Capítulo 10

Júlia:

Quando cheguei em casa, já era quase noite. Não tinha saído da minha mente o olhar daquele cara, cujo nome eu sabia: Cristian Miller. Ele realmente parecia ter algum interesse em mim, mas por que eu? Quanto mais distante eu ficar dele melhor.

Assim que cheguei fui direto para o quarto, guardei as coisas que comprei e fui ver como minha mãe estava, levando umas roupas que comprei para ela. Como sempre ela estava deitada na pouca luz que iluminava o quarto, as vezes ela parecia fazer parte dos móveis do ambiente. Eu podia sentir a tristeza da minha mãe como se fosse minha também.

— Mãe, trouxe um presente. Vamos sair um pouco do quarto, vou fazer algo para jantarmos. — falei ligando a luz, ela espremeu um pouco os olhos devido a claridade antes de abri-los. Me sentei tirando as roupas da sacola na tentativa de anima-la.

— Olha só essas roupas, dois vestidos lindos.

— Eu não saio de casa não precisava disso.

— Ah mãe, eu sei que é difícil tudo que a senhora passou e vem enfrentando, mas tenta reagir, por favor! Eu faço de tudo para que melhore nem que seja 1% , mas é difícil para mim também. — tentei ser forte, no entanto mais uma vez as lágrimas estavam descendo sem minha permissão.

Enxuguei rapidamente, não queria deixar ela pior, só queria desabafar um pouco. Eu venho sendo forte por mim e pelo outros, sinto como se eu fosse explodir a qualquer momento.

— Eu vou fazer o jantar, desculpa. Nada disso é culpa sua. Olha as roupas para ver se gostou.

Minha mãe havia se tornado uma mulher fechada e de poucas palavras. Sai do quarto, mas pude observar que ela estava pegando as peças de roupas. Fui para a cozinha fazer o jantar, quando ouvi um falatório na frente de casa, era a voz do Kevin, sai quando ouvi ele me chamar. Ao chegar no portão me deparo com meu pai com um dos braços apoiado ao de Kevin, ele obviamente estava bêbado, mas também percebi machucados em seu rosto.

Antes de perguntar qualquer coisa, abri o portão rapidamente e ajudei o Kevin a colocar meu pai no sofá. Já tinha pessoas na porta olhando, não queria dá assunto para falatórios. Esse povo é tudo fofoqueiro.

— Já é a terceira vez que salvo seu pai da bala, da próxima não vou conseguir não Ju.

— Alguém que ele deve?

— Também. Você sabia que seu pai tá usando drogas?

— Drogas? — meu susto foi tão grande que senti minhas pernas tremerem.

— Apesar de eu tá na vida do crime, não apoio isso não, mesmo sabendo que todos tem seu livre arbítrio. Ele pegou umas drogas aí pra vender pro chefe, dizendo que precisava de dinheiro. Mas usou quase tudo e não vendeu nada. O chefe ficou puto, mas consegui esfriar a cabeça dele.

Me sentei, eu não conseguia falar nada. Olho para meu pai apagado e com machucados no rosto, querendo não me preocupar, sendo que no fundo eu me preocupava e temia pela nossa segurança.

— Não queria te preocupar, mas conversa com teu pai. Se ele ficar vacilando vai dá ruim, se o chefe quiser matar ele de novo, eu não vou ter mais argumentos para impedir.

Sinto um nó se formando na garganta e seguro o choro.

— Obrigada Kevin, de verdade. Eu sei como é essas coisas e sei que o caveira não tem piedade de ninguém.

— Fica na paz aí.

Me levanto e abro a porta para Kevin sair. Volto para dentro me sentindo perdida. Como se estivesse afundando em um buraco, sem ver saída ou solução.

— A vida deveria ser mais fácil, né?

Ajeito meu pai no sofá e o deixo lá. Minha cabeça estava borbulhando de pensamentos, desisti de fazer algum jantar. Fiz apenas sanduíches e suco.

Minha mãe comeu e eu também. Fiquei sentada em uma poltrona na sala, observei meu pai que não tinha se movido do lugar.

Depois fui para o quarto, mas tinha medo dele acordar e fazer algum mal a minha mãe. Fiquei alerta, mal consegui dormir. Com o dia ainda amanhecendo ouvi a porta sendo aberta, com certeza era meu pai saindo sem se importar que tem família como sempre. Um nó se forma na minha garganta e a vontade de chorar vem novamente, mas hoje não, hoje não vou chorar.

Respirei fundo e me levantei da cama. Segurar o choro e seguir como sempre.

Na sala o cheiro de bebida era quase insuportável e como esperado meu pai não estava, ignorei e fui repetir tudo que faço sempre que acordo, inclusive deixar a casa limpa e cheirosa de novo.

Hoje já iria seguir com os treinamentos de etiqueta que o José falou, precisava aguentar firme e fazer dá tudo certo, eu precisava desse dinheiro mais do que tudo.

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Comments

Kelly Sartorio

Kelly Sartorio

nossa quanto sofrimento dessa menina

2024-04-12

9

Neta Souza

Neta Souza

que vida atribulada misericórdia como essa moça sofre e ela e muito forte para suporta tudo isso

2024-04-11

3

Vera Lúcia

Vera Lúcia

que situação

2024-03-03

1

Ver todos

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