falo o nome dele na mente sem formalidade que já me sinto íntima. E pensar nele, faz lembrar dele pedindo para sentar em seu colo, e passando a mão na minha coxa, esse pouco contato foi o suficiente para eu me arrepiar e ficar úmida. As mãos dele são grandes e o toque dele causa tanto efeito como quando ele me olha.

Continuei andando de um lado para o outro, esperando alguma resposta do Kevin. Eu só me sentiria aliviada depois de saber que essa maldita dívida foi paga.

"Eu não queria sentir raiva de você pai, mas só ferrou com nossa vida"

Ouço o portão sendo aberto e já fico com medo. Será o caveira de novo? Me nego a ir até a porta, apenas me sento, esperando que a pessoa entre. Para meu alívio ou não, é o Kevin.

— Onde você tá se metendo Ju?

— O caveira recebeu o dinheiro ou não?

— Quatro homens vieram em um carro e trouxeram o dinheiro pessoalmente em maletas, ainda deixou o aviso para nunca mais chegar perto de você e nem te intimidar, se quisesse continuar vivo.

Ufa! Estou mais aliviada.

— Pronto, agora espero que se meu pai fizer mais alguma besteira que não me metam nisso, estou cansada de sempre ter que tomar a frente das coisas, quero fazer as coisas por mim também.

Não tinha me levantado do sofá e Kevin me olha desconfiado.

— Espero que não se meta em encrenca.

Se ele souber o tanto de encrenca que já me meti, começando por quase morrer e depois me vender para um homem.

— Quer tomar um café? — estou até mais feliz agora.

— Já estou de saída. Fica na paz, fui.

Kevin andou até a porta e eu o acompanhei. Esperei até que ele fosse embora e fechei a porta. Suspirei com meu corpo e minha mente totalmente aliviados.

Se eu iria dormir com o Cristian por raiva de tudo, agora também ia dar por gratidão e começava a me sentir menos culpada por isso.

***

Acordei com barulho de mensagem chegando no meu celular. A claridade que iluminava o quarto indicando que já era manhã. Quando me sento e pego o celular vejo que não é um número salvo.

"Esteja aqui na empresa ás dez horas"

Não preciso de nada para saber que é Cristian, pelo menos tenho alguma forma de conversar diretamente com ele. Será que é seu número pessoal?

Me levantei da cama sem cerimônias e fui direto para a cozinha. Me deparando com a minha mãe lá. Pisquei umas duas vezes para ter certeza que era ela, ela tinha piorado muito nesses dias, praticamente estava fazendo parte do quarto.

— Fico feliz que saiu do quarto um pouco mãe, vou fazer um café.

Tomei a frente para começar a preparar tudo e ela se sentou na mesa, mas continuou calada. Preparei todo o café e ela só me olhava, eu não sabia mais como agir com minha própria mãe, ela era jovem ainda não tinha nem cinquenta anos e sempre conversei com ela sobre tudo.

— Está se sentindo melhor hoje? — falo me sentando depois de já ter colocado tudo à mesa.

— Acho que sim, as vezes não consigo me lembrar de alguns acontecimentos.

Eu fiquei pensando se minha mãe está com mais alguma coisa.

— Eu vou precisar sair daqui a pouco, mas volto logo e, mãe, também vou ficar uns dias fora, alguém cuidará de você, tudo bem?

Ela me olhou e pareceu se importar. Tem dias que ela mal interage e outros dias está quase normal igual hoje. Ela parecia querer perguntar algo, mas logo desviou seu olhar do meu. Tomamos café em silêncio e logo depois ela diz:

— Vou voltar para o quarto.

Eu apenas concordei, mais uma vez teria que sair e deixar-la.

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