Capítulo 6

Júlia:

— Para mim está tranquilo essa porcentagem. E em questão das roupas, acessórios, essas coisas? Eu não tenho nada chique, muito menos algo que der para ir em algum evento.

— Eu entendo, por isso não procuramos garotas ricas e sim bonitas e atraentes como você. Trabalhamos com total descrição, nenhum cliente tem permissão para saber onde você mora, seu telefone ou informações pessoais. Se quiser também pode usar um nome fictício. Em questão das roupas, temos roupas aqui, todas feitas pelo estilista da agência. Você tem direito a alugar duas roupas por semana sem custo, se quiser mais tem uma pequena porcentagem. Aos poucos você vai comprando vestidos e jóias ao seu gosto, garanto que conforme for trabalhando você vai conseguir mudar seu guarda-roupa inteiro se quiser. Sem contar que você ganha muita coisa como falei, inclusive roupas.

Tudo parece bom demais. Várias cenas já se formam em minha mente. Tudo que eu queria era ter dinheiro para comprar várias roupas do jeito que eu quero. Comer a comida que eu quiser sem me importar com o preço.

— Se aceitar, precisa fazer exames. Mesmo que não se relacione com os clientes, precisa está com os exames sobre doenças sexualmente transmissível em dia. Depois dos exames, a gente fornece um pequeno treinamento com uma das nossas modelos, somente para que saiba como se portar em lugares de alto padrão, elas ensinam a andar elegantemente de salto se não souber. O que acha?

— Acho bom demais para ser verdade.

— Realmente é querida, mas como disse, eu gosto de dá oportunidade sem me importar com as condições financeiras da pessoa, apenas pela beleza como abordei você hoje, e para ser sincero os ricos não estão nem aí para isso, só querem a beleza ao seu lado, você só precisa parecer chique e que tem etiqueta, por isso ofereço esse treinamento para não ter problemas. O resto não importa.

— Depois que tiver tudo certo, quanto tempo demora para eu ser chamada para acompanhar alguém?

Eu preciso de dinheiro urgente. Vou ter que recorrer ao Kevin, ver se ele pode me emprestar. Não queria ir lá naquele lugar que ele quase vive, mas vai ser preciso.

— A maioria das nossas garotas, já tem os homens garantidos que sempre a chamam, então como você é nova lanço você no site com um desconto, para atrair mais rápido, não demora não. Essa semana você faz os exames, assina o contrato e deixa tudo em ordem, na outra você já está com dinheiro na conta.

José dá uma piscadela quando termina de falar, eu sorrio. Ele é super carismático e faz qualquer pessoa se sentir a vontade.

— Eu aceito. Preciso de dinheiro e quanto antes eu fizer tudo, melhor.

José sorri e acena com a cabeça, os minutos seguintes foram ele me explicando tudo que teria que fazer, amanhã iria fazer os exames, em três dias ficaria pronto, seria os três dias do treinamento de etiqueta que ele falou, depois do treinamento, faria uma sessão de fotos e com os exames todos ok ele me lançaria no site.

Depois de todas as informações, sai de lá. Andei devagar pelas ruas iluminadas, o frio e o céu estrelado indicava que já era noite. Minha barriga roncava para caramba, mas eu estava apenas com o dinheiro da passagem de volta.

— Espero que minha vida mude para melhor pelo menos uma vez, cansei de ter uma vida limitada.

Depois de pegar o metrô, não demorou para chegar. Parei em frente a porta da minha casa e olhei aquela rua estreita com uma subida gigantesca, onde existia casas em uma rua mais alta.

Subi aquela ladeira ofegante, alguns vizinhos me olhavam curiosos, provavelmente se perguntando o porquê de eu está indo para a área que nem todos gostavam de ir e muitos não tinha permissão de está lá.

Ao me aproximar de uma rua deserta, vou chegando a uma casa que parecia abandonada. Dois homens vem em minha direção armados, mas ao perceber que sou eu eles abaixam as armas.

— Qual foi? O que tu quer aqui? — um deles pergunta.

— Preciso falar com o Kevin.

— Tá sabendo que ele virou braço direito do chefe, não dá para ficar de papinho não.

— É importante e rápido, fala que sou eu.

Eles se entre olham, esse lugar deserto e sombrio me deixam tensa.

— Vai lá.

Um vai, e o que falou fica com sua arma em punho perto do peito me encarando.

— Você e o Kevin nunca se pegaram? — ele pergunta me analisando por inteiro.

— Somos amigos.

— Hum...sei.

— Crescemos juntos, ele é como um irmão para mim. Só se meteu nessa vida, mesmo assim minha consideração continua.

Kevin aparece na porta da casa velha e eu vou até ele ignorando o outro cara.

— Entre aí Ju. — fico receosa e olho para dentro da casa antes de dá algum passo.

— Entra logo, tu acha que vou deixar alguém mexer na minha irmãzinha.

Ele fala entrando e eu o sigo, passo por uns caras sentados em uma mesa, mexendo e embalando o pó sobre ela. Desvio meu olhar e entro na salinha que o Kevin entrou.

— O que tu quer? Aconteceu alguma coisa com a tia? — ele acende um cigarro e eu coloco minha bolsa em um canto e cruzo os braços.

— Ela está do mesmo jeito, mas bem na medida do possível. Eu vim aqui porque preciso de um empréstimo.

— Esqueceu que já tá me devendo?

— Eu sei, sabe que foi urgente e você disse que não precisava se preocupar.

— Eu já tinha deixado passar. Agora tu quer quanto, pra ver se posso te ajudar?

— 5 mil!!

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