Capítulo 7

Júlia:

Kevin começa a ri com aquela risada escandalosa que ele tem. Eu solto o ar pela boca, estou cansada e com fome.

— 5 mil? Onde tu vai arrumar essa grana pra mim pagar?

— Eu tô pra começar em um trabalho que paga bem, só preciso que confie que vou pagar, não tenho dinheiro para nada, meu pai pegou todo o dinheiro que tinha.

— 5 mil não é pouco não, que trabalho é esse?

— É um trabalho aí Kevin, só fala se vai me emprestar ou não, quero ir pra casa. — descruzo os braços e pego a minha bolsa colocando no ombro.

Kevin me olha estreitando o olhar, sem tirar o olho de mim ele abre uma gaveta com chaves, pega cinco monte de dinheiro juntos com elástico e chacoalha na minha direção.

— Cada bolo desse tem mil, pega aí. — ele joga na mesa a sua frente. — Olha lá, eu não vou passar a mão na tua cabeça não.

— Não me dá em espécie, meu pai pode pegar de novo. Faz uma transferência é melhor.

— Ainda quer escolher caralho. — ele passa as mãos pelos cabelos e guarda as notas. Eu sorrio pois seu tom foi em brincadeira.

— Aliás, me dá dois bolo desse e o outro manda para a minha conta.

Ele bufa e joga o dinheiro na mesinha, eu pego e guardo.

— Já perdi meu tempo demais pirralha, tenho coisas para fazer. Se cuida!

— Você também se cuida! Obrigada pelo empréstimo!

Ele abre a porta para eu passar. Me despeço dele e saio quase voando daquele lugar. O Kevin é meu amigo de infância, fomos criados praticamente como irmãos, pois a mãe dele e a minha eram melhores amigas. Mas a mãe dele foi assassinada aqui no bairro mesmo, ele era criança e não temos muitas informações sobre a morte dela, ele cresceu com o pai e a um ano atrás ele foi assassinado também, creio que tenha envolvimento com o crime, já que havia suspeitas que o pai dele mexia com essas coisas erradas. Kevin sofreu demais eu presenciei, desde esse acontecimento Kevin jurou vingança. Temos apenas meses de diferença de idade, ele já completou vinte, apesar da pouca idade está nessa vida, mas ainda sim continuo o considerando como meu irmãozinho. Mesmo ele tendo esse jeito bruto e ignorante, é uma pessoa boa e protetora. Se ele decidiu essa vida eu não tenho o que fazer.

Desci a ladeira com passos acelerados, as ruas estavam escuras e desertas agora.Tinha medo, mas sabia que apesar de ser um bairro perigoso seria bem difícil fazerem algo com a população que já mora aqui a tempos.

Cheguei em casa e minha mãe se encontrava dormindo, do mesmo jeito de quando eu sair, cobrir ela melhor e fui para meu quarto. Guardei o dinheiro em baixo do colchão, caso meu pai chegasse de madrugada vasculhando a casa atrás de dinheiro.

Minha barriga estava doendo de tanta fome, lembrei que minha mãe também não comeu, mas não queria acorda-la. Peguei um pouco de suco que tinha feito pela manhã e alguns biscoitos e comi, logo fui para meu quarto e cair na cama, apesar de quase todos os dias eu me revirar várias vezes com insônia e sem conseguir dormi. Essa noite dormi igual pedra.

Acordei, fiz minha rotinas matinais de sempre e já fui fazendo o que costumo fazer todos os dias. Minha mãe ainda dormia, então dei uma geral na casa e fiz o café da manhã.

Após tomar meu café, levei para a minha mãe que estava sentada na cama.

— Filha...

— Trouxe seu café mãe, vamos sair um pouco, ver as pessoas, andar pela praça do bairro, eu espero a senhora terminar.

— Não quero filha, prefiro ficar em casa. Vá curtir o seu dia, eu lembro de você ter dito que tinha perdido o emprego.

— Sim, mas já consegui outro. Não se preocupa com nada, tá bom?

— Eu sou um peso, um fardo para as pessoas. Quem nunca passou pelo que eu estou passando, nunca vai entender, podem dizer que é frescura, mas não é. Eu juro que tento reagir, mas não vejo nenhum sentido mais na vida.

— Não fala assim mãe, você vai conseguir sair dessa, eu vou está sempre ao seu lado. Já estou organizando tudo para pagar um psicólogo e ver se tem a necessidade de te internar.

— Não quero ser internada.

— Mãe, já tínhamos conversado sobre isso, se tiver necessidade, desculpa mas vai ser preciso. Agora toma café e vamos sair um pouco dessa cama, vou precisar sair daqui a pouco.

Minha mãe fica relutante, mas eu convenço ela a sair da cama. Após o café saímos um pouco, tinha uma praça do bairro próximo de casa. Fomos até lá, o dia estava um pouco nublado, o sol estava fraco, provavelmente iria chover.

— Tem notícias do seu pai? Ele não dorme em casa a dias. — minha mãe pergunta olhando umas crianças brincando, enquanto nos sentamos nos bancos.

— Tirando ontem que ele apareceu só para pegar meu dinheiro, não sei de nada. — soltei o ar pela boca tentando disfarçar minha irritação, embora minha voz já tivesse denunciado.

— Ele ainda continua sendo seu pai filha. — ela me olha com seu olhar abatido de sempre.

— Eu sei mãe...Depois procuro informações dele, tá bom?

Ela assente, ficamos ali alguns minutos, depois andamos um pouco pelo bairro. Eu tentava a todo o custo fazer minha mãe reagir, infelizmente eu não poderia reagir por ela. Ela tinha que ter forças para sair desse abismo que ela entrou e eu temia a sua falta de coragem para levantar.

Após algum tempo voltamos para casa. Tinha deixado o almoço adiantado logo de manhã, apenas finalizei e comemos.

Minha mãe logo foi dormi, como de costume ela passava a maior parte do tempo no quarto e na cama. Eu deixei, pois precisava sair.

José já tinha meu número, e me avisou que os exames estavam marcados para às duas da tarde e me passou o endereço.

Era dentro da área comercial do shopping, eu aproveitaria para comprar algumas roupas por lá.

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Comments

Milena

Milena

😭😭😭😭😭
Eu fiquei assim por um ano inteiro, meu filho (MEU PRÍNCIPE)chegava da escola e, fazia almoço para ele e, a irmã (MINHA PRINCESA).
Meu marido chegava a noite cansado e, ia arrumar a casa e, fazer janta para todos, me obrigava a comer e, eu comia chorando sem contar que ele me dava banho me lembrava de tomar água, misericórdia 🥺🥺🥺. De vez em quando ainda tenho recaídas mais nada grave apesar que fico prostrada. Em fim, nada é frescura, vamos nos cuidar mais e, também do próximo. Um abraço a todos!

2024-04-26

7

Kelly Sartorio

Kelly Sartorio

e um situação complicada

2024-04-12

3

Neta Souza

Neta Souza

só espero que o primeiro quinte não vai abusar dela seja um bom homem e pergunte sobre a vida dela e começa a proteger ela sendo um cliente amigo e se apaixonar por ela

2024-03-05

2

Ver todos

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