Capítulo 14

Encontrei a sala com uma mesa de café farta, não tinha ninguém, Cristian deve ter ido embora, então aproveitei para comer de tudo, não iria sair com fome de jeito nenhum.

Eu queria a todo custo esquecer o que tinha acontecido, mas ouvia o barulho do tiro toda hora, como se eu estivesse sendo transportada para aquela cena e tendo o mesmo medo que senti. Respirei fundo para acalmar a palpitação do meu coração.

— Reformulei minha proposta!

Cristian aparece do nada abotoando uma camisa, é estranho vê-lo fora do terno. Eu tomo um susto, pois achei que ele não estivesse aqui. Quase me engasguei com o pedaço de pão que tava na boca e engoli de uma vez.

Eu fiquei calada e ele continuou.

— Me acompanhe em uma viagem, 50 mil por cada dia e mais 50 mil por cada noite, suas despesas pagas e um cartão com vinte mil para comprar besteiras por lá. — ele estava investindo alto em?

— Se eu quiser só o valor do dia, sem dormimos juntos, você aceita? — Não estava entendendo porque eu queria aceitar, quase morrer já foi suficiente de aventura para mim.

— Fechado! Mas dormiremos no mesmo quarto e isso não pode ser discutido.

Ele é esperto, ficar no mesmo quarto que ele vai ser uma imensa tentação. Esse dinheiro seria a minha salvação, já que não quero pisar meus pés nunca mais na agência do José.

— Para onde é essa viagem?

— Para a Itália!

Minha mãe, eu não posso viajar e deixar ela.

— Não posso ir.

Me levantei prestes a sair, precisava ir ao hotel pegar minhas coisas. Cristian não se moveu e eu andei até a porta.

— Não posso aceitar. — toco a maçaneta.

— Eu contrato alguém para cuidar da sua mãe.

Em? Como ele sabe que minha mãe não pode ficar sozinha. Olhei para ele surpresa.

— O que você sabe sobre mim? — pergunto.

— Que seu pai tem uma dívida de 200 mil com o traficante do bairro, você pegou 5 mil emprestado com seu amigo traficante e sua mãe está com depressão, não deixaria ela sozinha.

Quem é esse cara para saber tantas coisas assim? E espera...

— Não sabia dessa dívida do meu pai. 200 mil!!!?

Cristian anda até mim parando na minha frente, seu olhar é sério.

— Quito a dívida do seu pai, pago por cada noite na minha cama e dia de viagem comigo. Ainda deixo sua mãe com os cuidados de alguém como falei.

Ele falou firme. Isso era bom demais e uma proposta tentadora, ele estava tão disposto assim a me ter em sua cama?

Eu lutei tanto dizendo que não me venderia, e cá estava eu negociando meu corpo.

— Eu aceito!

— Boa garota! A viagem será daqui a cinco dias, vá para casa, receberá todas as informações que precisa.

— Não tenho passaporte.

— Não se preocupe com nada.

Acenei com a cabeça e sai rápido. Assim que passei pela porta, o motorista veio em minha direção e perguntou para onde queria ir, falei o hotel e minhas coisas estavam guardadas, já que tinha passado do horário de entregar as chaves.

Peguei tudo, e o motorista do Cristian me levou até minha casa. Só quando me joguei na cama que consegui respirar direito.

— O que eu estou fazendo da minha vida?

Apenas eu poderia responder essa pergunta e eu ainda não estava acreditando que aceitei essa proposta. Dinheiro para usarem meu corpo.

Eu estava mesmo disposta a isso? Já tinha o pagamento que recebi por uma hora da agência de José, mas pagaria o Kevin e ficaria com pouco, que duraria no máximo um mês cobrindo todas as despesas, e o que eu faria depois se não conseguir um emprego?

Se eu não desistir da proposta do Cristian, poderia até ingressar na faculdade que tanto sonhei, me tornar uma grande arquiteta como sempre quis. Poderia reformar a casa, ou até comprar um cantinho baratinho e sumir desse bairro com minha mãe.

Se eu dormisse com ele esses dias de viagem, não seria tão ruim assim. Eu não me encontraria com ele mais e pegava o dinheiro e mudava de vida. Seria como ter ganhado um prêmio na loteria, não é?

Mas, será que eu estava disposta de verdade a me vender a ele?

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