Capítulo 8

Júlia:

Pontualmente eu estava na clínica indicada por José. Era necessário eu dá meu nome e meus documentos apenas, tinha deixado uma cópia com José e ele já tinha adiantado quase tudo, não precisaria pagar custo algum.

As vezes meu consciente tentava me alertar que isso tudo é bom demais para ser verdade, mas eu já estou nessa. E apesar de não querer que a ambição tome conta de mim, minha mente me sabota o tempo todo, colocando pensamentos intrusos de tudo o que o dinheiro irá me proporcionar.

Após sair da clínica, andei devagar pelo chão sofisticado do shopping, olhando algumas lojas que eram caras demais para se quer eu cogitar entrar. Vestidos luxuosos e glamourosos no manequim, eu não pude deixar de pensar e imaginar meu corpo em um deles, apenas olhei de longe não entrei, quem sabe um dia.

Andei mais um pouco, procurando uma loja mais barata. Apesar de ter pedido um empréstimo exagerado para o Kevin, eu não poderia sair luxando. Esse dinheiro seria apenas para algumas roupas e as despesas de comida de casa, que inclusive iria fazer compras e deixar a dispensa cheia.

Entrei em algumas lojas e escolhi tudo que queria: Alguns vestidinhos, shortinhos e conjuntos mais arrumados e acessórios, nada tão caro demais, mas apenas isso foi o suficiente para ir embora quase o dinheiro todo que tinha em espécie. O dinheiro que o Kevin enviou para a minha conta seria para as compras de comida e o que sobrasse, iria guardar para segurar as pontas caso precisasse.

Sair do shopping com as sacolas penduradas em meus braços. Andando pela rua do centro da cidade, resolvi comer alguma coisa antes de ir para casa. Mas antes meu olhos se fixaram em uma loja de vestidos de luxo, de tanto imaginar eu usando esses vestidos chiques, não consigo mais parar de pensar quando vejo um em como ficaria usando essas preciosidades.

Como se um ímã me puxasse, ou eu estivesse hipnotizada caminhei até parar em frente a loja. O vestido se destacava no manequim, um vestido que emanava brilho e sofisticação só de olhar, não era comparado aos que vi no shopping. Esse realmente era perfeito e eu adoraria apenas a hipótese de está dentro dele.

— É uma linha exclusiva, só existe esse.

Tomo um susto quando uma moça para do meu lado, olho para a sua farda e vejo que é o mesmo da loja. Isso que é vontade de vender, sair do interior da loja para abordar o cliente na rua.

— Ele é perfeito, mas não vou comprar, estou apenas admirando.

— Se caso mude de ideia e queira conhecer nossas roupas fique a vontade.

— Muito obrigada.

A moça sai acenando com a cabeça, pelo menos não me julgou pela aparência, mas eu saí de casa até que bem vestida e ainda coloquei uns óculos escuros que agora estão pendurados na roupa. Por algum motivo ela pensou que eu poderia pagar essa roupa que deve custar uma fortuna. Sorri em imaginar que quem sabe um dia.

Me virei para andar, no mesmo instante meu corpo se choca com alguém, talvez por descuido meu, já que ainda estava hipnotizada e não virei meu rosto antes de dá um passo.

Quase me esborrachei no chão, meu corpo se inclinou para cair, mas antes sentir mãos fortes e firmes envolver minha cintura e me colocar de pé como se eu tivesse o peso de um grão.

— Tenha cuidado da próxima vez. — a voz grave ecoou aos meus ouvidos, respirei fundo me recuperando do susto e levantei o rosto para olhar o cara que me segurou. Nossos olhos se encontraram e ficamos nos olhando, ele me olhava tão intenso que parecia perfurar a minha carne. Era o mesmo cara que tinha visitado a cafeteria.

— Desculpe senhor. — desviei o olhar minha pele parecia está queimando.

— Eu pareço velho para você por acaso?

A voz dele era capaz de fazer minha pele estremecer e eu não entendia porque. Olhei novamente para ele que estava com uma sombrancelha arqueada e um certo sorriso disfarçado.

— Aprendi a tratar as pessoas mais velhas ou superiores desse jeito.

— Eu não sou tão velho que você. Então! A garota do peixinho, não deveria está no trabalho a essa hora?

Pelo visto seria falha qualquer tentativa dele não lembrar que eu o atendi aquele dia, mas porque ele estava estendendo o assunto? E parece tão sociável? ainda por cima lembra do peixinho que eu desenhei.

— Preciso ir senhor Miller. — pigarreei e dei um certo ênfase em seu sobrenome para ele saber que também lembrava dele. Tentei passar mas ele segurou meu braço.

— Espere peixinho, deixe- me levar você até a sua casa.

Seu toque fez meu corpo queimar ainda mais, que droga! Era como se eu não tivesse controle sobre minhas emoções, puxei meu braço de uma forma que não parecesse bruta.

— Dá para parar de me chamar de peixinho, por favor? — falei um pouco irritada.

— Isso te irrita?

— Muito!

— Então não, até porquê não sei seu nome. — ele estava tão sociável.

Suspiro irritada, tento passar por ele novamente e mais uma vez ele me segura e agora um sorriso provocador se formou em seus lábios. O que esse cara quer comigo?

— Para quem falou umas três ou quatro palavras na cafeteria, o senhor é bem falante e sorridente. — falei ainda irritada para ver se ele me deixava.

— E para quem estava tão sorridente no dia do atendimento, você está muito mau humorada.

Respiro fundo e ele me solta de imediato. Busco meu auto controle e o olho.

— Desculpe, mas eu realmente preciso ir e não! A resposta é não para a sua carona. E meu nome é Júlia, não peixinho.

Ele sorri e eu passo pelo pouco espaço que ele liberou.

— Eu ainda vou te pescar peixinho.

Eu já tinha dado vários passos, mas não iria voltar para questionar o que isso significava e nem sua provocação, apenas olhei para trás me deparando com o olhar penetrante dele.

Olhei para frente rapidamente, passando as mãos pelos braços tentando amenizar o arrepio por todo meu corpo que o olhar dele causou.

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