Capítulo 14. Piorou

Ronald passou a mão nos cabelos, bufando. Não esperava por tudo aquilo, já que estava fora das mídias há algum tempo. Olhou para Núbia, que se levantou e capengou até o sofá, se jogando nele, gemendo.

— Foi você Núbia, que promoveu todo esse carnaval. Posso descobrir, você sabe.

Ela fez um movimento com os ombros, como se não tivesse importância.

— Fizemos uma aposta…

— Eu não fiz nada, você que quer se intrometer na minha vida. Por quê, Núbia?

— Eu… eu… 

— Trate de desfazer o que fez, estou falando sério. Se eu descobrir que você armou tudo isso, vou processá-la por invasão de privacidade.

— Você não faria isso, sou sua prima!

— Não, você não é, fomos criados assim, mas você não é nada minha, principalmente depois de tudo que tem armado contra mim.

Douglas chamou Ronald, nervosamente:

— Senhor, senhor, eles estão aí!

— Eles quem, Douglas? — perguntou Ronald, vendo Núbia se encolher no sofá — o que você fez, Núbia?

— Nada…

— É a família… — disse Douglas, mas não deu tempo de continuar.

A porta se abriu e uma senhora elegante, com cabelos cinzas, acompanhada de outra senhora elegante, com cabelos tingidos de loiro, acompanhadas de três homens elegantes.

— Por quê será que veio toda a comitiva, até você mamãe?

— Ora, por quê? Fiquei sabendo pela mídia, que meu filho está namorando uma pé rapada. — respondeu a mãe de Ronald, Bárbara Sinclair.

— Exatamente, nossas famílias não podem ser envergonhadas por uma desclassificada. — concordou a tia, que não era a tia, era a mãe de Núbia.

Ronald foi para trás de sua mesa e sentou-se em sua poltrona confortável. Assumiu sua postura fria de CEO e deixou que falassem. Sua mãe despejou sobre ele a mesma ladainha de sempre:

— Por quê você é assim? Está sempre me dando desgosto. Na sua idade já era para estar casado e com filhos, mas agora, está saindo com uma qualquer. O que você tem na cabeça?

— A senhora é um crustáceo?

A mulher arregalou os olhos, bocas e até sua pele se esticou, entendendo perfeitamente a sugestão dele.

— Me respeite, menino, eu ainda sou a sua mãe.

— Respeito se conquista. Desde que a senhora entrou, não me deu uma saudação e nem perguntou se estou bem, só me acusou sem sequer perguntar a verdade das coisas. E os três aí, vieram fazer o quê, aqui?

— Nosso assunto é outro, viemos por causa da herdeira. — disse o mais velho dos três, Carlos, com 28 anos.

— Sim e o que vocês querem saber? — perguntou Ronald, sem paciência.

— Tudo: quem é, onde está, é mesmo a filha sumida do tio Dumont…?

— Não sei dela, nem quis conhecer, entrei com um processo contra ela.

— Por quê não nos contou? — perguntou a tia Mariza.

— Não havia necessidade. Caso eu ganhe, ela é carta fora do baralho e vocês não precisam se preocupar. — respondeu Ronald, mantendo sua postura fria.

Núbia observava tudo, encolhida no sofá e ninguém a notou, até que sua mãe resolveu sentar.

— Núbia! Você está aqui? Oi filha, o que aconteceu pra você estar encolhida aí?

— Vocês chegaram falando, não deu nem espaço para eu me pronunciar.

— Então, me diz, filha, quem é essa talzinha que está namorando com Ronald?

Núbia olhou para Ronald e viu sua expressão gelada, sabia que ele estava se controlando e a qualquer momento explodiria. Resolveu não dar mais munição para as duas mulheres que a cercaram.

— Mãe, ela é só uma namoradinha, vocês estão fazendo um tumulto por nada.

— Então, você a conhece? — perguntou Bárbara.

— Sim, mas só de vista. Ela é bonitinha.

As duas mulheres iam começar a falar, mas Ronald as interrompeu.

— Aqui não é mercado de carne, saiam imediatamente, preciso trabalhar. Fora, todos vocês!

— Você não pode nos expulsar assim, essa empresa também é nossa! — reclamou um dos primos.

— SEGURANÇAS!

Todos se indignaram, mas viram os seguranças entrarem e se exaltaram, sem querer sair.

— Acompanhem todos para fora.

— Meu filho, o que está fazendo conosco?

— O que vocês estão fazendo comigo, no horário do meu trabalho?

— Tudo bem então, esperaremos você em casa.

Todos saíram e foram para a casa dele e lá estava Corina, um prato cheio de más informações. Núbia foi a única que não foi, ficou na empresa, pois queria ver o que aconteceria com Marluce.

*

Sem saber da confusão na sala do CEO, Marluce iniciou seu trabalho com a empresa de salgadinhos. Michele não fez nenhum comentário sobre as notícias, fingiu que nem sabia. Mindy tentou, mas não conseguiu dizer nada, pois a chefe não deu abertura.

Trabalharam bem o dia todo e quando se arrumavam para sair, o diretor chegou.

— Meninas, o homem desistiu do negócio por causa das notícias na mídia.

— O que tem uma coisa a ver com a outra? — perguntou Marluce.

— Acho que ele não gostou de saber que você já tem namorado, isso mostra que ele não tinha boas intenções. Deixei na mão do CEO, tratar do caso.

— Tudo bem, mas é uma pena, o trabalho já está bem adiantado. — comentou Michele.

— Desculpe, meninas, ele só avisou agora.

— Deixa pra lá, vamos embora, estou cansada, foi um dia cheio.

Quando Marluce pegou o elevador, recebeu uma mensagem para ir direto para a garagem, mas ela não conseguiu e desceu no térreo, empurrada pelos outros funcionários que estavam no elevador e lá estava o primo mais velho esperando por ela.

— Olá, meu nome é Carlos Diniz, sou um dos associados dessa empresa e graças a você, nossas ações caíram e perdemos dividendos. Como pretende nos reembolsar essa perda.

— Olá, meu nome é Marluce Aguiar e não  tenho nada a ver com suas perdas. Mas posso lhe dar um pouco de óleo de peroba, para lustrar sua cara de pau.

— Sua…

— O quê? Vai baixar mais o nível?

— Como ousa falar comigo desse jeito, não tem medo de ser demitida?

— Não, não dá para ter medo de um imbecil como você. A Núbia eu conheço, está todo dia aqui, mas você, um filhinho de mamãe que só faz gastar o que não trabalha pra ganhar, é nada para mim.

Ele levantou a mão para bater nela, mas foi seguro por uma mão maior que a dele.

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